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2003/11/27

Kings Of Convenience – Quiet is the New Loud 

A primeira vez que ouvi com atenção este disco foi um daqueles momentos mágicos em que o acaso determinou que a banda sonora assentasse que nem uma luva ao momento e à acção.

Há alguns fins de semana atrás, tinha ido ao autódromo do Estoril ver as corridas de formúla 1 históricos dos anos 60. O tempo estava incerto, e apesar de não estar a chover, durante a última corrida da tarde o céu foi ficando cada vez mais escuro e carregado. De vez em quando o ocasional relâmpago ameaçava com a enorme chuvada que estava para vir. Mal a corrida acabou, e já a prever uma grande molha, caminhei a passo acelerado para o carro. Entrei, liguei o radio, e mal se começaram a ouvir os primeiros acordes e a letra de Winning a Battle, Losing the War, cairam no para-brisas os primeiros pingos grossos de chuva. Não podia ter sido um mais adequado, o calor da canção contra o frio daquela chuva.

Quiet is the New Loud não é um disco novo, saiu em 2001, altura em que se falava muito de bandas norueguesas. No entanto este disco não tem nada a ver com o som dos Royksopp ou outros projectos de influencias electrónicas. É um disco totalmente orgânico, onde não se notam elementos elecrónicos, que vive muito de sons simples tirados de uma guitarra acustica e de belas harmonias vocais. Todas as canções têm um tom muito intimista, em que a simplicidade e contenção sonora são a chave. As letras são em geral muito bonitas mas também elas bastante simples, sempre em torno do amor e dos desamores (tema inesgotável). Kings Of Convenience – Quiet is the New Loud

O problema do disco é que ao fim de algumas canções começa a soar todo igual. Todas as canções são muito bonitas, mas sempre no mesmo registo, o que pode acabar por fartar. Mas isso depende talvez do ambiente em que estivejam a ser ouvidas. É que este é um disco que parece ser feito para esta época do ano, em que chove e está frio, e apetece ficar em casa, de preferência à lareira e bem acompanhado, e neste contexto duvido que haja quem o considere enfadonho e repetitivo.

Já me disseram que os Kings of convenience soam aqui muito aos Belle & Sebastian, mas não posso confirmar porque a estes não os conheço. Quiet is the new Loud de certa forma faz também um pouco lembrar o disco de Carla Bruni , embora aqui as vozes sejam masculinas e cantem em inglês (curiosamente o problema do disco de Carla Bruni era também o de as faixas se tornarem repetitivas ao longo o disco).

Li algures que este não é o melhor disco dos Kings of Convenience, que existe um disco de remisturas e colaborações, intitulado Versus, que seria melhor. Mas esse ainda tenho que descobrir.


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