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2003/11/28

Peste & Sida - Concerto 

Os Peste&Sida voltaram - mentira. "Era inevitável", de facto, como disse o sempre bem disposto João San Payo (baixo/voz), certamente a alma dos Peste, lado a lado com Orlando Cohen (guitarra) - também ele da formação original - , acompanhados por um guitarrista e baterista sem os quais o momento "não teria sido possível", um trompetista e ainda o pessoal do som, deram um concerto que, a meu ver, só pecou por não er sido mais longo, isto é, poderíamos estar uma noite inteira a ouvir clássicos da carreira da banda mas, mesmo assim, já foi fantástico desbundar, contagiados pela desbunda acompanhada da expectativa à volta da ocasião, temas com refrões brutais - "Está na tua mão", "A verdadeira história de Alcides Pinto", "Furo na cabeça" - entre outros clássicos como "Família em stress"e "Carraspana"...já nem me lembro bem se tocaram o "Pátria Sagrada", mas algures eu andava a cantar isso...; entretanto tocaram alguns temas novos, mais groovy....bolas?!Como me estou a esquecer? A formação ficou completa com Almendra, primeiro vocalista dos Peste, e que simplesmente partiu a loiça toda com uma grande atitude, a cantar, mas a cantar com o público, a puxar por nós...; ele funde-se plenamente com a banda que, dessa forma, sai reforçada...
Os Peste editaram os albúms "Veneno", "Portem-se bem", "Peste&Sida é que é", "Eles andem aí" e, posteriormente, uma colectânea, sendo que, juntamente com os Censurados e os Xutos&Pontapés, formam a linha da frente de uma certa onda rock/punk-rock que bateu em Portugal há uns anos - os Xutos são hoje uma instituição, os Censurados degeneraram nos Tara Perdida, Porta-Voz e nas n participações de Samuel em projectos vários (actualmente com os Rádio Macau)....pá, é uma história comprida e não vou continuara contá-la, porque só vim aqui dizer que o concerto foi muito bom, venham mais, e que espero que gravem um disquinho para a malta ouvir. Pronto. Ah...foi no Santiago Alquimista, sinónimo de espaço muito fixe com cerveja - quero mais - cara, na noite de quarta-feira dia 26.


2003/11/27

Kings Of Convenience – Quiet is the New Loud 

A primeira vez que ouvi com atenção este disco foi um daqueles momentos mágicos em que o acaso determinou que a banda sonora assentasse que nem uma luva ao momento e à acção.

Há alguns fins de semana atrás, tinha ido ao autódromo do Estoril ver as corridas de formúla 1 históricos dos anos 60. O tempo estava incerto, e apesar de não estar a chover, durante a última corrida da tarde o céu foi ficando cada vez mais escuro e carregado. De vez em quando o ocasional relâmpago ameaçava com a enorme chuvada que estava para vir. Mal a corrida acabou, e já a prever uma grande molha, caminhei a passo acelerado para o carro. Entrei, liguei o radio, e mal se começaram a ouvir os primeiros acordes e a letra de Winning a Battle, Losing the War, cairam no para-brisas os primeiros pingos grossos de chuva. Não podia ter sido um mais adequado, o calor da canção contra o frio daquela chuva.

Quiet is the New Loud não é um disco novo, saiu em 2001, altura em que se falava muito de bandas norueguesas. No entanto este disco não tem nada a ver com o som dos Royksopp ou outros projectos de influencias electrónicas. É um disco totalmente orgânico, onde não se notam elementos elecrónicos, que vive muito de sons simples tirados de uma guitarra acustica e de belas harmonias vocais. Todas as canções têm um tom muito intimista, em que a simplicidade e contenção sonora são a chave. As letras são em geral muito bonitas mas também elas bastante simples, sempre em torno do amor e dos desamores (tema inesgotável). Kings Of Convenience – Quiet is the New Loud

O problema do disco é que ao fim de algumas canções começa a soar todo igual. Todas as canções são muito bonitas, mas sempre no mesmo registo, o que pode acabar por fartar. Mas isso depende talvez do ambiente em que estivejam a ser ouvidas. É que este é um disco que parece ser feito para esta época do ano, em que chove e está frio, e apetece ficar em casa, de preferência à lareira e bem acompanhado, e neste contexto duvido que haja quem o considere enfadonho e repetitivo.

Já me disseram que os Kings of convenience soam aqui muito aos Belle & Sebastian, mas não posso confirmar porque a estes não os conheço. Quiet is the new Loud de certa forma faz também um pouco lembrar o disco de Carla Bruni , embora aqui as vozes sejam masculinas e cantem em inglês (curiosamente o problema do disco de Carla Bruni era também o de as faixas se tornarem repetitivas ao longo o disco).

Li algures que este não é o melhor disco dos Kings of Convenience, que existe um disco de remisturas e colaborações, intitulado Versus, que seria melhor. Mas esse ainda tenho que descobrir.


Sintonia 

Sintonia é estar encerrada dentro de um carro, parada no trânsito enquanto chove copiosamente e ouvir:

All the leaves are brown
and the sky is grey
I've been for a walk
on a winter's day

I'd be be safe and warm
if I was in L.A.
California dreaming
on such a winter's day


E não é preciso conhecer L.A. para sonhar com cenários mais quentes (no entanto, pode-se sempre dar uma volta pelaVia Rápida para ter uma ideia mais exacta).



2003/11/26

I Believe in a Thing Called Love 

Já tinha ouvido falar dos The Darkness algumas vezes,mas não sabia ao certo o que eram até ter visto, por acaso, o video de I Believe in a Thing Called Love. É demais!

Não sei se a música deles é uma parodia (tipo Ena Pá 2000), se é mais um revivalismo bacoco e passageiro (aquele que faltava, o das bandas de guitarrista de longa cabeleira aos caracois loiros), se é um "reinventar das matrizes estéticas dos anos 80" com alguma validade. Nem sequer sei se é boa música (e afinal de contas lá em cima está escrito que A Corneta é um blog sobre (boa) música...).

Agora o video está sensacional, cola mesmo bem ao som. Tem tudo o que pertence aos videos clássicos dos anos 80 metido num só, a saber:

- Naves espaciais à la ZZ Top
- Monstros mutantes vindos do espaço (a banda salva o mundo)
- Paredes e mais paredes de amplificadores Marshall até ao tecto
- Fato coleante com peito à mostra do vocalista
- Mulher com body painting demoníaco
- Guitarras que deitam raios de energia
- Pose de mau da banda frente a chamas do inferno obviamente falsas e acrescentadas na montagem
- etc, etc, etc...

Conseguem por isto tudo num só video e ainda estar com ar sério durante toda a canção. Mas o exagero é tanto que é impossível quem o vê não cair para o lado a rir com os clichés. É lindo, vejam-no pelo menos uma vez...

(acho que se pode ver o video no site deles, mas quando eu tentei o meu computador crashou, por isso não deixo aqui o link para não prejudicar ninguém...)


2003/11/24

Volto para o armário  

Sempre que falamos de Cure um dos Corneteiros diz-me que "Close to me" é a sua música favorita. Está no álbum The head on the door, dos melhores que o grupo fez e que serviu de banda sonora para muitas festinhas dos meus tempos de adolescente. Daquelas festas que começavam às quatro da tarde em garagens ou numa sala maior... As mesas e cadeiras eram encostadas à parede, havia uma pista de dança improvisada, as luzes apagadas ou diminutas. Servia-se muito Tang, sandwiches cortadas aos triângulos e dançavam-se slows (e isto de dançar um slow às 6 da tarde ... era preciso ter espírito romântico). Slows aquela coisa em que a menina tinha de esperar para ser convidada num dos cantos da sala. O assunto ficava resolvido em poucos passos: pedia-se, aceitava-se, pousavam-se as mãos no ombro (não me lembro de dar mãos...hm...) e tentava-se acertar o passo. Em momentos de maior descontracção e intimidade chegava-se encostar a cabeça ao ombro, sentindo os cabelos na nuca e a respiração. Nessa altura não tinha consciência que não voltaria a slow dance ao som de Scorpions e de Dire Straits, esse ritual de deixar o tempo desacelerar.


cure




È irónico constatar quando as coisas eram simples a banda sonora era torturada e esquizofrénica (I've waited hours for this/I've made myself so sick/I wish I'd stayed asleep today/I never thought this day would end/I never thought tonight could ever be/This close to me) e agora em que tudo é por demais evidente (I don't want to move too fast, but/Can't resist your sexy ass/Just spread, spread for me/I can't, I can't wait to get you home) parece complicadíssimo....







2003/11/23

Quarteto de Chick Corea 

Concerto no Grande Auditório do CCB - 19 de Novembro de 2003

Chick Corea é um dos grandes pianista da geração que liderou o Jazz em direcção a novos rumos "fusionistas" nas décadas de 70 e 80, a par de Herbie Hancock ou Keith Jarret. É curioso notar que desta geração de músicos, 3 dos nomes grandes que passaram pelos palcos Portugueses nos últimos tempos foram músicos que integravam o grupo eléctrico de Miles Davis de 1969/70 e partciparam na gravação do mítico e por aqui já muito mencionado "Bitches Brew" (ao qual um dia teremos que dedicar um post de corpo inteiro). Refiro-me a Dave Holland, Wayne Shorther (cujos concertos foram também documentados n' A Corneta) e agora a Chick Corea. Que estes nomes (e outros) tenham vindo a ser mais tarde reconhecidos como pesos pesados do género atesta bem da capacidade de Miles não só em inovar musicalmente, mas também em reconhecer e incentivar jovens talentos.

De Chick Corea já sabia que era um virtuoso do Jazz, capaz do muito bom, mas também que de vez em quando se deixava cair em experimentações New Age (ver também o tópico da Sofia em relação ao livro "O Caminho para a Felicidade" que nos foi oferecido à entrada do concerto) que o tornavam também capaz do muito mau, pelo que fui para o concerto sem saber muito bem o que esperar. Ainda assim, sendo um "nome grande" Chick Corea atraiu muito público, pois apesar do preço dos bilhetes ser no mínimo exagerado, a sala estava cheia, sendo o público maioritariamente de meia-idade (seria porque só essas pessoas é que podiam comportar o preço dos bilhetes?).

Ainda que inicialmente não estivesse muito entusiasmado, devo reconhecer que o concerto foi muito bom. Chick Corea estava rodeado de muito bons músicos, sobretudo a secção rítmica constituida por baixo, bateria e percurssões (na qual o baixista Avishai Cohen brilhou), e mostrou uma grande generosidade ao deixar amplo espaço aos outros músicos para brilharem com os seus solos, nunca tentando ser a vedeta que domina completamente o espectáculo.

O concerto dividiu-se em dois sets, que se completaram muito bem. O primeiro abarcava uma espécie de "restrospectiva histórica" da carreira, com temas mais antigos, onde em alguns se notava a tal fusão "New Age", sobretudo naqueles (muito mal) cantados pela esposa do pianista, que foram o ponto fraco do concerto. O segundo set centrou-se em música de influência latina, com homenagens aos pais de Chick Corea, e com um momento fantástico de despique entre o percursionista e o baterista que acabou com todos os músicos a "batucar" em diferentes percursões!

Um concerto que acabou por ser memorável, também pela simpatia de Chick Corea, que comunicou muito com o público, tendo este acabado todo a cantar em coro, coisa rara num concerto de Jazz...


2003/11/21

Músico ensina 

Como já sabem fui ao concerto do Chick Corea (com o Tiago que depois fará uma crítica à séria ...eu trato das banalidades e ele das partes técnicas). Quem quiser saber mais há algumas impressões no blog clube de fans do jose cid.

Ao pé da venda dos CDs e material de promoção estavam a dar uns livretes que enunciavam "O caminho para a felicidade" por Chick Corea. Basicamente o músico não dá só música quer também partilhar com os fans os seu cha'acter and sensa values (é mesmo assim! é a fala de uma personagem de um livro que gosto...). A minha desilusão é foi ver que aquilo era uma cópia ranhosa dos Dez Mandamentos. Comparemos:


Logh



Mandamentos segundo Chick/ segundo Deus:
3 - Não seja sejas promíscuo ( = 7 - Não cometerás adultério);
5 - Honra e ajuda os teus pais (=5 - Honrarás pais e mãe);
13 - Não roubes (=8 - Não roubarás);
....

Upgrade de Mandamentos segundo Chick:
. são 21 em vez de 10 (se 10 já davam pouco trabalho);
. esta informalidade no trato (9 - Não faças nada de ilegal);
. contemporaneidade ( 10 - Apóia (sic) um governo planejado e gerido para todo o povo , o que Chick apelida de um governo benigno; 12 - Salvaguarda e melhora o teu ambiente)....

Toda a gente tem direito às suas crenças e mas eu não as quero saber num concerto!




2003/11/20

Terapia de Rock 

Por falar em doses medicinais de bom rock há um filme, não sei quando é que vai estrear em Portugal, que trata mesmo deste tema. É o http://www.schoolofrockmovie.com/. A história conta-se em poucas palavras: o Jack Black é despedido da banda em que toca e, à falta de alternativa melhor, vai dar aulas a miúdos da 4ªclasse de uma preppy school, como quem diz, uma escola de betinhos. Ainda no reino das improbabilidades, em vez das tradicionais matemática ou gramática acha melhor ensiná-los a sentir a força redentora do rock.

Apesar da 1/2 criativa dos Tenacious D já ter proporcionado bons momentos de humor (Alta Fidelidade) não ponho as minhas mãos no fogo. Pode-se cair na mesma xaropada americana de sempre. De qualquer forma vão ver o site. Eu pelo menos soltei algumas gargalhadas (há um clip fenomenal em que Jack Black e Joan Cussack estão a falar da Stevie Nicks ). E aquele quadro da evolução da música, fiquei uns minutos a olhar para aquilo...

Interessante é que na banda sonora, ao lado de Led Zeppelin, Cream, Ramones já aparecem os The Darkness ( dada a permission to land, agora é aguentá-los).


2003/11/19

Logh em Lisboa 

Santiago Alquimista – dia 12 de Novembro de 2003

Como referi abaixo, apesar de já muito se ter escrito sobre este concerto, não queria deixar de registá-lo por aqui, ao menos com algumas linhas, até porque estava muito curioso e expectante em relação a este concerto. Não conhecia o som dos Logh, mas a Sofia deu-se ao trabalho de investigar e até já tinha deixado algumas ideias abonatórias em relação aos mesmos. Alem disso era impossível frequentar o Fórum Sons ou outros blogs musicais sem notar todo o hype em torno do concerto, ou os banners que referenciavam o site específico de promoção do concerto.

Acho fantástico que um concerto que arrasta 200/300 pessoas no máximo consiga ter um site dedicado exclusivamente à sua promoção. Ninguém se preocupou com tal coisa, por exemplo, para encher o Estádio de Coimbra aquando dos Rolling Stones. Claro que esses não precisam desse tipo de marketing... já o caso deste concerto dos Logh, que estava bastante composto em termos de público, parece provar que há um espaço para estas estratégias alternativas de promoção, altamente direccionadas a um público específico, e ás quais a Internet assenta que nem uma luva. Fica como case study para quem quiser perceber como é que por um lado a Internet é (ou foi) o demónio das majors, e pode ser uma coisa boa para projectos mais pequenos ou alternativos.

Tudo isto me fazia esperar grandes coisas do concerto, e já se sabe que isso normalmente não dá bons resultados. Para além dos Logh, actuavam 2 bandas portuguesas, os Wabi, que infelizmente não consegui ouvir porque cheguei tarde demais, e os Bypass, dos quais embora tenha gostado do baterista, acabei por ficar com a sensação que fizeram muito barulho mas tinham pouca substância e demasiada mistura de estilos...

Quanto aos Logh propriamente ditos, começaram muito bem, com a atmosfera intimista do palco iluminado pelos abat-jours caseiros em cima dos amplificadores, e pelas primeiras músicas, todas elas bonitas e cativantes. O pior é que para quem, como eu, não conhecia o som da banda, a partir de certa altura tudo começou a soar igual tendo também as versões apresentadas ao vivo pecado por serem demasiado calmas...


Logh


Ainda assim acabei por ficar fã da banda, sobretudo depois de os ter ouvido melhor (em disco). No seu som notam-se várias influências importantes (Sonic Youth, Pixies, dEUS, Nick Drake, e muitas outras que o meu ouvido destreinado de sons rock não conseguiu identificar), e apesar disso nota-se também que conseguem encontrar um espaço e um som próprios... Sem ter sido um concerto deslumbrante, acabei por ficar com a ideia que ainda vamos ouvir falar bastante destes Logh...


Atraso 

Na passada Quarta-Feira, faz hoje uma semana, fui ver o concerto dos Logh ao Santiago Alquimista. Queria deixar aqui as minhas impressões do concerto, mas infelizmente não o pude fazer porque entretanto apanhei uma gripe...

Já muito se escreveu um pouco por todo o lado (Fórum sons, outros blogs, etc...) sobre esse concerto, mas ainda assim queria deixar aqui o meu comentário, mais não seja para referência (própria) futura. E também porque isso foi uma preocupação minha enquanto recuperava: um destes dias sonhei que estava a escrever n' A Corneta que o concerto tinha sido um sucesso tão estrondoso que a banda iria actuar esta semana no Coliseu e já tinha esgotado os bilhetes... delírios...



2003/11/18

Britney Spears quer mostrar sua música, não sua barriguinha 

Tinha que ser, blogs a sério sobre música citam a Pitchforkmedia ou NME, mas aqui o budget cultural só chega para as notícias do MSN

Ficamos todos elucidados que a menina Britney não quer voltar a mostrar a sua barriguinha, dura como um melão com piercing a acompanhar, mas não se coíbe de continuar a exibir as pernas roliças, os seios siliconados, os últimos esfreganços com a Madonna…agora a barriga, isso é que seria ultrapassar todos os limites!


BS
Tive que me esforçar para encontrar outra foto (e apesar de desfocada este é BS), e note-se, sem barriguinha!



Não é isto que me fará finalmente ouvir ou não Britney Spears (que a pequena reportagem que acompanha aqui a foto diz que está musicalmente mais madura, madura no sentido de explícita compreenda-se) mas acho curiosa esta transição de role model do partido republicano americano ( Bush durante a campanha para as presidenciais não se escusava de a mencionar como um exemplo para a juventude norte - americana… mas nessa altura ainda era um porta estandarte da associação pró virgindade) a , estou aqui a procurar uma boa expressão, vibrador da nação. Vou ser má e dizer que cada partido tem direito à sua Dina de estimação.

Como bem dizia Peaches, numa entrevista que deu à Y há alguns meses atrás, tão pouca roupa, uma imagem tão sexual para letras/música tão chochas. Acho que não senhora Peaches, acho que aqui a Britney quer mesmo o seu lugar.


2003/11/17

Seven ships 

Caros amigos: não tenho postado, visto que nada de novo por aqui se passa. Em termos musicais, apenas posso fazer referência a alguns discos que tenho ouvido, entre os quais : Verve - "Unmixed" (1), Velvet Underground - "The best of" (Blarg, que nome tão feio), Peter Hammill - "This" (não vou muito à bola) e, desde esta fria e solarenga manhã, o último de Young, Neil (hehe - mais do mesmo)... nos entretantos, ainda tive tempo para ouvir o Sérgio Godinho defender que quem pouco trabuca, pouco manduca - "Foi a trabalhar"- e, em noites passadas, afirmar (Sic Notícias) que gostaria de trabalhar com a Carla Bruni : "Temos de tirá-la da passerelle e dar corpo a essa música" (algures por aqui)... Grande senhor; no já referido canal também passou uma entrevista, por Bárbara Guimarães, a Rui Reininho (GNR) e Xana (Rádio Macau), na qual os dois (incontornáveis) artistas tiveram hipótese de exprimir pontos de vista (inteligentes e com conhecimento de causa) acerca do passado, presente e futuro da MMP...Grande Reininho, enorme Xana - que final tão bonito ! Essas "Sete naves" ! Urge que se escrevam mais letras desse calibre - arrepiante! (já agora, é de referir que, no início do programa, os Rádio Macau tocaram um novo tema do albúm que há pouco saiu)...

Um abraço, neste ponto de encontro :)


A banda sonora perfeita 

Esta quarta feira passada fui ver o 2001 Odisseia no Espaço à Cinemateca (a passar um ciclo do Kubrick que termina hoje).

“Nunca consegui passar da parte dos macacos” disse-me desconsolada uma amiga quando falei com ela acerca do filme. Esta constatação simples reflectia a minha própria experiência. Apesar de ter visto vários retalhos na televisão, também nunca tinha passado da parte dos macacos.

Não é nada especial finalmente entrar em contacto com uma obra de arte no seu todo, ou seja, tenho consciência que não estou a fazer uma revelação extraordinária ao afirmar que sim foi surpreendente, poético, desafiador, repleto de metáforas e níveis de interpretação (o que é o monólito, como vai parar a Júpiter, porque falam tão pouco, o que significa voltar a nascer no final …). Mas também acho que foi uma experiência avassaladora em grande parte devido à música que, já se sabe, não é original, mas composta por peças orquestrais aproveitadas para o score. E, mesmo assim, parece que não poderia haver outra . Não me lembro de momento mais belo em cinema que aquela valsa de naves ao som do Danúbio Azul. Uma valsa cósmica.


2001



A saber:

- Richard Strauss com "Assim falava Zarathustra" (Nietzsche de novo?);
- Johann Strauss com "Danúbio Azul";
- György Ligeti com "Atmosferas," "Lux Aeterna," e "Requiem para Soprano, Mezzo-Soprano, Dois Coros Mistos e Orquestra";
- Aram Khatchaturian com "Gayane Ballet Suite".

O facto de escolher peças clássicas (como agora em Elephant de Gus Van Sant, que tem partes de Sinfonias para Piano Nº. 14 e 2 de Beethoven e ainda o tema "Für Elise") é que permite dar tanta intensidade às imagens. Talvez porque seja mesmo isso: música perfeita, completa.


2003/11/14

Imagens 

À noite, no carro pela cidade já meia vazia e sem trânsito. Colder. Crazy Love, Shiny Star, Version. O carro desliza 15 cms acima do solo. A luz dos candeeiros, um "strobe" que se repete no vidro a intervalos regulares. Como num “manga” japonês...

De novo à noite no carro. Peace Orchestra. Who am I? Um assassino profissional com problemas de consciência. Saído de um filme de John Woo. A ver o mundo passar em câmara lenta...

Há certas músicas que só resultam à noite, no carro...


2003/11/12

Letras  

Esta semana na Cidade Vermelhaposts com letras de músicas (que marcam, pelo menos o autor do blog). Visita recomendada.


Paixões violentas por coisa nenhuma 

Já tinha falado de Heartbreaker do Ryan Adams há algum tempo atrás. Desculpem, tenho de voltar. Tenho voltado imenso a esta música (Call on Your Way Back Home), um masoquismo idiota que me apanho a repetir frequentemente. Na mesma medida que me apanho a recordar situações passadas, a reler palavras (pois, agora são as sms), reencenar diálogos. É como uma ferida no joelho à qual se tira a crosta só para descobrir que, por debaixo, a carne continua desprotegida. E quando aparece nova crosta volta-se a tirar. Nunca se chega a dar hipótese de curar. Na repetição do acto há expiação. Produz prazer (sofrido) que se sabe inútil.

Call Me On Your Way Back Home

Esta música deixa-me miserável. Mas isso é a carga emotiva que cada um dá às coisas da sua vida, para outros será apenas mais uma música. Engraçado que a maior parte das músicas do Jorge Palma também têm, para mim essa carga, pesada, de memórias (amorosas claro). No outro dia deu um concerto dele na RTP1 e, perante uma torrente de emoções, desisti de ver. Fogo que desperdício!


2003/11/11

Logh amanhã 

Foi uma escolha feliz a do nome do novo trabalho dos Logh - "Raging Sun". Se ao início pendem mais para temas melódicos e calminhos, onde se destaca "End cycle" um tema belíssimo sussurrado ao som espiral de um piano, não quer dizer que fiquem por aí. Á medida que o álbum progride sente-se o acumular de pontos de tensão. No final de "Raging Sun" já vemos que Logh também sabem explodir, vem aí a parte da rage, sentida principalmente em "The bones of generations".

O trabalho deste grupo parece-me que vai um pouco na linha do grupo belga dEUS, umas vezes reflexivo e delicado outras mais raivoso.

E vão actuar amanhã no Santiago Alquimista. Bilhetes a 10 Euros, ou seja, bom rock por pouco Euro (isto tendo em conta que o outro concerto que vou este mês me custou mais de 30 Euros para praticamente estar mais perto da casa de banho que do palco - Chick Corea ficam sabendo).

Mais informações aqui http://www.loghemportugal.pt.vu .


2003/11/10

Colder – Again 

Hoje deixo na Corneta um disco que anda a atormentar o pobre leitor de Cds do meu carro há algumas semanas. Colder é na verdade um francês, de nome próprio Marc Nguyen Tan, designer de profissão, reconvertido agora em músico (o que aliás se nota na capa do disco, que na minha opinião é muito bonita, e a quem a foto não faz juz)Colder - Again.

Again é mais um disco que, como parece ter-se tornado inevitável actualmente, bebe a sua inspiração no anos 80. Porém consegue não cair nos excessos repetitivos electro-clash, uma vez que vai buscar a sua principal inspiração ao som dos Joy Division, uma influência que é notória no ambiente negro que envolve toda música e nas batidas, que apesar de electrónicas não disfarçam em nada a sua proveniência. É também notória a influência do dub e do reggae narcótico-electrónico ao estilo do som de Viena, na sua vertente mais negra, recordando os primeiros trabalhos dos Sofa Surfers.

No entanto, ao invés de se perder nestas influências, o resultado final é um álbum muito cool, algo minimal (o que se nota particularmente ao nível das letras) mas muito coeso e bem conseguido, algures na fronteira entre o rock e a música electrónica, que consegue cativar e viciar desde as primeiras audições quem goste deste género de sonoridades. Esta é uma música essencialmente nocturna, e na minha opinião é particularmente boa companhia para conduzir à noite (o que é uma das razões porque o Cd não larga o leitor do carro).

Este é também um daqueles discos sobre os quais dá particular prazer escrever aqui na Corneta, pois considero-o bastante bom, mas não o tenho ainda visto ser muito divulgado. No entanto, pelas críticas que tem recebido, aposto que vai acabar algures nas listas de melhor álbum do ano de muito boa gente.


2003/11/07

A canção do meio dia 

Os Kinks têm várias coisas que gosto:
- uma carreira longa que remonta aos loucos sixty, o que os torna nuns monstros de rock a par dos Beatles ou dos Rolling Stones, apesar de sempre terem tido uma aura de outsiders;
- letras subversivas sobre de travestis que bebem champagne que sabe a Cherry Cola ou como baixamos os standards quando estamos sem dinheiro ( I'm a cut price person in a low budget land - tão apropriado aos nossos tempos);
- o vocalista (Ray Davies) tem um grin que eu gosto e o irmão é um grande guitarrista;
- eram a banda favorita do Nick (famoso pelo monosilábico "hey" ) o namorado da Malory em Family Ties.

Não serão as melhores razões de certeza, mas eles são muito bons.


Ora ide ouvir.





You really got me



Site Não Oficial da Banda (mas muito completo)


Está aí alguém? 

Entrei na casa a correr. Passei por todas as divisões. Vazias. Espretei debaixo das camas, dentro dos armários, mesmo por de trás do sofá. Nada.

Eu acho que eles foram ao concerto dos Blur, mas não tenho certeza. Deixaram-me aqui a falar sozinha...




2003/11/04

Música matemática 

O quarteto norueguês Supersilent editado pela ECM não tem títulos para os seus álbuns, são identificados por números (1-3,4,5,6), nem para os temas. Neste último, o 6, há combinação: 6 é o álbum , 6 são os temas . 6 é um número matemático perfeito (1+2+3=6). Que frieza. Apesar da simplicidade que aparenta não é algo que siga fórmula fácil. Não é regido pelo universo real, acho que temos aqui números imaginários, que existem mas não existem.

A música parece uma banda sonora, sugere-me o Dune de Lynch, principalmente em "1" onde se vão acrescentando texturas de sons metálicos em crescendo. Numa fronteira entre free-jazz e a música electrónica criou-se universo induzido, operático onde a fala é substituída por um sintetizador ou por um trompete. A cada momento torna-se mais densa, mais intrigante que desinstala as percepções. Através de bateria, sintetizador, teclado e um trompete (que tanto faz lembrar Miles na faixa 2) criam-se temas ao arrepio do improviso (quatro dias duraram as gravações, os elementos da banda não falaram antes ou depois das gravações; a única vez que estão juntos é para gravar).





Sim, realmente isto é estranho, mas não é um álbum desprovido de emoção. Qual ainda estou a dissecar.


Curiosa opção esta por números.

PS: há mesmo um blog que se chama www.music-is-math.blogspot.com


2003/11/03

Onde é que eu já ouvi isto? 

A Vodafone tem uma série de anúncios novos: num deles dois amigos enviam fotos do trabalho para provar quem tem "a maior", noutro, um pai tenta reunir a filharada (?) num sofá para enviar uma foto à mãe executiva moderna presa num aeroporto qualquer (paradigmas da vida moderna).

Já reparam na música? É de um grupo que se chama Jet com "Are You gonna be my girl". Não vos soa a nada? A Iggy Pop (+ Bowie)? A lust for life?

Are you gonna be my Girl - Jet

Pode ser paranóia minha, mas a bateria aqui um pouco mais acelerada , a pandeireta, a guitarra...Agarrem que é ladrão ?

Também tive a mesma sensação quando ouvi o novo single dos The Strokes (mas gostei de todo aquele neón azul). Ainda falta ouvir o resto do disco (calma!).


2003/11/02

Estrelas e cometas 

Hoje, um pouco mais do que música (comentário de Luciana Lemos, ao post "O primeiro dia do resto da minha vida") :

Há pessoas estrelas;
Há pessoas cometas.
Os cometas passam. Apenas são lembrados pelas datas que passam e retornam.
As estrelas permanecem. Os cometas desaparecem. Há muita gente cometa.
Passam pela vida da gente apenas por instantes, gente que não prende ninguém e a ninguém se prende. Gente sem amigos. Gente que passa pela vida sem iluminar, sem aquecer, sem marcar presença. Há muita gente cometa. Assim são muitos e muitos artistas. Brilham apenas por instantes nos palcos da vida.
E com a mesma rapidez com que aparecem, também desaparecem.
Assim são muitos reis e rainhas de todos os tipos. Reis de nações, rainhas de clubes ou concurso de beleza. Assim rapazes e moças que se enamoram e se deixam com a maior facilidade. Assim são pessoas que vivem numa mesma família e que passam pelo outro sem serem presença. Importante é ser estrela.
Estar presente. Marcar presença. Estar junto. Ser luz. Ser calor. Ser vida.
Amigo é estrela. Podem passar os anos, podem surgir distâncias, mas a marca fica no coração. Coração que não quer enamorar-se de cometas que apenas atraem olhares passageiros. E muitos são cometas por um momento. Passam, a gente bate palma e desaparecem. Ser cometa é não ser amigo. É ser companheiro por instantes. É explorar sentimentos. É ser aproveitador das pessoas e das situações.
É fazer acreditar e desacreditar ao mesmo tempo. A solidão de muitas pessoas é conseqüência de que não podem contar com ninguém. A solidão é resultado de uma vida cometa. Ninguém fica. Todos passam. E a gente também passa pelos outros.
Há necessidade de criar um mundo de estrelas. Todos os dias poder vê-las e senti-las.
Todos os dias poder contar com elas. Todos os dias ver sua luz e calor. Assim são os amigos. Estrelas na vida da gente. Pode-se contar com eles. Eles são uma presença.
São aragem nos momentos de tensão. São luz nos momentos escuros. São pão nos momentos de fraqueza. São segurança nos momentos de desânimo.
Olhando os cometas é bom não sentir-se como eles. Nem desejar prender-se em sua cauda. Olhando os cometas é bom sentir-se estrela. Marcar presença. Ter vivido e construído uma história pessoal. Ter sido luz para muitos amigos. Ter sido calor para muitos amigos. Ter sido calor para muitos corações. Ser estrela neste mundo passageiro, neste mundo cheio de pessoas cometas, é um desafio, mas acima de tudo uma recompensa. É nascer e ter vivido e não apenas existido.

Reinilson Câmara
Luciana Lemos


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