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2004/03/02

Há vida em Corneta I 

Pois é, o blog foi um pouco negligenciado e nem sequer posso dar como desculpa falta de música. Foi - como dizer? - pura preguiça. De vez em quando produz maravilhas.

Claro que depois deixei passar muitos momentos para escrever posts pertinentes, como quando queria falar dos Franz Ferdinand e do hype que se está a gerar à volta do novo álbum homónimo (Superfantastiche dizem!). O quarteto de Glasgow já tinha editado o EP Darts of Pleasure o ano passado com boa recepção por parte da crítica e que veio a constituir um prelúdio para este trabalho. Com início tão auspicioso parte da impressa britânica empolou a saída do novo álbum, talvez tentado reproduzir um fenómeno a la White / Strokes, elegendo o grupo como a nova face do rock das ilhas (ver
NME 1, NME 2 , o entusiamo assistido em Londres pela Via Rápida, ...) .


FF




O que é certo é que o grupo foi completamente esfrangalhado na Y esta sexta feira. São uma fraude dizem, mais que fraude, músicos travestidos. Se as suas performances tentam cruzar arte, rock e punk (a influência de Glasgow College of Art não é alheia), parece-me positivo, é saber comunicar para além da música utilizando o espectáculo. Mas pior que só trabalhar na imagem é ter música sem conteúdo diz o Público. Não é o caso aqui acho, nem sequer se pode falar numa cópia de Strokes. A começar logo na voz de Alex Kapranos muito mais límpida e grave que a de Casablancas. Os temas são curtos e explosivos (catchy), convidam a dançar ( "Take me out" , " Darts of Pleasure"), letras que brincam com alguma ambiguidade (" Michael" ), mas que apresentam aquela qualidade muito Strokiana - o prazer aumenta com audições repetidas - é viciante.

Se se fala assim deste o que irão dizer de Scissor Sisters, outro grupo ancorado numa imagem forte (suponho que agora o termo técnico é metrosexual) e no hype das apresentações ao vivo, muito falsetto à mistura (aliás o "Comfortably Numb" aproxima-se perigosamente de um tema dos irmãos Gibb) e que tenta explorar um novo rock já a tocar os terrenos do electroclash. E mesmo assim, imagem aparte, produzem algo de qualidade.

Como bem diz o NME Franz Ferdinand são smart enough to play a little dumb ...



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