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2004/03/29

O livro - Nick Hornby 31 songs 

O que é certo é que é feio citar descaradamente um livro sem dispensar umas linhas sobre ele. Já para não falar de direitos de autor (mas Nick parece-me ser o que, coloquialmente, se designa por "gajo porreiro").


31 songs




31 Songs são pequenos ensaios sobre canções. Para além da carga afectiva, de situar num tempo/contexto, o que determinou a escolha dos temas foi a audicão repetida, e suponho o contínuo gozo e admiração pelos músicos. Sendo assim, "Volare" dos Gipsy Kings que lhe lembra cenas de cervejas e amigos num jogo de futebol em Lisboa (?!?) ficou de fora e o "Heartbreaker" dos Led Zepellin entra.

Nick Hornby é de uma geração diferente da minha (da nossa, como se farta de repetir, está agora com 45 anos) e o que acabei por achar mais interessante foi o delinear de um percurso musical. Passa por crescer a ouvir muita música e o que esta significou em diferentes fases da vida. O que foi ouvir "Thunder Road" a namorar, o que foi ouvir punk quando punk surgiu (por muito que goste de Sex Pistols eu nasci em 77 e não vivi aquilo...embora não concorde que não faça sentido hoje em dia ) , a passagem tranquila (como da idade ) do hard-rock para a pop (aliás fala-se muito sobre música pop, um apologista da "perfeição em 3 minutos" - claramente um amigo ali para o Sr. Vareta). As referências são por isso diversas: Rod Stewart , Bruce Springsteen, Bob Dylan e Van Morrison (outra geração), aos Suicide (esta é para o Tiago que tem estado entusiasmado a descobrir este grupo), a Rufus Wainwright, Badly Drawn Boy, Aimee Mann, há variedade suficiente para ser bastante generalista ainda que Moby Free. Faltou um pouco de jazz, mas não se pode ser perfeito.

Gostei daquele humor autodepreciativo tipicamente inglês e da capacidade de captar banalidades com uma certa doçura. Por vezes o tom confessional torna-se demasiado forte, como os trechos em que fala do seu filho, Dylan, um rapaz com autismo profundo que lhe traz tantas inseguranças e medo quanto ao futuro. E mesmo assim há lugar para a música nesta história.
Não gostei da referência página sim página não de "neste tempo estava eu a escrever/ lançar o filme/ ganhar prémios " sobre qualquer outra das suas obras. Pareceu-me um pouco de product placement, mas trata-se do contexto, está certo…. Mas não se julgue que há falta de sentido comercial aqui, o livro deu origem a um CD de compilação dos 31 temas retratados.

A melhor parte do livro acaba por ser, na minha opinião, a parte final em que se fala de álbuns (14 diz, mas em verdade apenas 4 em profundidade), em que o talento de crítico musical do escritor se revela. Não é à toa, já tinha sido um para a New Yorker durante os anos 90.

Já agora, também não concordo com a tese exposta aí abaixo mas parti-me a rir com a parte dos Eskimos e do mandolim que só por isso já justificava.



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