2003/07/31
Olhó Festival
Já se sabe que Agosto é o mês dos festivais, mas o que se passa entre 1 e 3 de Agosto é uma autêntica overdose .
Vejamos:
. Festival Litoral Centro (31 Julho a 3 de Agosto) em Leiria - cabeças de cartaz :Lamparónicos, Toranja, Boss Ac, Gutto. Xutos e ...Anjos;
. Festival Transatlântico (1 de Agosto) no Kadoc, Albufeira - música electrónica Portugal/Brasil :DJ Marky, Rui Vargas, Renato Cohen, Dj Link, Alien J, Pete Tha Zouc, Patife;
. CBT (2 de Agosto) Dance Festival em Celorico de Basto - entre outros Matthew Herbert Big Band, Spacek, Jeff Mills, Felix da Housecat, peaches, ....;
. Jazz em Agosto na Gulbenkian (1,2,3 Agosto) - o clássico de Verão desta vez indoors. Destaques : The Necks, Julius Hemphill Sextet, DoppelMoppel, Eric Boeren (segundo o Cartaz do Expresso deste fim de semana).PROGRAMA.
Aqui na Corneta achamos mal toda esta descentralização da cultura, mas como é que pensam que vamos chegar a Celorico de Basto vindos da Gulbenkian? Por isso defendemos que dava perfeitamente para inserir o Herbert ali a seguir a Eric Boeren, afinal aquilo do jazz até acaba cedo. Era mais música para toda a gente...
Vejamos:
. Festival Litoral Centro (31 Julho a 3 de Agosto) em Leiria - cabeças de cartaz :Lamparónicos, Toranja, Boss Ac, Gutto. Xutos e ...Anjos;
. Festival Transatlântico (1 de Agosto) no Kadoc, Albufeira - música electrónica Portugal/Brasil :DJ Marky, Rui Vargas, Renato Cohen, Dj Link, Alien J, Pete Tha Zouc, Patife;
. CBT (2 de Agosto) Dance Festival em Celorico de Basto - entre outros Matthew Herbert Big Band, Spacek, Jeff Mills, Felix da Housecat, peaches, ....;
. Jazz em Agosto na Gulbenkian (1,2,3 Agosto) - o clássico de Verão desta vez indoors. Destaques : The Necks, Julius Hemphill Sextet, DoppelMoppel, Eric Boeren (segundo o Cartaz do Expresso deste fim de semana).PROGRAMA.
Aqui na Corneta achamos mal toda esta descentralização da cultura, mas como é que pensam que vamos chegar a Celorico de Basto vindos da Gulbenkian? Por isso defendemos que dava perfeitamente para inserir o Herbert ali a seguir a Eric Boeren, afinal aquilo do jazz até acaba cedo. Era mais música para toda a gente...
2003/07/30
História da música
Costuma dizer-se que a história da música pode-se contar a passo com o tipo da droga que se consumia na época. É verdade que há algumas muito identificadas com um certa período, como o LSD e os anos 60. Outras podem considerar-se inter geracionais como a marijuana. De qualquer forma é fácil constatar que o processo criativo não dispensa na maioria das vezes a little help from my friends.
Um pequeno exercício name dropping:
LSD (anos 60)
- Grateful Dead
- “Purple haze” do Jimi Hendrix
- St.Pepper’s Lonely Heart Club Band dos Beatles
Speed (anos 70, 80)
-Elvis Presley
-Johnny cash
-Sid Vicious
-Motorhead
Heroína (volta para aí cada 20 anos)
-Charlie Parker
-Miles Davis
-Lou Reed/ Nico
-Muitos da cena grunge (Nirvana, Stone Temple Pilots, Alice in Chains)
Marijuana
-Bob Marley
- Bob Dylan
- Beatles
- para ser realista maioria de grupos hoje em dia
Cocaína (anos 80)
- Cole Porter
- David Bowie
Alguns tiveram oportunidade de provar todo o coktail (exemplos: Happy Mondays, os Motley Crue, o Ozzy Osbourne, de resto um exemplo vivo dos efeitos secundários). Há ainda álcool e calmantes, estimulantes todos mais ou menos legais, mas que tiveram a sua influência. Fizeram –se grandes canções a propósito ( basta lembrar o “Heroin” ou o “Sweet Jane” dos Velvet). Há uma lista enorme delas neste site , algumas hilariantes como o “Walk like an Egyptian “ das Bangles, aparentemente um incentivo ao consumo da ganza, ou o “Puff the magic Dragon”.
È evidente que o consumo de substâncias ilícitas não é nenhuma condição sine qua non para fazer música de qualidade. Há muitos músicos que passam bem sem elas. Além disso muitos artistas, bem os que não ficaram pelo caminho, com o passar dos anos reformaram-se desse tipo de actividades (ainda este fim de semana os Jane's Addiction disseram isso no DN Mais). A questão é se o consumo não tivesse existido se a qualidade seria a mesma…o que não se pode deixar de dizer é que bastantes poderiam ter vivido mais uns aninhos se não fossem tão alarves.
Um pequeno exercício name dropping:
LSD (anos 60)
- Grateful Dead
- “Purple haze” do Jimi Hendrix
- St.Pepper’s Lonely Heart Club Band dos Beatles
Speed (anos 70, 80)
-Elvis Presley
-Johnny cash
-Sid Vicious
-Motorhead
Heroína (volta para aí cada 20 anos)
-Charlie Parker
-Miles Davis
-Lou Reed/ Nico
-Muitos da cena grunge (Nirvana, Stone Temple Pilots, Alice in Chains)
Marijuana
-Bob Marley
- Bob Dylan
- Beatles
- para ser realista maioria de grupos hoje em dia
Cocaína (anos 80)
- Cole Porter
- David Bowie
Alguns tiveram oportunidade de provar todo o coktail (exemplos: Happy Mondays, os Motley Crue, o Ozzy Osbourne, de resto um exemplo vivo dos efeitos secundários). Há ainda álcool e calmantes, estimulantes todos mais ou menos legais, mas que tiveram a sua influência. Fizeram –se grandes canções a propósito ( basta lembrar o “Heroin” ou o “Sweet Jane” dos Velvet). Há uma lista enorme delas neste site , algumas hilariantes como o “Walk like an Egyptian “ das Bangles, aparentemente um incentivo ao consumo da ganza, ou o “Puff the magic Dragon”.
È evidente que o consumo de substâncias ilícitas não é nenhuma condição sine qua non para fazer música de qualidade. Há muitos músicos que passam bem sem elas. Além disso muitos artistas, bem os que não ficaram pelo caminho, com o passar dos anos reformaram-se desse tipo de actividades (ainda este fim de semana os Jane's Addiction disseram isso no DN Mais). A questão é se o consumo não tivesse existido se a qualidade seria a mesma…o que não se pode deixar de dizer é que bastantes poderiam ter vivido mais uns aninhos se não fossem tão alarves.
2003/07/29
Ambrósio queria algo ... diferente
Somethin' Else - 1958
Julian "Cannonball" Adderley - saxofone
Miles Davis - trompete
Hank Jones - piano
Sam Jones - baixo
Art Blakey - bateria
Já descobrimos uma forma de pôr a música a funcionar mas não a carregar, assim não deixa a página tão pesada. É só carregar no play e ele descarrega.
LOVE FOR SALE
Este CD é muito bom, mas em vez de ficar aqui a escrever baboseiras melhor ouvir.
Se gostaram ouçam também AUTUMN LEAVES
Julian "Cannonball" Adderley - saxofone
Miles Davis - trompete
Hank Jones - piano
Sam Jones - baixo
Art Blakey - bateria
Já descobrimos uma forma de pôr a música a funcionar mas não a carregar, assim não deixa a página tão pesada. É só carregar no play e ele descarrega.
LOVE FOR SALE
Este CD é muito bom, mas em vez de ficar aqui a escrever baboseiras melhor ouvir.
Se gostaram ouçam também AUTUMN LEAVES
Dave Holland Big Band
Concerto no Grande Auditório do CCB em 18 de Julho de 2003
Tratava-se do concerto de enceramento do Estoril Jazz 2003, com uma figura de peso do mundo do Jazz, Dave Holland, e o público não se fez rogado, esgotando o Grande Auditório do Centro Cultural de Belém. Para além de acorrer em número, o público estava também bastante entusiasmado, e a big band de Dave Holland respondeu à altura.
Durante um set de cerca de uma hora e meia sucederam-se temas de jazz com uma sonoridade bastante contemporânea, guiados pelo fio condutor do baixo de Dave Holland, que por diversas vezes assumiu o protagonismo, e da bateria. Esta big band tinha também a particularidade de não incorporar um piano mas sim um xilofone, o que contribuía para uma sonoridade bastante diferente das big bands tradicionais. Todos os músicos brindaram o público improvisações e solos inspirados e de muito bom nível, com destaque para os vários elementos da secção de metais. Confesso que nunca ouvi o disco sobre o qual assentava este concerto no entanto, na opinião do crítico do Expresso, ao vivo a banda esteve muito melhor que em disco, e acredito que assim seja porque quer o público quer os músicos responderam muito bem uns aos outros.
Acabou assim da melhor maneira o Estoril Jazz 2003, festival que este ano esteve, na minha opinião, melhor que nas edições dos últimos quatro anos (altura em que o comecei a acompanhar de perto). Segundo os comentários do próprio organizador, Duarte de Mendonça, o festival contou este ano com maiores apoios, mesmo em ano de vacas magras, e talvez passe por aí a razão pela qual o cartaz deste ano contou com mais “nomes sonantes” da cena Jazz do que em anos anteriores, o que só pode ser bom, e se espera continue nas futuras edições do festival.
Tratava-se do concerto de enceramento do Estoril Jazz 2003, com uma figura de peso do mundo do Jazz, Dave Holland, e o público não se fez rogado, esgotando o Grande Auditório do Centro Cultural de Belém. Para além de acorrer em número, o público estava também bastante entusiasmado, e a big band de Dave Holland respondeu à altura.
Durante um set de cerca de uma hora e meia sucederam-se temas de jazz com uma sonoridade bastante contemporânea, guiados pelo fio condutor do baixo de Dave Holland, que por diversas vezes assumiu o protagonismo, e da bateria. Esta big band tinha também a particularidade de não incorporar um piano mas sim um xilofone, o que contribuía para uma sonoridade bastante diferente das big bands tradicionais. Todos os músicos brindaram o público improvisações e solos inspirados e de muito bom nível, com destaque para os vários elementos da secção de metais. Confesso que nunca ouvi o disco sobre o qual assentava este concerto no entanto, na opinião do crítico do Expresso, ao vivo a banda esteve muito melhor que em disco, e acredito que assim seja porque quer o público quer os músicos responderam muito bem uns aos outros.
Acabou assim da melhor maneira o Estoril Jazz 2003, festival que este ano esteve, na minha opinião, melhor que nas edições dos últimos quatro anos (altura em que o comecei a acompanhar de perto). Segundo os comentários do próprio organizador, Duarte de Mendonça, o festival contou este ano com maiores apoios, mesmo em ano de vacas magras, e talvez passe por aí a razão pela qual o cartaz deste ano contou com mais “nomes sonantes” da cena Jazz do que em anos anteriores, o que só pode ser bom, e se espera continue nas futuras edições do festival.
2003/07/28
Este fim de semana um dos corneteiros passou pelo festival de World Music em Sines. Esperam-se reacções ...
Entretanto um pouco de afrobeat.
Red Hot+ Riot The Music and Spirit of Fela Kuti - Water no get enemy
Link
Entretanto um pouco de afrobeat.
Red Hot+ Riot The Music and Spirit of Fela Kuti - Water no get enemy
Link
2003/07/27
Rodrigo Leão "Pasión"
Forte da Cidadela - Cascais 26 de Julho
Pela primeira vez o Forte da Cidadela abriu as portas à música para a apresentação do álbum "Pasión" de Rodrigo Leão . Deixe-se a ressalva que "Pasión" é um registo ao vivo, num fundo um best off que reune temas de toda a sua discografia ("Ave Mundi", "Theatrum" e "Alma Mater").
Com um estilo algo inclassificável, um clássico que utiliza sintetizadores, tanto pode parecer um tema bossanova, como um tango ou mesmo de música de câmara. Erudita chamam-lhe. O grande público está pouco familiarizado com este trabalho desde a sua saída dos Madredeus (no entanto o recinto estava cheio). É daquele tipo de artistas que tem muito mais sucesso e reconhecimento fora de Portugal. Na realidade a primeira vez que ouvi falar dele foi através de um austríaco que estava absolutamente rendido.
A noite estava agradavelmente amena e o cenário não podia ser mais convidativo, um palco aninhado numa praceta sob um céu estrelado. Com uma sonoridade límpida de uma beleza por vezes comovente era quase divino. Tive a sensação de estar isolada numa vila qualquer, longe...
O concerto pareceu-me milimetricamente preparado. No início foi distribuído um folheto com uma breve descrição do percuso de Rodrigo Leão e o alinhamento das músicas, que foi escrupulosamente seguido (aliás o encore já estava programado foram as três últimas...). A acústica estava perfeita, assim como as luzes e a instalação de video . Todo este perfecionismo penso que deixou pouco espaço à improvisação e tornou a performance um pouco fria e cerebral. Aliado a isso, Rodrigo apenas se dirigiu ao público duas vezes, uma para agradecer a presença do público e dedicar o concerto ao filho e a segunda para apresentar a banda, nunca chegando a estabelecer uma verdadeira empatia . Se calhar também não precisava já que estava tudo muito bem explicadinho ...
Em palco estiveram um trio de cordas (violino, viola, violencelo), a acordionista Celina de Piedade, um baixo , guitarra e bateria. Os actuações respeitaram bastante os originais (pelo menos os temas do Alma Mater que é o que eu conheço melhor) e iam intercambiando peças instrumentais com actuações de Angela Silva que cantava em latim, mais um elemento clássico característico da sua música.
De início o público estava um tanto tímido mas a partir do Pasión instrumental ficou cativado. Como momentos altos da noite destaco o "Jeaux d'Amor" cantado por Celina , "Ave Mundi" e por último o "Pasión" vocalizado de novo por Celina (no entanto acho que aquele argentino devia ter sido mais fiel ao original interpretado por Lula Pena, o portunhol fica feio...).
No final houve uma ovação de pé ( igual ao que se passou em Madrid e Barcelona de onde a digressão vinha). Merecida!
Pela primeira vez o Forte da Cidadela abriu as portas à música para a apresentação do álbum "Pasión" de Rodrigo Leão . Deixe-se a ressalva que "Pasión" é um registo ao vivo, num fundo um best off que reune temas de toda a sua discografia ("Ave Mundi", "Theatrum" e "Alma Mater").
Com um estilo algo inclassificável, um clássico que utiliza sintetizadores, tanto pode parecer um tema bossanova, como um tango ou mesmo de música de câmara. Erudita chamam-lhe. O grande público está pouco familiarizado com este trabalho desde a sua saída dos Madredeus (no entanto o recinto estava cheio). É daquele tipo de artistas que tem muito mais sucesso e reconhecimento fora de Portugal. Na realidade a primeira vez que ouvi falar dele foi através de um austríaco que estava absolutamente rendido.
A noite estava agradavelmente amena e o cenário não podia ser mais convidativo, um palco aninhado numa praceta sob um céu estrelado. Com uma sonoridade límpida de uma beleza por vezes comovente era quase divino. Tive a sensação de estar isolada numa vila qualquer, longe...
O concerto pareceu-me milimetricamente preparado. No início foi distribuído um folheto com uma breve descrição do percuso de Rodrigo Leão e o alinhamento das músicas, que foi escrupulosamente seguido (aliás o encore já estava programado foram as três últimas...). A acústica estava perfeita, assim como as luzes e a instalação de video . Todo este perfecionismo penso que deixou pouco espaço à improvisação e tornou a performance um pouco fria e cerebral. Aliado a isso, Rodrigo apenas se dirigiu ao público duas vezes, uma para agradecer a presença do público e dedicar o concerto ao filho e a segunda para apresentar a banda, nunca chegando a estabelecer uma verdadeira empatia . Se calhar também não precisava já que estava tudo muito bem explicadinho ...
Em palco estiveram um trio de cordas (violino, viola, violencelo), a acordionista Celina de Piedade, um baixo , guitarra e bateria. Os actuações respeitaram bastante os originais (pelo menos os temas do Alma Mater que é o que eu conheço melhor) e iam intercambiando peças instrumentais com actuações de Angela Silva que cantava em latim, mais um elemento clássico característico da sua música.
De início o público estava um tanto tímido mas a partir do Pasión instrumental ficou cativado. Como momentos altos da noite destaco o "Jeaux d'Amor" cantado por Celina , "Ave Mundi" e por último o "Pasión" vocalizado de novo por Celina (no entanto acho que aquele argentino devia ter sido mais fiel ao original interpretado por Lula Pena, o portunhol fica feio...).
No final houve uma ovação de pé ( igual ao que se passou em Madrid e Barcelona de onde a digressão vinha). Merecida!
2003/07/25
Quase bom demais para acreditar
Reed e Cave cantam blues
"The Blues" é o título da saga de filmes sobre os blues, idealizada pelo realizador Martin Scorcese, e que conta com a participação de artistas como Lou Reed ou Nick Cave.
Os sete episódios desta série foram realizados por Wim Wenders, Richard Pearce, Charles Burnett, Marc Levin, Mike Figgis, Clint Eastwood e pelo próprio Scorsese, com lançamento previsto para dia 28 de Setembro. "
www.cotonete.iol.pt
Site oficial Wim Wenders
"The Blues" é o título da saga de filmes sobre os blues, idealizada pelo realizador Martin Scorcese, e que conta com a participação de artistas como Lou Reed ou Nick Cave.
Os sete episódios desta série foram realizados por Wim Wenders, Richard Pearce, Charles Burnett, Marc Levin, Mike Figgis, Clint Eastwood e pelo próprio Scorsese, com lançamento previsto para dia 28 de Setembro. "
www.cotonete.iol.pt
Site oficial Wim Wenders
O lado bom da vida
Apanhei agora à hora de almoço um programa na Renascença “O lado bom da vida” (acho que é assim que se chama) que utiliza como jingle promocional o “Always look on the bright side of life “, canção popularizada pelo filme “The Life of Brian” dos Monty Python.
Achei hilariante que a rádio emissora católica utilize uma canção que satiriza a vida de Jesus Cristo e que quando foi exibido (1979) foi duramente criticado pela Igreja. Mais ainda, se recordarmos o momento da canção, em que um ladrão desde a cruz e preste a enfrentar uma morte horrífica se vira para o Brian e diz-lhe que há que ver as coisas pelo lado positivo, vemos que há aqui uma subversão do sentido da canção.
A vida dá muitas voltas. Tantas como naquela cena em que os Python (homens) fazem de mulheres, que estão disfarçados de homens para poderem assistir ao apedrejamento público… “It was she, she,..hmhm…he, he, he!”
Achei hilariante que a rádio emissora católica utilize uma canção que satiriza a vida de Jesus Cristo e que quando foi exibido (1979) foi duramente criticado pela Igreja. Mais ainda, se recordarmos o momento da canção, em que um ladrão desde a cruz e preste a enfrentar uma morte horrífica se vira para o Brian e diz-lhe que há que ver as coisas pelo lado positivo, vemos que há aqui uma subversão do sentido da canção.
A vida dá muitas voltas. Tantas como naquela cena em que os Python (homens) fazem de mulheres, que estão disfarçados de homens para poderem assistir ao apedrejamento público… “It was she, she,..hmhm…he, he, he!”
Concertos a que não fomos
Aqui na Corneta para além de falarmos de Cds que não temos e que gostaríamos comprar, também falamos de concertos a que não fomos.Às vezes é mesmo por falta de guito, outras, como foi este caso, porque os bilhetes se esgotaram. Rapidíssimo.
Ontem à noite Nitin Sahwney foi tocar à Aula Magna, citando o Público ele é " um dos mais talentosos produtores e compositores da cena electrónica britânica...o trabalho de Sawhney na música (é também um respeitado actor, escritor e argumentista) compõe-se de um bem sucedido cruzamento da música clássica indiana com o jazz, as batidas, o rock e a música electrónica. "
Ontem fui sair para tomar um copo com uns amigos e encontrei uma rapariga que tinha voltado desse concerto. Disse que foi muito bom. Nitin apresentou-se com uma banda em palco e obrigou toda a gente da banda a cantar. Entre os elementos encontraram-se, claro, indianos, afro-americanos e alguns músicos de jazz (nacionalidade desconhecida, são do planeta jazz). A Aula Magna estava a abarrotar e criou-se muita empatia com a banda, estava tudo a dançar. Também apresentou duas composições de um álbum novo que vai sair em breve.
Parece ter sido bem giro (ai..ai...).
Esta noite vai estar no Porto no Teatro Sá da Bandeira.
Ontem à noite Nitin Sahwney foi tocar à Aula Magna, citando o Público ele é " um dos mais talentosos produtores e compositores da cena electrónica britânica...o trabalho de Sawhney na música (é também um respeitado actor, escritor e argumentista) compõe-se de um bem sucedido cruzamento da música clássica indiana com o jazz, as batidas, o rock e a música electrónica. "
Ontem fui sair para tomar um copo com uns amigos e encontrei uma rapariga que tinha voltado desse concerto. Disse que foi muito bom. Nitin apresentou-se com uma banda em palco e obrigou toda a gente da banda a cantar. Entre os elementos encontraram-se, claro, indianos, afro-americanos e alguns músicos de jazz (nacionalidade desconhecida, são do planeta jazz). A Aula Magna estava a abarrotar e criou-se muita empatia com a banda, estava tudo a dançar. Também apresentou duas composições de um álbum novo que vai sair em breve.
Parece ter sido bem giro (ai..ai...).
Esta noite vai estar no Porto no Teatro Sá da Bandeira.
2003/07/24
Yeah Yeah ...
Como escrevi para aí nuns posts atrás comprei no mesmo dia o “Fever to Tell” dos Yeah Yeah Yeahs e “Man with a Movie Camera” dos Cinematic . Má escolha na combinação porque é como misturar chamuças com sushi. Por comparação os Yeah Yeah Yeahs são totalmente indigestos.
Quanto aos Cinematic, como fui um bocado trenga e não comprei o DVD, acho que a experiência da audição foi amputada sem o filme de Dziga Vertov…Espero vê-lo em breve.
YYYs é um trio de Nova Iorque sem baixo composto por Karen O (será que é alguma indirecta ao clássico erótico “The story of O”?), Nick Zinner guitarra e Brian Chase bateria. Suponho que o estilo é punk, talvez new wave.
O CD começa bem com “Rich” e “Date with the night”. As canções têm energia, atitude, ritmo marcado pela bateria, um riff espectacular na segunda. O problema é que depois a Karen O liga o vibrador e em “Tick” ou “Black Tongue” começa o festival de gritinhos, arfar, letras sem sentido. Tomemos o exemplo de Tick, em que se canta “You make me wanna eh eh eh eheeeee…You make wanna ah ah ah ahaaaaa…”, dá para percorrer todas as vogais e ficar completamente enjoado…Já sei que isso faz parte do figurino, cantora multi orgásmica, atitude trashy, provocadora (“Boy you’re just a stupid bitch/and girl you’re just no good dick” – ela lá saberá!), numa palavra, excessiva. Dispenso estas. Para o fim baixam o volume, e em “Maps” e “Y Control” estão duas baladas com algum sentido e boa letra
Não é que seja má compra, acho que é apenas desequilibrado. Cada vez estou mais convencida que mais vale escolher vintage, Ramones, por exemplo.
Ah deixo aqui o “Rich” para se ouvir, mas este é pequenino tem 45 segundos.
Yeah Yeah Yeahs – Fever to tell – track 01 “Rich”
Temos link senão corremos risco de a página demorar séculos a abrir
Quanto aos Cinematic, como fui um bocado trenga e não comprei o DVD, acho que a experiência da audição foi amputada sem o filme de Dziga Vertov…Espero vê-lo em breve.
YYYs é um trio de Nova Iorque sem baixo composto por Karen O (será que é alguma indirecta ao clássico erótico “The story of O”?), Nick Zinner guitarra e Brian Chase bateria. Suponho que o estilo é punk, talvez new wave.
O CD começa bem com “Rich” e “Date with the night”. As canções têm energia, atitude, ritmo marcado pela bateria, um riff espectacular na segunda. O problema é que depois a Karen O liga o vibrador e em “Tick” ou “Black Tongue” começa o festival de gritinhos, arfar, letras sem sentido. Tomemos o exemplo de Tick, em que se canta “You make me wanna eh eh eh eheeeee…You make wanna ah ah ah ahaaaaa…”, dá para percorrer todas as vogais e ficar completamente enjoado…Já sei que isso faz parte do figurino, cantora multi orgásmica, atitude trashy, provocadora (“Boy you’re just a stupid bitch/and girl you’re just no good dick” – ela lá saberá!), numa palavra, excessiva. Dispenso estas. Para o fim baixam o volume, e em “Maps” e “Y Control” estão duas baladas com algum sentido e boa letra
Não é que seja má compra, acho que é apenas desequilibrado. Cada vez estou mais convencida que mais vale escolher vintage, Ramones, por exemplo.
Ah deixo aqui o “Rich” para se ouvir, mas este é pequenino tem 45 segundos.
Yeah Yeah Yeahs – Fever to tell – track 01 “Rich”
Temos link senão corremos risco de a página demorar séculos a abrir
2003/07/22
I want half my money back
Ainda domingo à noite na Oxigénio passa um programa da editora austríaca Sunshine apresentado por Cristian Davideck (??) o Sequence. Diz o expert de música electrónica que "Lisboa Gare" by Rui Murka é um grande álbum, money back garantee assegura ele a quem não gostar. Será que ele aceita apenas um dos Cds?
Reacções ao Drunfo
Eles bem que diziam “isto hoje é um programa sério, sério e tétrico”. Domingo à noite João Gonçalves e Vítor Junqueira receberam Fernando Magalhães na Operação Drunfo (engraçado isto soa a outra coisa) para um programa meio alucinado, sem dúvida alguma bizarro, nem que seja pelas escolhas musicais.
Na verdade aquilo mais parecia uma conversa de café. Houve tempo para atender o telemóvel, falar do Sporting, muitos “ahhh”, “hmmm”, private jokes,toda a gente a falar ao mesmo tempo …. Passados esses fait-divers falou-se de coisas mais interessantes como rádios universitárias, jornalismo de rock, calinadas que às vezes saem nos artigos (gostei particularmente daquela de Keith Richards / Keith Jarret) a descoberta de sons novos, a irracionalidade de alguns fãns.
O programa conta com uma série de rubricas habituais como a “Lista”, 5 temas que recebem por mail ou que são sugeridas. Esta semana a selecção esteve a cargo de Fernando Magalhães. Chamaram-lhe bizarrias, eu concordo mais com o termo alucinogénicas, dado que cada uma estava conotada com a sua droga – LSD, cogumelos, …
Pelo que me lembro passaram:
-Dashiel Hedayat –Obsolete – “Eh mushroom, will you mush my room?”
-Can – Unlimited Edition
- Sonoko - La Debutant -“In heaven” – da banda sonora do Eraserhead do Lynch .
- Mutantes ( que foi um grupo brasileiro com Rita Lee e mais outros cujos os nomes me escaparam, psicadelismo + MBP).
Há ainda o “Cromo” (Iggy Pop nesse dia), a “Bancada Central”( ou seria Pancada?), que nos presenteou com o fantástico “Elvis fucking Christ” dos Cramps.
Não me parece que os autores fiquem muito preocupados com a opinião dos ouvintes, aliás eles até estavam convencidos que ninguém estava a ouvir aquilo. O que resulta num programa completamente despretensioso, com bons momentos. Ao longo das 2 horas é que é mais difícil…
Aqui a Corneta vai pensar na sua lista para mandar para operacaodrunfo@hotmail.com.
Domingo às 18h na Voxx.
Só vendo, melhor ouvindo.
Na verdade aquilo mais parecia uma conversa de café. Houve tempo para atender o telemóvel, falar do Sporting, muitos “ahhh”, “hmmm”, private jokes,toda a gente a falar ao mesmo tempo …. Passados esses fait-divers falou-se de coisas mais interessantes como rádios universitárias, jornalismo de rock, calinadas que às vezes saem nos artigos (gostei particularmente daquela de Keith Richards / Keith Jarret) a descoberta de sons novos, a irracionalidade de alguns fãns.
O programa conta com uma série de rubricas habituais como a “Lista”, 5 temas que recebem por mail ou que são sugeridas. Esta semana a selecção esteve a cargo de Fernando Magalhães. Chamaram-lhe bizarrias, eu concordo mais com o termo alucinogénicas, dado que cada uma estava conotada com a sua droga – LSD, cogumelos, …
Pelo que me lembro passaram:
-Dashiel Hedayat –Obsolete – “Eh mushroom, will you mush my room?”
-Can – Unlimited Edition
- Sonoko - La Debutant -“In heaven” – da banda sonora do Eraserhead do Lynch .
- Mutantes ( que foi um grupo brasileiro com Rita Lee e mais outros cujos os nomes me escaparam, psicadelismo + MBP).
Há ainda o “Cromo” (Iggy Pop nesse dia), a “Bancada Central”( ou seria Pancada?), que nos presenteou com o fantástico “Elvis fucking Christ” dos Cramps.
Não me parece que os autores fiquem muito preocupados com a opinião dos ouvintes, aliás eles até estavam convencidos que ninguém estava a ouvir aquilo. O que resulta num programa completamente despretensioso, com bons momentos. Ao longo das 2 horas é que é mais difícil…
Aqui a Corneta vai pensar na sua lista para mandar para operacaodrunfo@hotmail.com.
Domingo às 18h na Voxx.
Só vendo, melhor ouvindo.
Um dia falaremos disto (ou talvez não)
Jaga Jazzist - A livingroom Hush (2002) - "Lithuania" - track 09
Link
Como fica muito pesado para o nosso modesto blog fiquem só com o link...
Obrigado ao Ginger Ale do Água Tónica e Ginger Ale pelas dicas
La Bruni
O novo disco de Carla Bruni mereceu enorme destaque nas páginas dos suplementos Y e DN Mais deste fim de semana. Confesso que não ouvi ainda o seu disco, nem sequer de forma desatenta, e que até lhe dou o benefício da dúvida. Mas será que merecia destaque de 3 páginas em cada um destes jornais? (o destaque é ainda maior se somarmos as páginas dedicadas ao filme da sua irmã que estreou também este fim e semana em Portugal) A julgar pelas críticas, teríamos já ao primeiro disco uma nova Joni Mitchell ou Dusty Springfield.
Será que ser bonito basta para se prender a atenção das pessoas e estas estarem já predispostas a aceitar o que temos para dizer? Será que os jornalistas do Público e do DN Mais se deixaram seduzir pela ex-modelo que os recebeu em sua casa? Ou será que no verão não há mais nada com que encher as páginas do jornal? Fiquei com muita vontade de ouvir o disco, não por as críticas serem tão boas, mas para tirar estas questões a limpo...
Será que ser bonito basta para se prender a atenção das pessoas e estas estarem já predispostas a aceitar o que temos para dizer? Será que os jornalistas do Público e do DN Mais se deixaram seduzir pela ex-modelo que os recebeu em sua casa? Ou será que no verão não há mais nada com que encher as páginas do jornal? Fiquei com muita vontade de ouvir o disco, não por as críticas serem tão boas, mas para tirar estas questões a limpo...
A Corneta vai ao cinema
Para quem está em Lisboa esta semana, a Corneta recomenda o filme 24H Party People, em reposição no cinema Ávila (ainda por cima o bilhete custa apenas 2 Euros).
Trata-se de um documentário sobre a editora Factory e a cena musical de Manchester entre o fim dos anos 70 e o início dos anos 90, retratando o percurso de bandas como Joy Division, New Order ou Happy Mondays, entre outras.
A forma como a estória é contada, a partir do ponto de vista de Tony Wilson, o criador da Factory, é hilariante, e a banda sonora é excelente. No dizer do próprio "it's a movie about the music, and the people who make the music". A não perder...
Trata-se de um documentário sobre a editora Factory e a cena musical de Manchester entre o fim dos anos 70 e o início dos anos 90, retratando o percurso de bandas como Joy Division, New Order ou Happy Mondays, entre outras.
A forma como a estória é contada, a partir do ponto de vista de Tony Wilson, o criador da Factory, é hilariante, e a banda sonora é excelente. No dizer do próprio "it's a movie about the music, and the people who make the music". A não perder...
2003/07/20
Compras fim semana
Ontem comprei "Man with a movie camera" dos The Cinematic Orchestra e ainda não parei de ouvi-lo. No cabaz de compras veio também "Fever to tell" dos Yeah Yeah Yeahs que não entrou tão bem. Parece-me que já não tenho paciencia para esta coisa do teenage angst.
Página para ouvir tracks em Real player
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2003/07/19
Operação Drunfo
Recebemos isto na nossa caixa de correio.
Deixo aqui uma sugestão para o próximo Domingo; depois das 18h na Rádio Voxx (91.6 lisboa, 90.0 Porto) vai para o ar a 3ª emissão da Operação Drunfo, apresentada por mim (João Gonçalves) e por Vítor Junqueira. Nesta semana a Operação conta com a participação de Fernando Magalhães, jornalista na área de música do jornal O Público.Ficamos à espera das vossas reacções.
Só pelo nome já promete.
Deixo aqui uma sugestão para o próximo Domingo; depois das 18h na Rádio Voxx (91.6 lisboa, 90.0 Porto) vai para o ar a 3ª emissão da Operação Drunfo, apresentada por mim (João Gonçalves) e por Vítor Junqueira. Nesta semana a Operação conta com a participação de Fernando Magalhães, jornalista na área de música do jornal O Público.Ficamos à espera das vossas reacções.
Só pelo nome já promete.
2003/07/18
Music personality
Encontrei no blog do MEC o Pastilhas um link para testar o que os nossos gostos musicais revelam sobre a nossa personalidade (género classe social, orientação política, estilo de vida, ...).
É um pouco básico porque apenas temos que avaliar o nosso gosto por estilos de música, não grupos em concreto. Por exemplo eu gosto de alguns grupos de punk, mas não gosto de todos. No final para muitos dos estilos dei valores para o meio da tabela.
My Music Personality
Gostei tanto dos resultados (basicamente não se fica mal seja qual for a dimensão vencedora, há sempre aspectos positivos em todas) que acho que justifica o link.
É um pouco básico porque apenas temos que avaliar o nosso gosto por estilos de música, não grupos em concreto. Por exemplo eu gosto de alguns grupos de punk, mas não gosto de todos. No final para muitos dos estilos dei valores para o meio da tabela.
My Music Personality
Gostei tanto dos resultados (basicamente não se fica mal seja qual for a dimensão vencedora, há sempre aspectos positivos em todas) que acho que justifica o link.
Os Cds que me apetece comprar...
Desta vez não vou falar sobre música que já conheço, mas sobre música que ainda não conheço. Vou deixar aqui a lista de Cds que ando a pensar se devo comprar ou não...
Como sabem, isto dos Blogs não torna ninguém rico, e como a Corneta não é apoiada por nenhuma editora, quando queremos Cds novos para falar sobre eles, temos mesmo que os comprar do nosso bolso. Como o ordenado tem que ser bem esticado para dar para tudo, as vezes vale mais pedir umas opiniões antes de abrir os cordões à bolsa.
OS Cds que ultimamente me tem apetecido comprar são:
Cinematic Orchestra – Man with the Movie Camera
Fertile Ground – Seasons Change
Sven van Hees – Gemini
Tindersticks – Waiting for the moon
Tosca – Delhi 9
Victor Davies – Victor Davies
Agora assim de repente não me lembro de mais nenhum...
Como a lista está sempre a crescer e a mudar, de certeza que não vou poder comprar estes Cds todos. Por isso já sabem: ajudem-me a não gastar dinheiro em vão! Agradecem-se quaisquer comentários ou e-mails com opiniões relevantes.
Como sabem, isto dos Blogs não torna ninguém rico, e como a Corneta não é apoiada por nenhuma editora, quando queremos Cds novos para falar sobre eles, temos mesmo que os comprar do nosso bolso. Como o ordenado tem que ser bem esticado para dar para tudo, as vezes vale mais pedir umas opiniões antes de abrir os cordões à bolsa.
OS Cds que ultimamente me tem apetecido comprar são:
Cinematic Orchestra – Man with the Movie Camera
Fertile Ground – Seasons Change
Sven van Hees – Gemini
Tindersticks – Waiting for the moon
Tosca – Delhi 9
Victor Davies – Victor Davies
Agora assim de repente não me lembro de mais nenhum...
Como a lista está sempre a crescer e a mudar, de certeza que não vou poder comprar estes Cds todos. Por isso já sabem: ajudem-me a não gastar dinheiro em vão! Agradecem-se quaisquer comentários ou e-mails com opiniões relevantes.
2003/07/17
Hey o Bill Evans merece um(a) post(a)
Bill Evans foi um dos melhores pianistas de jazz de sempre, tocou com Miles Davis, teve o seu próprio trio, enfim o homem era um portento.
No CD que referi abaixo ele pôs em prática, pela primeira vez para piano, uma técnica chamada overdubbing, onde um trio de pianos são tocados todos pelo mesmo homem, o Bill. Basicamente havia o Bill Left, o Bill Center e o Bill Right , que estabeleciam entre si um diálogo (daí o título “Conversations with myself”). Os três intercambiavam-se a fazer solos ou a acompanhar. Bem isto é incrível porque há que ver que era tudo improvisado, enquanto o Sr.Bill tocava um dos Bills já sabia o que outro Bill tinha “dito” e a que Bill “ia passar a bola”. Tinha que pensar toda a peça a três dimensões.
O que resulta num álbum clássico mas rico e cheio de matizes que resultam das “falas” que fazem este diálogo.
O repertório conta com duas interpretações de composições do Thelonious Monk (“Round Midnight” e “Blue Monk”), alguns standards (como o “Stella by Starlight”) e uma canção de uma banda sonora (“Spartacus Theme” o Gladiador dos anos 60 com o Kirk Douglas).
A descobrir…
No CD que referi abaixo ele pôs em prática, pela primeira vez para piano, uma técnica chamada overdubbing, onde um trio de pianos são tocados todos pelo mesmo homem, o Bill. Basicamente havia o Bill Left, o Bill Center e o Bill Right , que estabeleciam entre si um diálogo (daí o título “Conversations with myself”). Os três intercambiavam-se a fazer solos ou a acompanhar. Bem isto é incrível porque há que ver que era tudo improvisado, enquanto o Sr.Bill tocava um dos Bills já sabia o que outro Bill tinha “dito” e a que Bill “ia passar a bola”. Tinha que pensar toda a peça a três dimensões.
O que resulta num álbum clássico mas rico e cheio de matizes que resultam das “falas” que fazem este diálogo.
O repertório conta com duas interpretações de composições do Thelonious Monk (“Round Midnight” e “Blue Monk”), alguns standards (como o “Stella by Starlight”) e uma canção de uma banda sonora (“Spartacus Theme” o Gladiador dos anos 60 com o Kirk Douglas).
A descobrir…
Mas que raio é Bill Evans?
Música de escritório
Aqui ao lado do meu cubículo há uma sala com 5 senhoras entre os seus 30-40 anos. As senhoras até são bem simpáticas, dizem “bom dia/boa tarde” e abstêm-se de fazer perguntas incómodas.
O único problema, o que perturba aqui o nosso frágil ecossistema, é que não renovam o stock de música desde o Natal. Por isso Robbie Wiliams ainda persiste, ou o grupo português Cabeças no Ar, ou a simpática Norah Jones. Mas se até são 3, para quê as queixas? São 3 a tocar, muito pouco alternados desde Dezembro!
A solução encontrada foi pôr a minha própria música mais alto, o que as colunas ranhosas ligadas ao computador permitem. Mas experimentem ouvir Bill Evans com alguma decência se por de trás, vem esse ruído de fundo, incessante …”I just wanna feel real love…”
Apesar de tudo, no campo da música de escritório há histórias mais horripilantes que a minha, asseguro-vos. Tenho uma amiga que trabalhou um ano frente a frente com uma pessoa que tinha uma “tara” pela Shania Twain. É que não era apenas Shania antiga porque a senhora continuou a editar álbuns, havia muita Shania por onde escolher…. Hoje em dia, só de ouvir shhh ela já treme.
Quem quiser, que envie a seu relato de trauma e horror com música de escritório para a_corneta@hotmail.com
Numa comparação, que não pretende fazer chalaça ou piadinha fácil porque o assunto é bem sério, sabiam que uma das formas de o governo norte-americano descobriu para “quebrar” iraquianos prisioneiros de guerra era passar Metallica e a tema Rua Sésamo ininterruptamente?
http://news.bbc.co.uk/1/hi/world/middle_east/3042907.stm
One man’s pleasure is another man’s torture.
O único problema, o que perturba aqui o nosso frágil ecossistema, é que não renovam o stock de música desde o Natal. Por isso Robbie Wiliams ainda persiste, ou o grupo português Cabeças no Ar, ou a simpática Norah Jones. Mas se até são 3, para quê as queixas? São 3 a tocar, muito pouco alternados desde Dezembro!
A solução encontrada foi pôr a minha própria música mais alto, o que as colunas ranhosas ligadas ao computador permitem. Mas experimentem ouvir Bill Evans com alguma decência se por de trás, vem esse ruído de fundo, incessante …”I just wanna feel real love…”
Apesar de tudo, no campo da música de escritório há histórias mais horripilantes que a minha, asseguro-vos. Tenho uma amiga que trabalhou um ano frente a frente com uma pessoa que tinha uma “tara” pela Shania Twain. É que não era apenas Shania antiga porque a senhora continuou a editar álbuns, havia muita Shania por onde escolher…. Hoje em dia, só de ouvir shhh ela já treme.
Quem quiser, que envie a seu relato de trauma e horror com música de escritório para a_corneta@hotmail.com
Numa comparação, que não pretende fazer chalaça ou piadinha fácil porque o assunto é bem sério, sabiam que uma das formas de o governo norte-americano descobriu para “quebrar” iraquianos prisioneiros de guerra era passar Metallica e a tema Rua Sésamo ininterruptamente?
http://news.bbc.co.uk/1/hi/world/middle_east/3042907.stm
One man’s pleasure is another man’s torture.
Estoril Jazz – Quarteto de Wayne Shorter
Concerto no Parque de Palmela em 12 de Julho de 2003
Pois é, este concerto teve lugar no passado sábado, e só agora consegui encontrar tempo para aqui escrever sobre ele, shame on me...! Mas por uma vez é agradável escrever sobre um concerto de Jazz de alguém de quem se tem pelo menos uma vaga ideia de quem é, embora deva confessar que apenas conheço os seus trabalhos mais antigos.
Para quem não sabe, passo a explicar que Wayne Shorter é um dos mais importantes saxofonistas de Jazz actuais, com uma já longa carreira, iniciada nos anos 60, tendo tocado com vários nomes sonantes da cena jazzistica, incluindo a sua participação no agrupamento com que Miles Davis gravou o histórico “Bitches Brew” (curiosamente essa característica é comum a outro dos participantes no festival do Estoril deste ano, Dave Holland). Desde essa altura o nome de Wayne Shorter é principal associado ao Jazz de fusão, tendo sido líder do grupo Weather Report.
Como se vê, esta era claramente a vedeta maior do cartaz do festival deste ano, e o público estava presente em massa: o auditório do parque de Palmela esgotou, e como cheguei mais para o tarde, só por sorte consegui um lugar decente... Segundo o jornal Público, já há vários anos que não havia uma enchente tão grande num concerto deste festival naquele auditório.
Aplica-se então o teorema “muito público + artista conceituado = expectativa elevada”. Se a expectativa era elevada, devo confessar que o concerto foi muito bom, do ponto de vista musical. Notava-se que os músicos eram muito competentes e mesmo não estando familiarizado com os temas tocados, as improvisações eram de muito boa qualidade. No saxofone, Wayne Shorter tinha uma postura de “economia de movimentos”, nunca se soltando em solos longuíssimos, optando mais por curtos solos estrategicamente colocado nos sítios certos. Em geral o concerto oscilou entre um Jazz mais “free” e a fusão com o rock, sendo fantástica a forma como o quer a bateria a solo quer em conjunto com o piano e com o baixo se aproximava da sonoridade do rock mais progressivo ou sinfónico. Destaque portanto para o baterista Brian Blade, que para além do mais parecia sempre algo desengonçado na sua bateria, o que não deixava de ter um efeito cómico.
No entanto, se o concerto foi muito bom do ponto de vista do Jazz tocado, devo confessar que as minhas expectativas foram defraudadas em relação ao espectáculo em si. Quero com isto dizer que os músicos nunca conseguiram levar o muito público presente a um nível mais exuberante de entusiasmo, e os aplausos foram sempre mais ou menos mornos, embora se calhar a chuva ligeira que caiu durante o espectáculo não tenha contribuído para tal. Nunca houve comunicação dos músicos com o público, nem mesmo para um simples obrigado ou apresentação dos músicos da banda, e não houve sequer dois sets (o que dá direito a cerca de duas horas de música, uma por set), tendo a banda optado apenas por um set de cerca de hora e meia. Tendo em conta que o concerto de Ralph Peterson na noite anterior tinha surpreendido precisamente no aspecto do entusiasmo do público, fica uma ideia estranha: certamente que o concerto de Wayne Shorter foi melhor do ponto de vista técnico ou musical, mas o concerto anterior foi superior do ponto de vista do espectáculo ou do entretenimento.
Põe-se então a questão de saber se o rei (Shorter) vai nu? Nu não foi certamente... diga-se antes que foi de roupas informais, em vez de ir de traje completo de cerimónia...
Pois é, este concerto teve lugar no passado sábado, e só agora consegui encontrar tempo para aqui escrever sobre ele, shame on me...! Mas por uma vez é agradável escrever sobre um concerto de Jazz de alguém de quem se tem pelo menos uma vaga ideia de quem é, embora deva confessar que apenas conheço os seus trabalhos mais antigos.
Para quem não sabe, passo a explicar que Wayne Shorter é um dos mais importantes saxofonistas de Jazz actuais, com uma já longa carreira, iniciada nos anos 60, tendo tocado com vários nomes sonantes da cena jazzistica, incluindo a sua participação no agrupamento com que Miles Davis gravou o histórico “Bitches Brew” (curiosamente essa característica é comum a outro dos participantes no festival do Estoril deste ano, Dave Holland). Desde essa altura o nome de Wayne Shorter é principal associado ao Jazz de fusão, tendo sido líder do grupo Weather Report.
Como se vê, esta era claramente a vedeta maior do cartaz do festival deste ano, e o público estava presente em massa: o auditório do parque de Palmela esgotou, e como cheguei mais para o tarde, só por sorte consegui um lugar decente... Segundo o jornal Público, já há vários anos que não havia uma enchente tão grande num concerto deste festival naquele auditório.
Aplica-se então o teorema “muito público + artista conceituado = expectativa elevada”. Se a expectativa era elevada, devo confessar que o concerto foi muito bom, do ponto de vista musical. Notava-se que os músicos eram muito competentes e mesmo não estando familiarizado com os temas tocados, as improvisações eram de muito boa qualidade. No saxofone, Wayne Shorter tinha uma postura de “economia de movimentos”, nunca se soltando em solos longuíssimos, optando mais por curtos solos estrategicamente colocado nos sítios certos. Em geral o concerto oscilou entre um Jazz mais “free” e a fusão com o rock, sendo fantástica a forma como o quer a bateria a solo quer em conjunto com o piano e com o baixo se aproximava da sonoridade do rock mais progressivo ou sinfónico. Destaque portanto para o baterista Brian Blade, que para além do mais parecia sempre algo desengonçado na sua bateria, o que não deixava de ter um efeito cómico.
No entanto, se o concerto foi muito bom do ponto de vista do Jazz tocado, devo confessar que as minhas expectativas foram defraudadas em relação ao espectáculo em si. Quero com isto dizer que os músicos nunca conseguiram levar o muito público presente a um nível mais exuberante de entusiasmo, e os aplausos foram sempre mais ou menos mornos, embora se calhar a chuva ligeira que caiu durante o espectáculo não tenha contribuído para tal. Nunca houve comunicação dos músicos com o público, nem mesmo para um simples obrigado ou apresentação dos músicos da banda, e não houve sequer dois sets (o que dá direito a cerca de duas horas de música, uma por set), tendo a banda optado apenas por um set de cerca de hora e meia. Tendo em conta que o concerto de Ralph Peterson na noite anterior tinha surpreendido precisamente no aspecto do entusiasmo do público, fica uma ideia estranha: certamente que o concerto de Wayne Shorter foi melhor do ponto de vista técnico ou musical, mas o concerto anterior foi superior do ponto de vista do espectáculo ou do entretenimento.
Põe-se então a questão de saber se o rei (Shorter) vai nu? Nu não foi certamente... diga-se antes que foi de roupas informais, em vez de ir de traje completo de cerimónia...
2003/07/15
Test Drive
Este fim de semana por motivos que agora nao vêm ao acaso encontrei-me num carro cheio de meninas (melhor dizer mulheres lindas, inteligentes, sofisticadas, ...) de viagem a caminho no norte. Era eu que ia conduzir, e como anfitriã perfeita que sou, perdi dois minutos a escolher a banda sonora para uma viagem de 6 horas, ida e volta.
Na realidade é um bom momento para ver o que as pessoas gostam, um focus group se quiserem, altamente feminino.
Comecei pelo "Lisboa Gare", descrito num dos posts abaixo. O segundo CD abriu em grande, com entusiasmo notório na cabine ao ponto de me perguntarem o que era aquilo. Mas lá para o meio esmoreceu e quando uma delas diz que a música lhe dava dores de cabeça (claramente a desculpa a usar em mais de um contexto) vi que aquilo estava acabado. A seguir uma amiga sacou da mala o CD dos Tribalistas, e logo entusiasmo geral, todas concordaram que o CD era óptimo. Algumas canções e já encontrávamos todas a cantar aos altos berros "Eu gosto de você e gosto de ficar com você..."Sim, é verdade que a dita canção é de novela, de titulo impressionante "Mulheres Apaixonadas", com a qual não nos sentíamos identificadas, mas de facto ajuda a fixar a letra .... O CD já existia antes da soap, vale por si mesmo e conta com músicos de alto gabarito: Marisa Monte, Carlinhos Brown e Arnaldo Antunes. Para seguir a boa onda brasileira pus o "Tanto tempo" de Bebel Giberto que aguentou até ao fim com boa recepção , embaladas por aquela voz envolvente e sensual. De seguida, e porque gosto muito, um dos álbuns mais positivos e bonitos dos Tindersticks o "Simple Pleasure". Este nao é o CD que aguente a moral do grupo, a voz do Stuart Staples requer alguma habituação...
A viagem ainda teve tempo para ouvir um pouco de jazz, um quinteto de estrelas encabeçado por Cannonball Ardderley em "Something Else" (apenas com Miles Davis, Art Blakey, Hank Jones e Sam Jones, coisa pouca portanto...). Um clássico do jazz com um swing a que ninguém fica indiferente. Era ver os dedos tamborilar...
Em jeito de conclusão, para os rapazes que queiram impressionar sus chicas, Tribalistas é aposta ganha. E até é boa música por isso nao se perde a compostura....
Uma ultima nota para agradecer os comentários que vão deixando aqui n'A Corneta, é muito bom saber que lá vamos conseguindo quebrar o gelo do anonimato na blogoesfera.
Gostávamos de poder instalar aqui o plug in para ouvir a música de que falamos, mas, por agora, tecnicamente é uma coisa que nos ultrapassa ( mas já temos uns lamirés sobre o assunto).
Na realidade é um bom momento para ver o que as pessoas gostam, um focus group se quiserem, altamente feminino.
Comecei pelo "Lisboa Gare", descrito num dos posts abaixo. O segundo CD abriu em grande, com entusiasmo notório na cabine ao ponto de me perguntarem o que era aquilo. Mas lá para o meio esmoreceu e quando uma delas diz que a música lhe dava dores de cabeça (claramente a desculpa a usar em mais de um contexto) vi que aquilo estava acabado. A seguir uma amiga sacou da mala o CD dos Tribalistas, e logo entusiasmo geral, todas concordaram que o CD era óptimo. Algumas canções e já encontrávamos todas a cantar aos altos berros "Eu gosto de você e gosto de ficar com você..."Sim, é verdade que a dita canção é de novela, de titulo impressionante "Mulheres Apaixonadas", com a qual não nos sentíamos identificadas, mas de facto ajuda a fixar a letra .... O CD já existia antes da soap, vale por si mesmo e conta com músicos de alto gabarito: Marisa Monte, Carlinhos Brown e Arnaldo Antunes. Para seguir a boa onda brasileira pus o "Tanto tempo" de Bebel Giberto que aguentou até ao fim com boa recepção , embaladas por aquela voz envolvente e sensual. De seguida, e porque gosto muito, um dos álbuns mais positivos e bonitos dos Tindersticks o "Simple Pleasure". Este nao é o CD que aguente a moral do grupo, a voz do Stuart Staples requer alguma habituação...
A viagem ainda teve tempo para ouvir um pouco de jazz, um quinteto de estrelas encabeçado por Cannonball Ardderley em "Something Else" (apenas com Miles Davis, Art Blakey, Hank Jones e Sam Jones, coisa pouca portanto...). Um clássico do jazz com um swing a que ninguém fica indiferente. Era ver os dedos tamborilar...
Em jeito de conclusão, para os rapazes que queiram impressionar sus chicas, Tribalistas é aposta ganha. E até é boa música por isso nao se perde a compostura....
Uma ultima nota para agradecer os comentários que vão deixando aqui n'A Corneta, é muito bom saber que lá vamos conseguindo quebrar o gelo do anonimato na blogoesfera.
Gostávamos de poder instalar aqui o plug in para ouvir a música de que falamos, mas, por agora, tecnicamente é uma coisa que nos ultrapassa ( mas já temos uns lamirés sobre o assunto).
2003/07/14
Uma boa definição de jazz
“What is jazz? According Wynton Marsalis jazz is music that swings. According to Pat Metheny jazz is not the music of Kenny G. According to Webster's jazz is characterized by propulsive syncopated rhythms, polyphonic ensemble playing, varying degrees of improvisation, and often deliberate distortions of pitch and timbre. Personally, I prefer the definition found in the old musician's joke about jazz being "better than sex, and it lasts longer." “
Jason West
Link para artigo
Jason West
Link para artigo
Um Nocturno para se ouvir a todas as horas
Como já devem ter reparado aqui na Corneta gostamos bastante de jazz, e vamos, meio no esquema do amador, tecendo as nossas considerações sobre este meio.
Já tardiamente, uma vez que este CD saiu em 2002, vim encontrar o magnífico “Nocturno” de Bernardo Sassetti ao piano, acompanhado por Carlos Barreto, contrabaixo e Alexandre Frazão na bateria. Facto curioso é que foi gravado na quinta de Belgais, um centro de estudo de artes que pertence a Maria João Pires e que fica perto de Castelo Branco. A gravação durou cinco dias e li que Sassetti utilizou um dos pianos da famosa pianista.
Nocturno é intimista, sofisticado, subtil e faz lembrar outros dois grandes pianistas – Bill Evans e Keith Jarret ( mas este tem a vantagem de não se ter de ouvir o “entusiasmo” de Keith Jarret durante as gravações). O CD apresenta cinco composições de Sasseti, das quais destaco “Reflexos” e “Sonho dos outros” ( se um dia se estabelecerem novos standards deste pianista português têm todos nomes bem bonitos).Há espaço ainda para dois temas do compositor catalão Federico Mompou.
Quando se compra um álbum de jazz, há sempre o receio da comprar uma coisa “esquisita”, de sair na rifa um álbum ultra experimentalista, quem sabe algo de free jazz que torne a audição difícil. Creio que aqui há que perder todos esse temores. É de agradável audição mesmo para aqueles que não gostam de jazz, sem comprometer o estilo ou execução técnica. È lírico e melódico, só como grandes pianistas podem transmitir. Não é à toa que foi considerado dos melhores editados em 2002.
Uma última nota para registar aquelas efemérides tristes. No domingo faleceram Benny Carter, um dos grandes do jazz que tocou e compôs para Count Bassie, Duke Ellington ou Dizzy Gillespie, e Compay Segundo, músico cubano popularizado pelo filme “Buena Vista Social Club”. Tinham ambos a provecta idade de 95 anos (a boa música, claramente, faz bem à saúde) e muito swing…
Já tardiamente, uma vez que este CD saiu em 2002, vim encontrar o magnífico “Nocturno” de Bernardo Sassetti ao piano, acompanhado por Carlos Barreto, contrabaixo e Alexandre Frazão na bateria. Facto curioso é que foi gravado na quinta de Belgais, um centro de estudo de artes que pertence a Maria João Pires e que fica perto de Castelo Branco. A gravação durou cinco dias e li que Sassetti utilizou um dos pianos da famosa pianista.
Nocturno é intimista, sofisticado, subtil e faz lembrar outros dois grandes pianistas – Bill Evans e Keith Jarret ( mas este tem a vantagem de não se ter de ouvir o “entusiasmo” de Keith Jarret durante as gravações). O CD apresenta cinco composições de Sasseti, das quais destaco “Reflexos” e “Sonho dos outros” ( se um dia se estabelecerem novos standards deste pianista português têm todos nomes bem bonitos).Há espaço ainda para dois temas do compositor catalão Federico Mompou.
Quando se compra um álbum de jazz, há sempre o receio da comprar uma coisa “esquisita”, de sair na rifa um álbum ultra experimentalista, quem sabe algo de free jazz que torne a audição difícil. Creio que aqui há que perder todos esse temores. É de agradável audição mesmo para aqueles que não gostam de jazz, sem comprometer o estilo ou execução técnica. È lírico e melódico, só como grandes pianistas podem transmitir. Não é à toa que foi considerado dos melhores editados em 2002.
Uma última nota para registar aquelas efemérides tristes. No domingo faleceram Benny Carter, um dos grandes do jazz que tocou e compôs para Count Bassie, Duke Ellington ou Dizzy Gillespie, e Compay Segundo, músico cubano popularizado pelo filme “Buena Vista Social Club”. Tinham ambos a provecta idade de 95 anos (a boa música, claramente, faz bem à saúde) e muito swing…
Estoril Jazz – Quinteto de Ralph Peterson
Concerto no Parque de Palmela em 11 de Julho de 2003
Que dizer sobre o concerto do quarteto de Ralph Peterson? Talvez Uau! Começo por confessar que mais uma vez desconhecia totalmente o agrupamento em questão. A noite estava bastante boa, bem melhor que a anterior, que tinha dificultado os concertos (ver post anterior). O auditório do parque de Palmela estava mais composto em termos de publico e sobretudo de publico mais jovem do que nos anteriores concertos.
Musicalmente apenas posso dizer que o concerto foi bastante cativante, com os musicos a passarem em revista o seu album actual e o anterior, bem como algumas composições de outros artistas. Ambos os sets permitiram a Ralph Peterson brilhar na bateria, tendo o primeiro set sido dominado pelos solos dos metais e o segundo deixado mais espaço ao piano e ao baixo para brilharem. Destaque também para a primeira música do segundo set, uma composição de Freddie Hubard, e para o encore com uma composição do album do grupo, “the art of war”.
Os músicos conseguiram convencer o público com a sua performance, mostrando-se este muito mais entusiasmado que nos anteriores concertos do festival. Esse entusiasmo levou mesmo o concerto a ter dois encores, um com o grupo inteiro em palco e um ultimo com Ralph Peterson a vir sozinho até ao piano. Para tal contribuiu certamente a simpatia do grupo, com Ralph Peterson a incitar à compra do CD na tenda da Fnac “You can get it at the back, in the FENAC” durante os seus muitos comentários e conversas com o público. O que é certo é que o CD esgotou e o músico terminou o concerto a assinar os CDs dos muitos fãs que certamente conquistou nesta noite magnífica.
Que dizer sobre o concerto do quarteto de Ralph Peterson? Talvez Uau! Começo por confessar que mais uma vez desconhecia totalmente o agrupamento em questão. A noite estava bastante boa, bem melhor que a anterior, que tinha dificultado os concertos (ver post anterior). O auditório do parque de Palmela estava mais composto em termos de publico e sobretudo de publico mais jovem do que nos anteriores concertos.
Musicalmente apenas posso dizer que o concerto foi bastante cativante, com os musicos a passarem em revista o seu album actual e o anterior, bem como algumas composições de outros artistas. Ambos os sets permitiram a Ralph Peterson brilhar na bateria, tendo o primeiro set sido dominado pelos solos dos metais e o segundo deixado mais espaço ao piano e ao baixo para brilharem. Destaque também para a primeira música do segundo set, uma composição de Freddie Hubard, e para o encore com uma composição do album do grupo, “the art of war”.
Os músicos conseguiram convencer o público com a sua performance, mostrando-se este muito mais entusiasmado que nos anteriores concertos do festival. Esse entusiasmo levou mesmo o concerto a ter dois encores, um com o grupo inteiro em palco e um ultimo com Ralph Peterson a vir sozinho até ao piano. Para tal contribuiu certamente a simpatia do grupo, com Ralph Peterson a incitar à compra do CD na tenda da Fnac “You can get it at the back, in the FENAC” durante os seus muitos comentários e conversas com o público. O que é certo é que o CD esgotou e o músico terminou o concerto a assinar os CDs dos muitos fãs que certamente conquistou nesta noite magnífica.
Estoril Jazz – Orquestra de Jorge Costa Pinto e Jean-Pierre Gebler Belgian All Stars
Concerto no Parque de Palmela em 10 de Julho de 2003
O concerto do Estoril Jazz desta Quinta-feira oferecia um cartaz recheado, com a actuação de orquestra de Jorge Costa Pinto e de um grupo liderado por Jean Pierre Gebler e ainda uma “surpresa” mais ou menos anunciada sob a forma de um mini-set de antigos músicos da banda do Hot Club que na década de 60 tocaram com Jean Pierre Gebler.
Convém aqui deixar desde já clara a ignorância jazzistíca deste corneteiro, que não conhecia qualquer dos músicos cuja actuação estava prevista, e que até com um certo desdem pelo produto nacional pensava que a actuação da Orquestra de Jorge Costa Pinto “não devia ser grande coisa”.
Não podia estar mais errado. O mote para a actuação desta “big band” era a homenagem às Big Bands de “West Coast Jazz” das décadas de 40 e 50, e devo dizer que resultou numa muito agradável viagem pelo tempo, num concerto de cerca de uma hora em que houve tempo para os diferentes membros da banda brilharem com os seus solos e se reviverem alguns standards mais conhecidos. Os comentários constantes do maestro Jorge Costa Pinto entre cada música acrescentaram uma mais valia didáctica, que este corneteiro agradece. Afinal parece que às vezes o que é nacional é bom.
O grupo de Jean Pierre Gebler demorou algum tempo a subir ao palco e por esta altura já o vento e o frio típicos de uma noite de verão em Cascais, e que tinham passado o tempo a fazer voar as pautas dos músicos durante a actuação anterior, começava a incomodar bastante o público. A actuação foi um bom contraponto em relação à anterior, uma vez que se passou por algumas músicas mais melódicas, com bons solos de flauta, e também por alguns momentos mais “funky”. Infelizmente o vento, o frio e o adiantado da hora prejudicaram bastante a actuação. No fim da mesma, Jean Pierre Gebler anunciou que após uma rápida alteração no palco viria a “surpresa”. No entanto o público ou não percebeu que ainda haveria um terceiro set, ou simplesmente não pode suportar o frio por mais alguns minutos, e debandou massivamente, sendo este último set cancelado. No dizer de um dos músicos “Está um frio do caraças e já cá não está ninguém!”.
Em suma: uma noite musicalmente agradável a ser estragada por uma noite desagradável, típica de Cascais...
O concerto do Estoril Jazz desta Quinta-feira oferecia um cartaz recheado, com a actuação de orquestra de Jorge Costa Pinto e de um grupo liderado por Jean Pierre Gebler e ainda uma “surpresa” mais ou menos anunciada sob a forma de um mini-set de antigos músicos da banda do Hot Club que na década de 60 tocaram com Jean Pierre Gebler.
Convém aqui deixar desde já clara a ignorância jazzistíca deste corneteiro, que não conhecia qualquer dos músicos cuja actuação estava prevista, e que até com um certo desdem pelo produto nacional pensava que a actuação da Orquestra de Jorge Costa Pinto “não devia ser grande coisa”.
Não podia estar mais errado. O mote para a actuação desta “big band” era a homenagem às Big Bands de “West Coast Jazz” das décadas de 40 e 50, e devo dizer que resultou numa muito agradável viagem pelo tempo, num concerto de cerca de uma hora em que houve tempo para os diferentes membros da banda brilharem com os seus solos e se reviverem alguns standards mais conhecidos. Os comentários constantes do maestro Jorge Costa Pinto entre cada música acrescentaram uma mais valia didáctica, que este corneteiro agradece. Afinal parece que às vezes o que é nacional é bom.
O grupo de Jean Pierre Gebler demorou algum tempo a subir ao palco e por esta altura já o vento e o frio típicos de uma noite de verão em Cascais, e que tinham passado o tempo a fazer voar as pautas dos músicos durante a actuação anterior, começava a incomodar bastante o público. A actuação foi um bom contraponto em relação à anterior, uma vez que se passou por algumas músicas mais melódicas, com bons solos de flauta, e também por alguns momentos mais “funky”. Infelizmente o vento, o frio e o adiantado da hora prejudicaram bastante a actuação. No fim da mesma, Jean Pierre Gebler anunciou que após uma rápida alteração no palco viria a “surpresa”. No entanto o público ou não percebeu que ainda haveria um terceiro set, ou simplesmente não pode suportar o frio por mais alguns minutos, e debandou massivamente, sendo este último set cancelado. No dizer de um dos músicos “Está um frio do caraças e já cá não está ninguém!”.
Em suma: uma noite musicalmente agradável a ser estragada por uma noite desagradável, típica de Cascais...
2003/07/11
Hey a MTV tuga passa coisas fixes!
Por falar em Radiohead a MTV portuguesa está a passar um concerto da banda agora mesmo. Passemos `a frente o facto de ser sexta `a noite e de eu estar em casa a ver MTV. Só não compreendo porque é que eles insistem em por “semana da música” na caixinha do lado esquerdo. Aquilo não é um canal de música ? Não dá música todas as semanas? Se calhar para a semana temos “semana das couves” e a MTV a vira TV Rural...
Hail to Radiohead
Radiohead não se discute com termos técnicos, nem vou tentar analisar no seguimento de que álbum vem o “Hail to the Thief” (será mais “OK Computer” ? será mais “Kid A/Amnesiac”?). Também me passa ao lado o título algo irónico, não é em Bush que eu penso quando ouço a música deles.
Talvez possa dizer que da primeira vez que ouvi este novo CD, não gostei logo. Como tudo o que é bom é-nos um pouco difícil…é preciso insistir e deixar as sonoridades ganharem corpo (parafraseando Santo Inácio - O essencial está na repetição). Aos poucos as músicas foram destacando-se e ganharam personalidade. Passei a reconhecer o piano do “Sail to the moon”, a letra do “I will”. Passaram a ser minhas.
A minha irmã numa observação algo infantil diz que não gosta deste tipo de música “triste”. Não há que negar que evoca algo perdido, infantil, interrogações acerca do futuro e do que nós somos. Não a consigo convencer porque gosto tanto disto. Mas de facto, o Kid A e o Amnesiac são dos poucos álbuns a que volto com frequência sem perder o gosto de reencontrar esta minha música (o The Bends ou Pablo Honey foram coisas deixadas para trás no tempo da adolescência, já não se enquadram).
Gosto imenso que seja uma música atravessada por sons que parecem sair do computador (bem literalmente devem sair…), que evocam futuros à Blade Runner dilacerados por sentimentos de desolação, de inadaptação. Quando ouvimos York a cantar everything in its right place não me parece que nada esteja no seu lugar certo, como se quisesse convencer de uma coisa que não pode controlar. Está tudo um caos. Quanto mais cirúrgico, mecânico o som mais desgarrado parece o homem. E é um conforto saber que há música triste, que me faz repousar os braços sobre o colo das pernas e fitar o vazio. Esta é a música que me justifica isso.
Suponho que mais gente deve sentir algo semelhante. Afinal o álbum está no nº1 dos tops britânicos há algum tempo e nos tops portugueses não tem estado mal. Viva a melancolia!
Talvez possa dizer que da primeira vez que ouvi este novo CD, não gostei logo. Como tudo o que é bom é-nos um pouco difícil…é preciso insistir e deixar as sonoridades ganharem corpo (parafraseando Santo Inácio - O essencial está na repetição). Aos poucos as músicas foram destacando-se e ganharam personalidade. Passei a reconhecer o piano do “Sail to the moon”, a letra do “I will”. Passaram a ser minhas.
A minha irmã numa observação algo infantil diz que não gosta deste tipo de música “triste”. Não há que negar que evoca algo perdido, infantil, interrogações acerca do futuro e do que nós somos. Não a consigo convencer porque gosto tanto disto. Mas de facto, o Kid A e o Amnesiac são dos poucos álbuns a que volto com frequência sem perder o gosto de reencontrar esta minha música (o The Bends ou Pablo Honey foram coisas deixadas para trás no tempo da adolescência, já não se enquadram).
Gosto imenso que seja uma música atravessada por sons que parecem sair do computador (bem literalmente devem sair…), que evocam futuros à Blade Runner dilacerados por sentimentos de desolação, de inadaptação. Quando ouvimos York a cantar everything in its right place não me parece que nada esteja no seu lugar certo, como se quisesse convencer de uma coisa que não pode controlar. Está tudo um caos. Quanto mais cirúrgico, mecânico o som mais desgarrado parece o homem. E é um conforto saber que há música triste, que me faz repousar os braços sobre o colo das pernas e fitar o vazio. Esta é a música que me justifica isso.
Suponho que mais gente deve sentir algo semelhante. Afinal o álbum está no nº1 dos tops britânicos há algum tempo e nos tops portugueses não tem estado mal. Viva a melancolia!
Optimus Hype@meco
Sábado 5 de Julho de 2003
Os corneteiros estiveram em força no festival do Meco, tendo este corneteiro em particular ficado com um sabor agri-doce no final do festival....
Começo por explicar que tenho por hábito ouvir a rádio oxigénio, rádio essa que na promoção deste festival conseguiu dar o verdadeiro sentido à palavra "hype". Um ouvinte mais distraído pensaria que todo o entusiasmo desta rádio se devia à segunda vinda do Cristo à terra e não a um mísero festival de música de dança. Acresce que o cartaz deste ano, na opinião deste corneteiro, era mais fraco que o de anos anteriores. Talvez porque neste ano se tenha optado por uma viragem mais "mainstream", que certamente levou mais publico ao festival, mas perdeu-se assim a oportunidade de ver artistas menos conhecidos da área das novas tendências electrónicas... ou se calhar estou só a embirrar com o Moby (ver abaixo)...
O festival do Meco continua a ser uma grande confusão e desorganização, sobretudo ao nível dos acessos e do estacionamento, sendo um pesadelo para quem se descuida e sai de casa um bocadinho mais tarde, e ao nível do pó. Custa a perceber como é que na Zambujeira todos os anos se notam melhorias a este nível e no Meco nada melhora de ano para ano, pelo contrário vai é piorando pois cada vez mais público acorre ao festival. Como este festival mais parece uma feira ou um centro comercial, de tantas marcas que lá estão a tentar vender-nos qualquer coisa (sim, só faltava uma Worten a vender electrodomésticos de linha branca... será que alguém me explica porque é que até os relógios Fossil tinham uma autêntica loja dentro do recinto? Será que um relógio é uma compra de impulso? Vá savoir...) custa a perceber como é que não gastam o dinheiro dos patrocínios a melhorar as coisas, sobretudo o estacionamento, os transportes e os acessos...
Quanto aos concertos propriamente ditos, quase apetece dizer que a única nota verdadeiramente positiva vai para o concerto de Bjork, esse sim verdadeiramente espectacular quer ao nível musical quer ao nível dos efeitos em palco. Quem viu Bjork no Coliseu à cerca de sete anos atrás e como eu se lembra de um concerto fabuloso nessa altura não ficou desiludido. Bjork e os restantes músicos deram o litro em palco, com o público português a responder à altura. Mas como no melhor pano cai a nódoa, o concerto começou quando boa parte do público ainda estava preso nas enormes filas de trânsito ou a tentar estacionar o carro...
Quanto a Moby e aos Nigthmares on Wax (os Spaceboys que nos perdoem, mas os corneteiros ainda nem estavam no Meco quando estes actuaram), só ficou a desilusão. Moby terá talvez agradado ao seu público, que parecia ser bastante, mas não aos corneteiros, que dispensavam os seus comentários constantes e irritantes e os seus solos de guitarra à "Pseudo Rock Hero", parecendo mesmo bastante contente por estar a subverter um evento de música de dança com um concerto que foi 50% rock, incluindo covers dos Led Zep e dos Stooges... Os fãs que me perdoem, mas eu fazia-lhe o mesmo que Eminem lhe faz num seu video-clip (a Corneta é, afinal de contas, uma Moby-free zone!). Quanto aos Nigthmares on Wax, fica a desilusão de vocalizações que não resultaram ao vivo e que desiludiram (e muito) quem esperava encontrar a música calma e maioritariamente instrumental que se ouve nos discos...
Nas tendas, a corneta prestou especial atenção à actuação de Dzhian & Kamien e ao DJ set do Truby Trio, sendo que o mais que se pode dizer do primeiro é que não foi mau, com o conjunto de músicos em palco a trazer uma vertente orgânica à musica electrónica que se ouve nos discos do duo, embora as versões bastante diferentes que daí resultaram não tenham chegado para nos aquecer a alma, e do segundo é que até esteve bem para um DJ set, misturando músicas mais conhecidas com outras menos para manter a tenda a dançar apesar do cansaço de muitos dos festivaleiros.
Os corneteiros passaram também rapidamente pela actuação de DJ Dolores e Orquestra Santa Massa, que parecia estar bastante animada, e pela tenda Trance onde os festivaleiros mais "hardcore" se entretiam a dançar.
Num festival desta dimensão com um palco principal e várias tendas, é sempre difícil acompanhar tudo, uma vez que tantas coisas estão a acontecer em simultâneo. Ainda assim, de tudo o que vi e ouvi, fica a sensação que apenas Bjork se destacou verdadeiramente pela positiva. A impressão final que fica dos concertos é a de "muita parra e pouca uva", acrescida de uma monumental confusão nos acessos e estacionamentos que é suficiente para acabar com a paciência a um santo (sobretudo procurar o carro num parque que está totalmente às escuras e onde as diferentes áreas estão muito mal assinaladas... afinal de contas, porque raio é que para estacionar, há sempre alguém da organização para nos indicar o caminho... mas depois para encontrar o carro, não há sequer um candeeiro para iluminar o parque?).
Os corneteiros estiveram em força no festival do Meco, tendo este corneteiro em particular ficado com um sabor agri-doce no final do festival....
Começo por explicar que tenho por hábito ouvir a rádio oxigénio, rádio essa que na promoção deste festival conseguiu dar o verdadeiro sentido à palavra "hype". Um ouvinte mais distraído pensaria que todo o entusiasmo desta rádio se devia à segunda vinda do Cristo à terra e não a um mísero festival de música de dança. Acresce que o cartaz deste ano, na opinião deste corneteiro, era mais fraco que o de anos anteriores. Talvez porque neste ano se tenha optado por uma viragem mais "mainstream", que certamente levou mais publico ao festival, mas perdeu-se assim a oportunidade de ver artistas menos conhecidos da área das novas tendências electrónicas... ou se calhar estou só a embirrar com o Moby (ver abaixo)...
O festival do Meco continua a ser uma grande confusão e desorganização, sobretudo ao nível dos acessos e do estacionamento, sendo um pesadelo para quem se descuida e sai de casa um bocadinho mais tarde, e ao nível do pó. Custa a perceber como é que na Zambujeira todos os anos se notam melhorias a este nível e no Meco nada melhora de ano para ano, pelo contrário vai é piorando pois cada vez mais público acorre ao festival. Como este festival mais parece uma feira ou um centro comercial, de tantas marcas que lá estão a tentar vender-nos qualquer coisa (sim, só faltava uma Worten a vender electrodomésticos de linha branca... será que alguém me explica porque é que até os relógios Fossil tinham uma autêntica loja dentro do recinto? Será que um relógio é uma compra de impulso? Vá savoir...) custa a perceber como é que não gastam o dinheiro dos patrocínios a melhorar as coisas, sobretudo o estacionamento, os transportes e os acessos...
Quanto aos concertos propriamente ditos, quase apetece dizer que a única nota verdadeiramente positiva vai para o concerto de Bjork, esse sim verdadeiramente espectacular quer ao nível musical quer ao nível dos efeitos em palco. Quem viu Bjork no Coliseu à cerca de sete anos atrás e como eu se lembra de um concerto fabuloso nessa altura não ficou desiludido. Bjork e os restantes músicos deram o litro em palco, com o público português a responder à altura. Mas como no melhor pano cai a nódoa, o concerto começou quando boa parte do público ainda estava preso nas enormes filas de trânsito ou a tentar estacionar o carro...
Quanto a Moby e aos Nigthmares on Wax (os Spaceboys que nos perdoem, mas os corneteiros ainda nem estavam no Meco quando estes actuaram), só ficou a desilusão. Moby terá talvez agradado ao seu público, que parecia ser bastante, mas não aos corneteiros, que dispensavam os seus comentários constantes e irritantes e os seus solos de guitarra à "Pseudo Rock Hero", parecendo mesmo bastante contente por estar a subverter um evento de música de dança com um concerto que foi 50% rock, incluindo covers dos Led Zep e dos Stooges... Os fãs que me perdoem, mas eu fazia-lhe o mesmo que Eminem lhe faz num seu video-clip (a Corneta é, afinal de contas, uma Moby-free zone!). Quanto aos Nigthmares on Wax, fica a desilusão de vocalizações que não resultaram ao vivo e que desiludiram (e muito) quem esperava encontrar a música calma e maioritariamente instrumental que se ouve nos discos...
Nas tendas, a corneta prestou especial atenção à actuação de Dzhian & Kamien e ao DJ set do Truby Trio, sendo que o mais que se pode dizer do primeiro é que não foi mau, com o conjunto de músicos em palco a trazer uma vertente orgânica à musica electrónica que se ouve nos discos do duo, embora as versões bastante diferentes que daí resultaram não tenham chegado para nos aquecer a alma, e do segundo é que até esteve bem para um DJ set, misturando músicas mais conhecidas com outras menos para manter a tenda a dançar apesar do cansaço de muitos dos festivaleiros.
Os corneteiros passaram também rapidamente pela actuação de DJ Dolores e Orquestra Santa Massa, que parecia estar bastante animada, e pela tenda Trance onde os festivaleiros mais "hardcore" se entretiam a dançar.
Num festival desta dimensão com um palco principal e várias tendas, é sempre difícil acompanhar tudo, uma vez que tantas coisas estão a acontecer em simultâneo. Ainda assim, de tudo o que vi e ouvi, fica a sensação que apenas Bjork se destacou verdadeiramente pela positiva. A impressão final que fica dos concertos é a de "muita parra e pouca uva", acrescida de uma monumental confusão nos acessos e estacionamentos que é suficiente para acabar com a paciência a um santo (sobretudo procurar o carro num parque que está totalmente às escuras e onde as diferentes áreas estão muito mal assinaladas... afinal de contas, porque raio é que para estacionar, há sempre alguém da organização para nos indicar o caminho... mas depois para encontrar o carro, não há sequer um candeeiro para iluminar o parque?).
2003/07/10
Lisboa Gare 2 - em alta rotação no escritório
Hoje em dia qualquer boteco que se preze tem a sua própria compilação. A saber, “Alcântara – Café” , “Amo-te Chiado”, “Docas - Doca de Santo Amaro”, “Pavilhão Chinês”, “Carlton Palace Hotel – Suite Royale” (?!? e porquê apenas a suite royale?), … Por isso não se admirem se encontrarem na FNAC uma compilação do vosso tasco preferido, género “Ti Ana - chill out”.
È nesta lógica que surge o Lisboa Gare. Trata-se de uma colecção em que se convidam DJs da noite Portuguesa a apresentarem a sua selecção musical, influenciada por gostos pessoais mas também pelos espaços que animam. Podia armar-me em esperta e dizer que qualquer palhaço pode fazer isso. O meu primo também faz as suas compilações com o seu gravador de CD (capa impressa a jacto de tinta incluída) e são grátis. Mas suponho que estes terão umas escolhas menos óbvias.
O ano passado saiu o primeiro CD da colecção que esteve a cargo da Yeng Sung, a DJ residente do Lux (está na foto acima). Este ano coube a vez a Rui Murka, DJ residente do Frágil e um homem da rádio (creio que agora está na Oxigénio), e é este que eu tenho.
O estilo é híbrido: electro, downtempo, broken beat, hip hop, misturado com laivos de jazz. Se olharem para as escolhas dos grupos, como me aconteceu a mim, acho que ficam na mesma. O Rui Murka tem o seu gosto eclético. Há alguns nomes mais ou menos sonoros como Cinematic Orchestra, Jazzanova , outros nada (Jah Wobble, Bill Laswell, Château Flight), o que é de salutar. Compilações com os mesmos de sempre - Tosca , Thievery Corporation, Groove Armada - está o mercado cheio. Temos também faixa produzida pelo próprio Murka em colaboração com Kaspar (o MC dos Bullet que dá a voz), o que convenhamos, é modesto em termos de autopromoção.
O CD é duplo, sendo que o primeiro apresenta um som electrónico, mais para a pista, talvez por isso um pouco repetitivo. O que gostei mais foi do “War with the devil” de Johnny Dangerous (love the names), em que o cantor com voz de chofre diz “I say Satan won’t let my people go free…”.
O segundo é mais calmo e bem mais jazzy. Tem boas faixas do Fitchie, Bullet, Cinametic Orchestra. O caldo quase fica um entornado quando lá para o meio do CD aparece um clarinete amaricado que me faz lembrar Kenny G. Mas o Rui acaba por salvar o dia… quase no fim surge Chet Baker com o delicioso “Let’s get lost”. Para os romantic suckers como eu este tipo de canções traz sempre reminiscências de momentos passados com ex-pombinhos. Canção ideal para surpreender o pombinho na cozinha e começar a dançar, ou quem sabe pôr a tocar enquanto se oferece uns bilhetes para fim-de-semana romântico (mas isto já sou eu a delirar porque pombinhos passados não se aperceberam do verdadeiro potencial da música …).
Como em todas as compilações não se pode gostar de tudo, e em 28 faixas há muito por onde escolher. A grande vantagem de comprar este tipo de Cds é poder ouvir grupos que não têm rotação nas rádios e até identificar alguns (“ah isto é destes ??”). Como já referi, gostei bastante do segundo CD, que acho que vai continuar em rotação por mais algum tempo aqui no escritório. Com alguma sorte ainda passa para o carro.
È nesta lógica que surge o Lisboa Gare. Trata-se de uma colecção em que se convidam DJs da noite Portuguesa a apresentarem a sua selecção musical, influenciada por gostos pessoais mas também pelos espaços que animam. Podia armar-me em esperta e dizer que qualquer palhaço pode fazer isso. O meu primo também faz as suas compilações com o seu gravador de CD (capa impressa a jacto de tinta incluída) e são grátis. Mas suponho que estes terão umas escolhas menos óbvias.
O ano passado saiu o primeiro CD da colecção que esteve a cargo da Yeng Sung, a DJ residente do Lux (está na foto acima). Este ano coube a vez a Rui Murka, DJ residente do Frágil e um homem da rádio (creio que agora está na Oxigénio), e é este que eu tenho.
O estilo é híbrido: electro, downtempo, broken beat, hip hop, misturado com laivos de jazz. Se olharem para as escolhas dos grupos, como me aconteceu a mim, acho que ficam na mesma. O Rui Murka tem o seu gosto eclético. Há alguns nomes mais ou menos sonoros como Cinematic Orchestra, Jazzanova , outros nada (Jah Wobble, Bill Laswell, Château Flight), o que é de salutar. Compilações com os mesmos de sempre - Tosca , Thievery Corporation, Groove Armada - está o mercado cheio. Temos também faixa produzida pelo próprio Murka em colaboração com Kaspar (o MC dos Bullet que dá a voz), o que convenhamos, é modesto em termos de autopromoção.
O CD é duplo, sendo que o primeiro apresenta um som electrónico, mais para a pista, talvez por isso um pouco repetitivo. O que gostei mais foi do “War with the devil” de Johnny Dangerous (love the names), em que o cantor com voz de chofre diz “I say Satan won’t let my people go free…”.
O segundo é mais calmo e bem mais jazzy. Tem boas faixas do Fitchie, Bullet, Cinametic Orchestra. O caldo quase fica um entornado quando lá para o meio do CD aparece um clarinete amaricado que me faz lembrar Kenny G. Mas o Rui acaba por salvar o dia… quase no fim surge Chet Baker com o delicioso “Let’s get lost”. Para os romantic suckers como eu este tipo de canções traz sempre reminiscências de momentos passados com ex-pombinhos. Canção ideal para surpreender o pombinho na cozinha e começar a dançar, ou quem sabe pôr a tocar enquanto se oferece uns bilhetes para fim-de-semana romântico (mas isto já sou eu a delirar porque pombinhos passados não se aperceberam do verdadeiro potencial da música …).
Como em todas as compilações não se pode gostar de tudo, e em 28 faixas há muito por onde escolher. A grande vantagem de comprar este tipo de Cds é poder ouvir grupos que não têm rotação nas rádios e até identificar alguns (“ah isto é destes ??”). Como já referi, gostei bastante do segundo CD, que acho que vai continuar em rotação por mais algum tempo aqui no escritório. Com alguma sorte ainda passa para o carro.
Estoril Jazz - Jazz at the Philarmonic
Concerto no Parque de Palmela em 4 de Julho de 2003
Este corneteiro não tem qualquer pretenção a “connaiseur” de Jazz, pelo que as impressões a apresentar sobre este concerto serão necessariamente muito limitadas. O concerto benefeciou de uma noite bastante boa para os standards das noites de verão de Cascais, com o vento e a humidade do mar a darem tréguas, proporcionando uma noite agradável para se ouvir um concerto de Jazz ao ar livre. O conceito do concerto era o de ter um grupo de músicos que não estivesse habituado a tocar junto a improvisar em torno da obra de Dizzy Gillespie. O concerto foi bastante cativante embora o público estivesse algo morto, talvez devido à média de idades elevada da assistência, indo o destaque para o piano de Cedar Walton, que embora desconhecido pela corneta se revelou bastante bom... e para os buzios (sim, buzios...) soprados pelo trobonista Steve Turre (será que é assim que se escreve?) numa das últimas músicas do concerto. A impressão que fica é a de um bom começo para esta edição do Estoril Jazz, que a Corneta vai acompanhar mais ou menos de perto, estando já a antecipar o concerto do quarteto de Wayne Shorter que se espera venha a ser bastante bom.
Este corneteiro não tem qualquer pretenção a “connaiseur” de Jazz, pelo que as impressões a apresentar sobre este concerto serão necessariamente muito limitadas. O concerto benefeciou de uma noite bastante boa para os standards das noites de verão de Cascais, com o vento e a humidade do mar a darem tréguas, proporcionando uma noite agradável para se ouvir um concerto de Jazz ao ar livre. O conceito do concerto era o de ter um grupo de músicos que não estivesse habituado a tocar junto a improvisar em torno da obra de Dizzy Gillespie. O concerto foi bastante cativante embora o público estivesse algo morto, talvez devido à média de idades elevada da assistência, indo o destaque para o piano de Cedar Walton, que embora desconhecido pela corneta se revelou bastante bom... e para os buzios (sim, buzios...) soprados pelo trobonista Steve Turre (será que é assim que se escreve?) numa das últimas músicas do concerto. A impressão que fica é a de um bom começo para esta edição do Estoril Jazz, que a Corneta vai acompanhar mais ou menos de perto, estando já a antecipar o concerto do quarteto de Wayne Shorter que se espera venha a ser bastante bom.
A minha primeira cornetada
Aqui na corneta, quando há dinheiro a malta vai a concertos. Como estamos em julho e até vai havendo dinheiro à conta dos subsídios de férias, a malta foi a concertos este fim de semana, a saber, ao concerto de abertura do Estoril Jazz e ao festival do Meco. As nossas primeiras cornetadas vão ser as criticas a esses dois concertos... críticas? Nos não percebemos nada disto para criticar seja quem for... chamem-lhes antes as nossas “impressões”!
2003/07/01
Regras da casa
Este é um blog que fala sobre música. Música que se põe baixinho no trabalho, que se ouve no carro a caminho de casa, música que apetece ouvir aos altos berros num sábado de manhã. Quando há dinheiro a malta vai a concertos. Por falar nisso aceitam-se alvíssaras.
É escrito pela Harry, pelo Ron e pela Hermione (afinal não pode porque já há um blog feito por 3 bonecos - O blog dos Marretas). Sendo assim é pelo Bruno, o Tiago e a Sofia. É toda a informação relevante que necessitam, afinal não é como se fôssemos jantar juntos não é?
Na realidade somos um grupo de amigos que normalmente vai a concertos juntos e que quando se junta ocupa uma boa parte da sua conversa a falar sobre música. Em termos de c.v. temos pouco a apresentar, apenas gastamos uma grande fatia do orçamento na compra de novos Cds (às vezes uns até vêm dos States, da Mamazon Us …uhhhhh).
Pensámos que seria engraçado deixar alguns posts sobre esses Cds que andamos a ouvir ou concertos que pensamos ir (assim poupa-se o trabalho de ter de marcar encontros...), e quem sabe, talvez encontrar nesse espaço conhecido por blogosfera, pessoas que comungam do nosso gosto musical e que gostariam de trocar umas ideias sobre o assunto.
Não é uma crítica profissional (até porque as nossas profissões são outras), nem pretende ser. É mesmo um blog despretensioso sobre música.
Um grande bem haja para todos e boas músicas.
A GERÊNCIA
É escrito pela Harry, pelo Ron e pela Hermione (afinal não pode porque já há um blog feito por 3 bonecos - O blog dos Marretas). Sendo assim é pelo Bruno, o Tiago e a Sofia. É toda a informação relevante que necessitam, afinal não é como se fôssemos jantar juntos não é?
Na realidade somos um grupo de amigos que normalmente vai a concertos juntos e que quando se junta ocupa uma boa parte da sua conversa a falar sobre música. Em termos de c.v. temos pouco a apresentar, apenas gastamos uma grande fatia do orçamento na compra de novos Cds (às vezes uns até vêm dos States, da Mamazon Us …uhhhhh).
Pensámos que seria engraçado deixar alguns posts sobre esses Cds que andamos a ouvir ou concertos que pensamos ir (assim poupa-se o trabalho de ter de marcar encontros...), e quem sabe, talvez encontrar nesse espaço conhecido por blogosfera, pessoas que comungam do nosso gosto musical e que gostariam de trocar umas ideias sobre o assunto.
Não é uma crítica profissional (até porque as nossas profissões são outras), nem pretende ser. É mesmo um blog despretensioso sobre música.
Um grande bem haja para todos e boas músicas.
A GERÊNCIA