2004/03/31
Parece que andam por aí uns alemães com uns sintetizadores...
Ora o concerto dos Kraftwerk tornou-se razão mais do que suficiente para uma viagem ao passado/presente, tendo me dado ao trabalho de ouvir com alguma atenção os seguintes álbuns dos kraftwerk: Autobahn (1974); Trans-Europe Express (1977); The Man-Machine (1978) e também, já que deve ser a base sobre a qual assentará o concerto, o recente Tour de France Soundtracks (2003).
clique para ler a crítica no All Music Guide
Ao ouvir hoje a obra dos Kraftwerk é espantoso o quanto a mesma se mantém actual, apesar do som algo anacrónico dos sintetizadores da época. Tendo em mente o que se fazia na altura é possível perceber o quão revolucionário terá soado Autobahn em 1974.
No fundo, e correndo o risco de estar a dizer uma grande calinada, parece-me que o que os Kraftwerk conseguiram fazer, nesse primeiros tempos, foi trazer o som dos sintetizadores de compositores new-age como Jean Michel Jarre ou Vangelis para a esfera da pop-rock, para um formato de canção mais facilmente assimilável, dançável e até às vezes cantável...
No entanto há outros elementos do som e da estética dos Kraftwerk que foram depois usados como ponto de partida por muitos outros artistas, como por exemplo a ideia da simbiose homem-máquina, a noção mecánica de ritmo em movimento (os carros em Autobahn, o comboio em Trans-Europe Express... noção essa que continua presente em Aerodynamic, de Tour de France...), ou as letras minimalistas, reptidas ad-eternum com as vozes muito processadas por forma a criar um efeito mais ou menos hipnótico (exemplo “we are the robots”). Todas estas características abriram as portas a muitos artistas que exploraram mais tarde as fronteiras entre a pop e a electrónica, incorporando ainda mais uma na outra, (Pet Shop Boys, Depeche Mode, por exemplo...), ou explorando a fronteira da abstração electrónica (Orbital, Future Sound of London).
Deve também notar-se que os Kraftwerk puxaram sempre pelos limites da tecnologia que dispunham na época. Durante o seu longo interegno ficou sempre no ar a questão “o que é que fariam com a tecnologia que existe hoje”. A resposta está no recente Tour de France Soundtracks. Quando saiu este disco mereceu uma reação morna da crítica, no entanto é um bom disco, que incorpora todos os elementos do som tradicional dos Kraftwerk e os actualiza resultando num disco dinámico, variado, dançável e agradável de ouvir. Penso que a reação morna se fica sobretudo a dever ao facto do tempo ter acabado por apanhar os Kraftwerk e estes já não soarem agora tão revolucionários e inovadores como antes...
A música dos Kraftwerk, para além do significado histórico que possa ter, é ainda actual e interessante de ouvir hoje em dia. Não é no entanto algo de que se consiga gostar imediatamente, nem é uma música que se oiça em qualquer altura ou em qualquer lugar. Esperemos agora que o concerto esteja à altura do legado...
2004/03/30
Block Rockin'Breaks
A capa prometia as versões originais das músicas que vieram a ser "sampladas" por Madlib, Beastie Boys, Run- D.M.C.,De la Soul ...
O alinhamento é o seguinte:
1. Big Beat, The - Billy Squier
2. Rock, The - Atomic Rooster
3. Stop - Al Kooper/Michael Bloomfield
4. She's About A Mover - Roy Head
5. I'm Chief Kamanawanalea (We're The Royal Macadamia Nuts) - Turtles
6. Life Could - Rotary Connection
7. Get Thy Bearings - Donovan
8. Mr. Big - Free
9. Nothing Is The Same - Grand Funk
10. Come Dancing - Jeff Beck
11. Something On My Mind - Titanic
12. Today - Jefferson Airplane
13. I Can Hear You Calling - Three Dog Night
14. Ice - Spirit
A chatice é que não diz quem usou o quê, para que temas, o que acaba por ser muito frustrante (embora como no Omo haja a garantia que tudo foi bem samplado). Eu não consegui identificar nenhuma (não é daquelas óbvias como quando ouvimos uma sample dos "Rapper's Delight" dos SuggerHill Gang).Neste CD nem tudo é bom, mas há lugar para secções rítmicas fortes e um groove constante. Há uma que gosto particularmente (mais um daqueles fenómenos de "aquela música persegue-me!"), um tema algo entre o blues e o jazz de Donovan, um cantoautor escocês anos 60/70, que dizem que serviu de inspiração a grupos como os Belle & Sebastian. Fica aqui um pouquinho para ouvir: Get Thy Bearings .
Por acaso, no outro dia o Tiago pôs-me a ouvir o "The Look of the Slim" de Gene Harris que veio a ser reinterpretada por Madlib em "Slim's Return" para o excelente Shades of Blue Embora goste da segunda, não há dúvida que a original é melhor.
Isto de voltar ao baú de breaks memoráveis faz-me lembrar o nome de um CD dos Toc Rococo Rot - Music is a Hungry Ghost.
2004/03/29
O livro - Nick Hornby 31 songs
31 Songs são pequenos ensaios sobre canções. Para além da carga afectiva, de situar num tempo/contexto, o que determinou a escolha dos temas foi a audicão repetida, e suponho o contínuo gozo e admiração pelos músicos. Sendo assim, "Volare" dos Gipsy Kings que lhe lembra cenas de cervejas e amigos num jogo de futebol em Lisboa (?!?) ficou de fora e o "Heartbreaker" dos Led Zepellin entra.
Nick Hornby é de uma geração diferente da minha (da nossa, como se farta de repetir, está agora com 45 anos) e o que acabei por achar mais interessante foi o delinear de um percurso musical. Passa por crescer a ouvir muita música e o que esta significou em diferentes fases da vida. O que foi ouvir "Thunder Road" a namorar, o que foi ouvir punk quando punk surgiu (por muito que goste de Sex Pistols eu nasci em 77 e não vivi aquilo...embora não concorde que não faça sentido hoje em dia ) , a passagem tranquila (como da idade ) do hard-rock para a pop (aliás fala-se muito sobre música pop, um apologista da "perfeição em 3 minutos" - claramente um amigo ali para o Sr. Vareta). As referências são por isso diversas: Rod Stewart , Bruce Springsteen, Bob Dylan e Van Morrison (outra geração), aos Suicide (esta é para o Tiago que tem estado entusiasmado a descobrir este grupo), a Rufus Wainwright, Badly Drawn Boy, Aimee Mann, há variedade suficiente para ser bastante generalista ainda que Moby Free. Faltou um pouco de jazz, mas não se pode ser perfeito.
Gostei daquele humor autodepreciativo tipicamente inglês e da capacidade de captar banalidades com uma certa doçura. Por vezes o tom confessional torna-se demasiado forte, como os trechos em que fala do seu filho, Dylan, um rapaz com autismo profundo que lhe traz tantas inseguranças e medo quanto ao futuro. E mesmo assim há lugar para a música nesta história.
Não gostei da referência página sim página não de "neste tempo estava eu a escrever/ lançar o filme/ ganhar prémios " sobre qualquer outra das suas obras. Pareceu-me um pouco de product placement, mas trata-se do contexto, está certo…. Mas não se julgue que há falta de sentido comercial aqui, o livro deu origem a um CD de compilação dos 31 temas retratados.
A melhor parte do livro acaba por ser, na minha opinião, a parte final em que se fala de álbuns (14 diz, mas em verdade apenas 4 em profundidade), em que o talento de crítico musical do escritor se revela. Não é à toa, já tinha sido um para a New Yorker durante os anos 90.
Já agora, também não concordo com a tese exposta aí abaixo mas parti-me a rir com a parte dos Eskimos e do mandolim que só por isso já justificava.
2004/03/25
Olha que boa ideia...
2004/03/24
Já que se fala do concerto dos Kraftwerk...
Ora isto das expectativas elevadas costuma produzir maus resultados. Espero que desta vez os elogios que já ouvi a concertos do grupo e a bagagem de tradição electrónica que trazem consigo estejam à altura do Hype.
Kraftwerk (again)
(na verdade precisava era de mais uma desculpa para deixar outra fotografia gira dos kraftwerk com ar de autómatos!!!)
2004/03/23
Ursula Rucker vem a Lisboa novamente...
Kraftwerk
Tendo em conta que boa parte do público de um dos concertos é também o público potencial do outro, custa me a compreender esta coincidencia de datas. E torna-se ainda mais incompreensivel quando os outros concertos em Portugal são a 31 de Março no Rivoli (Porto) e a 3 de Abril na Figueira da Foz, originando assim uma espécie de mini-digressão yoyo sobe e desce pelo litoral de Portugal... Não faria mais sentido em termos de negócio e de público trocar a data de Lisboa por uma das outras e assim evitar a coincidência com o concerto dos Kraftwerk?
Ursula Rucker
Para mim pessoalmente é uma frustração não puder assistir ao concerto de Ursula Rucker, mas quando este foi anunciado era já o feliz (espera-se) possuidor de bilhete para os Kraftwerk. Imitando o irritante anuncio pessimista / optimista que passa na TSF, por um lado é bom, porque assim não tenho que escolher entre os dois, mas por outro lado é mau, porque é o terceiro concerto de Ursula Rucker em Portugal que perco. Não a vi no Lux em Novembro, porque a ia ver ao Porto (festival Blue Spot) em Dezembro. Não a vi no Blues Spot porque amigos incautos me raptaram para uma jantarada de polvo que durou até horas impróprias... e agora não a vou ver por causa dos Kraftwerk (a menos que estes cancelem o concerto, o que manifestamente também não se deseja...). Serve portanto para provar que não há 2 sem 3. Espera-se é que à 3.ª seja de vez...
* Como muito bem fui corrigido nos comentários, não é na Aula Magna mas sim no São Luiz. As minhas desculpas...
2004/03/22
Blues de Segunda à noite...
Sabe bem ouvi-lo novamente. Canções magnifícas em arranjos cheios. E a intensidade que se respira ao longo de todo o disco... Reencontrar um disco de que já se gostou muito mas não ouvimos há muito tempo será como reencontrar um velho amigo dos tempos de escola de que a vida nos separou?
2004/03/20
Whatever Happened to Ricardo Saló
Este programa tinha começado com um nome mais apropriado (A Linha do Horizonte) nas madrugadas da TSF e mudou-se depois para a Voxx, onde esteve durante 2 anos (ou mais), se não me engano.
Ricardo Saló é um dos nomes grandes da rádio em Portugal, pelo que penso que não vai ficar muito tempo fora do ar. No entanto não faço a mínima ideia se ele já terá outro programa noutra rádio ou qualquer novo projecto em curso. Espero que não lhe aconteça como à intíma fracção... Se algúem souber mais sobre este assunto, por favor deixe um comentário...
2004/03/18
A tese
...
Songs that are about complicated things - Canadian court orders, say, or the homosexual age of consent - draw attention to the inherent artificiality of the medium: Why is that guy singing? Why doesn't he write a newspaper article, or talk to a phone-in show? And how does a mandolin solo ilustrate or clarify the plight of Eskimos anyway?"
Nick Hornby - 31 songs
Adeus a Thilo Krassman
Reconhecendo a falta, devemos admitir que a nossa ignorância e desatenção em relação à obra do mesmo, em parte devido ao facto de não partilharmos do amor do amigo Vareta pelo festival da canção, nos impede de escrever um elogio póstumo ao Maesto que seja digno do mesmo.
Assim, era minha intenção deixar aqui ligações a outros blogs onde se encontrasse um elogio em condições.
Com surpresa constato que a notícia passou mais ou menos desapercebida na blogoesfera musical, sendo que apenas poucos, como a Ampola ou o Pautas Desafinadas, a mencionam.
E quanto a elogios? Nada... mas segundo o Homem a Dias, talvez seja melhor assim, pois parece que nem mesmo a RTP 1 se portou bem no momento da homenagem devida...
2004/03/17
Em audição (e a importância de se começar bem).
- The Ramones - Hey Ho let's Go Anthology . O Disco 1 está fenomenal, grande compilação de singles. Esteve muito baratinho há umas semanas na www.amazon.co.uk, acho que o comprei por 5 libras (para CD Duplo não está mal). Para conhecer Ramones é a melhor compra que se pode fazer. Eu comecei muito mal, o meu primeiro disco foi o Mondo Bizarro. Já me redimi e comprei os verdadeiros clássicos (sim, o Rocket to Russia).
- Gang of Four - Entertainment - para quem não sabia nada deste grupo (eu), reforço mais uma vez, que há que começar as coisas bem. Informei-me. Parece que este é o melhor. Embora o Blitz desta semana descreva a compilação A Brief History of the 20 Th Century em termos altamente elogiosos.
- O single - Clash "Rock the Cabash".
2004/03/16
As rádios e as playlists
Para as editoras independentes este é um problema, uma vez que as ditas playlists excluem os artistas nacionais menos conhecidos, que tendem a ser os editados pelas editoras independentes. Isto é evidentemente um óbice a que estes artistas, muitas vezes criando música com qualidade e merecedora de destaque, tenham exposição e consigam vender discos em números significativos.
Gradualmente, este modelo de rádio por playlist assente em grandes êxitos tem vindo a impor-se e agora vigora um pouco por todo o lado. Na discussão no seminário reconheceu-se que é um problema de difícil solução, pois as rádios são na sua maioria privadas, e são por isso negócios que precisam de audiências, ora só as conseguem dando às pessoas aquilo que elas querem ouvir (os tais temas que já são conhecidos, devido à enorme exposição que conseguem desde o início).
Pessoalmente o tema parece-me ser uma pescadinha de rabo na boca: as rádios só passam o que o público quer ouvir, mas o público só fica a conhecer aquilo que a rádio passa, num ciclo vicioso contínuo...
Não sei qual é a solução para este problema, que em parte remete para a famigerada questão e interminável discussão das quotas de música nacional nas rádios. No seminário fiquei com a impressão que pelo menos parte das editoras independentes quereria que essas quotas fossem impostas... certamente que isso as faria vender mais discos...
Não sei qual será a solução para acabar com a ditadura da “má” música nas rádios, mas certamente que é possível melhorar o estado das coisas. Talvez encontrar formas de levar as rádios a apostar com mais força em programas de autor com qualidade e em que não imperassem as playlists, ou abrir o espectro radiofónico a mais projectos, mesmo que fossem do tipo “rádios universitárias”...
O que é certo é que com o a mudança da orientação da TSF e o desaparecimento da Voxx, o problema tornou-se ainda mais notório...
2004/03/15
Give aí !
Quem são os Bad Plus? Um trio formado por Ethan Iverson (piano), Reid Anderson (contrabaixo) e David King (bateria), originário do Midwest norte- americano, que começou a dar que falar o ano passado com a saída de These are the Vistas (e sejamos francos principalmente devido às covers “ajazzadas” dos Nirvana, Blondie ou Aphex Twin). Estiveram em Portugal em Fevereiro, concerto com pouca assistência, mas que deu para comprovar a energia pura do trio ao vivo, principalmente devido ao animal (sim, tipo Marretas) em palco que é David King. Foi dos melhores concertos de jazz que assisti este ano.
Agora temos aí o Give, novo álbum da banda, que continua a fórmula do anterior, ou seja, de novo os covers inesperados - Pixies !("Velouria"), Ornette Coleman ("Street Woman") e Black Sabbath ("Iron Man") - mais oito composições originais de cada um dos membros da banda. Entre estas destaco "Neptune (The Planet)" (de Reid Anderson) e "Cheney Piñata" (de Ethan Iverson), que já tinham sido aprensentadas no concerto deste ano. Do primeiro para o segundo álbum o que mudou? Talvez um estilo mais definido, um tratamento sempre original para os covers e ainda mais energia criativa nas novas composições (power jazz assim lhe chamam). A grande dúvida como diz o AMG é se é suficiente para agradar aos ouvintes de jazz e se já que é demasiado jazz para ouvintes de rock.
Epá eu gostei…
Entretanto para quem queira ouvir - Iron Man
2004/03/11
Joder, joder ....
vítimas dos atentados de hoje em Madrid. A concentração far-se-á às 13
horas, na residência oficial do embaixador espanhol em Lisboa (Palácio de
Palhavã, na Praça de Espanha). A comunidade espanhola convida os protugueses
a juntar-se a esta iniciativa e pede que a mesma seja divulgada.
Não gosto de falar aqui noutras coisas que não estejam relacionadas com música. Mas não há música de fundo para corpos ensanguentados, não há sons, não há palavras que expliquem a carnificina. A morte é aqui ao lado e não se pode ser indiferente. Já vivi lá , de certa forma, é o meu país também (de certa forma, é o país de todos).
Como se escreveu no Dicionário do Diabo uma vez : «Tudo nos outros nos pode ser alheio. Menos a morte. Porque a morte dos outros é a nossa morte. Só existe uma. Que reina sobre tudo.»
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A Restart organiza nos próximos dias 15 e 16 de Março, das 19h30 às 23h, dois seminários em torno dos novos desafios da indústria discográfica em Portugal. São abertos ao público em geral e a participação é gratuita.
Seminário “Edição independente” 15/03 (segunda-feira). 19.30.
Painel de convidados: Nuno Galopim (Diário de Notícias), Paulo Ventura (Metrodiscos), Gonçalo Riscado (Transformadores), Zé Maria (Sabotage), Luís freixo (Audeo), Rui Miguel Abreu (Loop Records), Pedro Passos (Nylon), Paulo Somsen (Ananana), Rodrigo Amado (Clean Feed) e Miguel Carvalhais (Crónica). Temas: edição de autor e o seu funcionamento, a produção independente, o papel do produtor, conceitos editoriais, estéticos e gráficos, a promoção dos novos criadores, o desenho de projectos com baixo orçamento, os circuitos de espectáculos, ...
Moderador do debate é António Pires, jornalista do jornal Blitz e formador na Restart.
Seminário “O Disco do Futuro” 16/03 (terça-feira). 19.30.
Convidados: Tó Zé Brito (Universal), David Ferreira (EMI), Tiago Faden (Sony Music), António Cunha (Uguru), Pedro Gonçalves (Blitz) e Victor Belanciano (Público).Temas: os resultados na última década, transformações nas estruturas empresariais, as editoras e os media, o papel das majors na evolução da indústria, o papel das novas tecnologias e da Internet, a criação de novos públicos e o futuro, ...
Moderador do debate é Alex Cortez Pinto, músico, responsável e programador dos cursos de Produção e Profissional de Espectáculo e de Produção Musical da Restart.
Informação adicional : www.restart.pt.
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O Clinic, em Alcobaça, vai ser o palco da "The Club Party", a festa the lançamento do álbum de estreia dos Loto. A festa começa à 00.30 horas de Sexta 12, com um concerto, seguido dos DJ's convidados Armando Teixeira (Balla, Bulllet, Bizarra Locomotiva), Pedro Gonçalves (Blitz), Nuno Gonçalves (The Gift) e os Loto.
O bilhete custa 7.5 euros e dá direito a uma bebida. As primeiras 150 pessoas que chegarem ao Clinic, tanto na sexta como sábado, receberão um single promocional dos Loto, que contém o "Back to Discos" e o "The Boy" (ena!).
www.loto.cc.
Arte e Carlos Paredes na Cordoaria Nacional
À excepção de um trabalho de Pedro Cabrita Reis, todas as obras estarão à venda, com as receitas a reverterem para um fundo para a digitalização completa da obra de Carlos Paredes.
(via www.cotonete.iol.pt)
Tenho pena de estar mesmo mal de dinheiro para não levar umas quantas para casa. Mecenas, padrinhos milionários, especuladores com gosto, mobilizai-vos. Bem vêem, Paredes é nome de guitarra.
2004/03/10
Pixies, Pixies, Pixies, Pixies!
Um conselho para quem estiver interessado: despachem-se!!!
(note-se que isto é puro serviço público, não recebemos qualquer comissão pelos bilhetes vendidos)
Mas quem é que precisa de Rock in Rio?
Overdose é o que vai acontecer em Abril onde imensos grupos vão bisar a vinda a Portugal ( Tindersticks, Nitin Sawhney, Ursula Rucker),para além de agradáveis surpresas como os Múm ou os Micatone. Ou os discos não estão a vender bem este ano ou somos adorados como público. Já nem falo dos mais imediatos Krafwerk, Lambchop, Zero 7 e David Byrne todos ensandwichados no início de Abril (por acaso Lambchop é dia 8 de Maio).
Ora sistematizemos:
16 de Abril – Tindersticks Coliseu de Lisboa – Galp Lounge Tour
17 de Abril – Nitin Sawhney Coliseu de Lisboa – Galp Lounge Tour
18 de Abril – Micatone + Spaceboys Aula Magna – Galp Lounge Tour
29 de Abril – Rodrigo Leão + Loopless Aula Magna– Galp Lounge Tour
5 de Maio – Múm Aula Magna
(todos estes passam pelo Porto um dia antes ou no dia a seguir)
8 de Maio - Lambchop Aula Magna
16 de Julho – Iggy Pop and The Stooges
17 de Julho – David Bowie
18 de Julho – Deep Purple (informações recolhidas no A Ampola faz "pop")
Fora aquele 11 fatídico em que se juntam Massive Attack e Pixies.
Se é assim agora o que sobra para tocar nos Festivais de Verão? Não me queixo (bem a carteira sim).
Ken Vandermark ao vivo no Maria Matos
Ainda que entusiasmado, não deixei de fazer as minhas pesquisas, através das quais fiquei a saber que Ken Vandermark é um saxofonista prolífico, que lidera vários projectos na área do Free Jazz, e que tem merecido bastante reconhecimento pelo seu trabalho. Saber que se tratava de um concerto de Free Jazz deixou-me algo apreensivo, pois embora tais concertos resultem muitas vezes em coisas bastante interessantes, não são raras as vezes em que o espectador se depara com autênticos ovnis sonoros, dissonantes e distorcidos, impenetráveis para ouvidos menos “Frees”, como o meu....
Neste caso não houve lugar a qualquer arrependimento. Ken Vandermark e o seu trio Tripleplay (Nate McBride, baixista e Curt Newton, baterista) presentearam-nos com um concerto magnífico. Já antes tinha reparado que no Free Jazz se dá uma maior importância ao conjunto sonoro que aos solos individuais dos diferentes músicos quando comparado com concertos de Jazz mais ao estilo do Bop... neste caso o ênfase no todo e no som do conjunto foi notório. Gostei particularmente da forma como o Saxofone alternava entre o espaço e a sobreposição aos outros instrumentos, e como era por vezes empunhado e tratado com ferocidade, como se de uma arma se tratasse.
Embora a casa estivesse apenas meia cheia, o público rendeu-se à banda e a banda ao público, o que é sempre bom quando acontece, e acabou por dar lugar a um encore com uma composição de Don Cherry que resultou apaziguadora depois do tormento sonoro que a tinha precedido...
O meio cultural lisboeta acaba por ser relativamente pequeno e outros blogs amigos, como a forma do jazz ou a ampola marcaram presença no concerto. Um dia temos que aproveitar estas ocasiões para nos conhecermos em pessoa.
Ao estilo do Prof. Marcelo, como nota final deixo uma chamada de atenção para a entrevista do Público a Ken Vandermark, no passado sábado.
2004/03/09
Ever Get the Feeling You’ve Been Cheated?
Hoje em muitos blogs (por exemplo, neste nosso amigo) fala-se do fim da Voxx e da Luna. Já é madrugada, e eu devia escrever sobre o concerto de Ken Vandermark na passada Quinta-Feira, até porque é uma posta merecida e que já está mais que atrasada. Vai ter que ficar para a próxima...
Como em incontáveis madrugadas antes desta estou a ouvir a TSF. Mas há uma diferença para essas incontáveis madrugadas: se antes a TSF era a rádio em que se podia ouvir a melhor música pela madrugada fora (cortada, é certo, pelos blocos noticiosos e pela publicidade para mentecaptos, mas ainda assim a melhor música), hoje terá provavelmente a pior... (neste preciso momento estou a ouvir a Shakira e a perguntar a mim próprio porque raio não me levanto da cadeira e não ponho um disco decente a tocar... suponho que há que manter um nível de agressividade adequado para conseguir chegar ao fim deste texto...).
Não me espanta que a Voxx ou a Luna fechem as portas. Não estranho mas entristece-me. Em ambos os casos o problema parece-me ter sido uma estratégia mal direcionada. A Voxx (e antes dela a Xfm) nunca soube encontrar um equilibrio saudável entre novidade, alternatividade, inovação e apelo a um público um pouco mais vasto. Sempre me pareceu que a ideia era dobrar o público à rádio e não a rádio ao público. No mesmo nicho de mercado, a Oxigénio, que surgiu bem mais tarde, não parece ter problemas em afirmar-se. No caso da Luna, porqué ter uma rádio tão colada à Antena 2, que já estava estabelecida no seu nicho e conta com o inesgotável bolso público para se financiar? Uma aposta clara no Jazz, que é (já o disse aqui) o grande nicho por explorar no actual panorama radiofónico, talvez tivesse sido a solução...
O amigo CC tem razão quando afirma “O curioso é que, sob a capa da maior oferta de bens, se assiste cada vez com maior frequência ao fim de projectos que estão nas margens da unificação cultural.” Ever get the feeling you’ve been cheated?
Todos os que gostam de boa música em Lisboa ficaram mais pobres. Corta-se o acesso gratuito a boa música e impõe-se a ditadura das playlist patetas às massas. Não se admirem portanto que quem gosta de música a sério recorra cada vez mais ao MP3 e ao file sharing. Esse ao menos é de borla, por enquanto (embora também ele seja cada vez mais ilegal).
2004/03/03
Pequenas Subversões III
"Kids this is a message from your Uncle Billy. Don't buy drugs. Wait until you're a rock star and people will give them to you for free!"
Pequenas Subversões II
Pequenas subversões I
I got these looks
That just won't quit
I got at least
A half of some kind of wit
I got a guitar
Check it out I'm a star
Hey kids, how would I look on
The cover of Spin?
Well, well
We're all gone
Well, well
Right on, right on, right on
Listen to my songs
I guarantee you'll relate
Look at me
Recognize your face
My daddy's rich
And my mama's good lookin', yeah!
Hush little baby
So am I
I'm the spokesmodel of your generation, baby
I'll lose my shirt for ventilation
Thanks to the kids
For making me who I am
Twenty percent of the gross
Goes straight to the man
2004/03/02
Há vida em Corneta II
Há vida em Corneta I
Claro que depois deixei passar muitos momentos para escrever posts pertinentes, como quando queria falar dos Franz Ferdinand e do hype que se está a gerar à volta do novo álbum homónimo (Superfantastiche dizem!). O quarteto de Glasgow já tinha editado o EP Darts of Pleasure o ano passado com boa recepção por parte da crítica e que veio a constituir um prelúdio para este trabalho. Com início tão auspicioso parte da impressa britânica empolou a saída do novo álbum, talvez tentado reproduzir um fenómeno a la White / Strokes, elegendo o grupo como a nova face do rock das ilhas (ver
NME 1, NME 2 , o entusiamo assistido em Londres pela Via Rápida, ...) .
O que é certo é que o grupo foi completamente esfrangalhado na Y esta sexta feira. São uma fraude dizem, mais que fraude, músicos travestidos. Se as suas performances tentam cruzar arte, rock e punk (a influência de Glasgow College of Art não é alheia), parece-me positivo, é saber comunicar para além da música utilizando o espectáculo. Mas pior que só trabalhar na imagem é ter música sem conteúdo diz o Público. Não é o caso aqui acho, nem sequer se pode falar numa cópia de Strokes. A começar logo na voz de Alex Kapranos muito mais límpida e grave que a de Casablancas. Os temas são curtos e explosivos (catchy), convidam a dançar ( "Take me out" , " Darts of Pleasure"), letras que brincam com alguma ambiguidade (" Michael" ), mas que apresentam aquela qualidade muito Strokiana - o prazer aumenta com audições repetidas - é viciante.
Se se fala assim deste o que irão dizer de Scissor Sisters, outro grupo ancorado numa imagem forte (suponho que agora o termo técnico é metrosexual) e no hype das apresentações ao vivo, muito falsetto à mistura (aliás o "Comfortably Numb" aproxima-se perigosamente de um tema dos irmãos Gibb) e que tenta explorar um novo rock já a tocar os terrenos do electroclash. E mesmo assim, imagem aparte, produzem algo de qualidade.
Como bem diz o NME Franz Ferdinand são smart enough to play a little dumb ...
(Ainda) Não morremos...
Nestas últimas semanas, só duas canções me têm entretido e motivado a ouvir com (ainda assim pouca) atenção. Curiosamente, pertencem ao mesmo disco, Talkie Walkie, dos Air, que já merecia que eu me deixasse de perguiça e escrevesse algo construtivo sobre ele... não deve ser díficil de adivinhar quais são: Venus, e Alone in Tokyo... belíssimas canções...
Por outro lado há duas coisas que já não consigo (mesmo) ouvir: a canção dos EZ Special do spot TMN, e a insuportável “Star” dos igualmente infames Reamonn... Será que a saturação não tem limites?
Uma vez que não tenho vontade de ouvir nada de novo, deixo aqui um desafio àqueles (cada vez menos) que nos visitam: que canção ou disco recomendam para curar uma “depressão musical” e dar vontade ouvir vezes sem conta e ir descobrir coisas novas outra vez? Agradece-se o uso da caixa de comentários... (infelizmente isto não é um daqueles passatempos da rádio em que se oferecem discos, t-shirts e bilhetes, mas quem responder conta desde já com os nossos agradecimentos...).