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2003/07/10

Lisboa Gare 2 - em alta rotação no escritório 

Hoje em dia qualquer boteco que se preze tem a sua própria compilação. A saber, “Alcântara – Café” , “Amo-te Chiado”, “Docas - Doca de Santo Amaro”, “Pavilhão Chinês”, “Carlton Palace Hotel – Suite Royale” (?!? e porquê apenas a suite royale?), … Por isso não se admirem se encontrarem na FNAC uma compilação do vosso tasco preferido, género “Ti Ana - chill out”.

È nesta lógica que surge o Lisboa Gare. Trata-se de uma colecção em que se convidam DJs da noite Portuguesa a apresentarem a sua selecção musical, influenciada por gostos pessoais mas também pelos espaços que animam. Podia armar-me em esperta e dizer que qualquer palhaço pode fazer isso. O meu primo também faz as suas compilações com o seu gravador de CD (capa impressa a jacto de tinta incluída) e são grátis. Mas suponho que estes terão umas escolhas menos óbvias.



O ano passado saiu o primeiro CD da colecção que esteve a cargo da Yeng Sung, a DJ residente do Lux (está na foto acima). Este ano coube a vez a Rui Murka, DJ residente do Frágil e um homem da rádio (creio que agora está na Oxigénio), e é este que eu tenho.

O estilo é híbrido: electro, downtempo, broken beat, hip hop, misturado com laivos de jazz. Se olharem para as escolhas dos grupos, como me aconteceu a mim, acho que ficam na mesma. O Rui Murka tem o seu gosto eclético. Há alguns nomes mais ou menos sonoros como Cinematic Orchestra, Jazzanova , outros nada (Jah Wobble, Bill Laswell, Château Flight), o que é de salutar. Compilações com os mesmos de sempre - Tosca , Thievery Corporation, Groove Armada - está o mercado cheio. Temos também faixa produzida pelo próprio Murka em colaboração com Kaspar (o MC dos Bullet que dá a voz), o que convenhamos, é modesto em termos de autopromoção.

O CD é duplo, sendo que o primeiro apresenta um som electrónico, mais para a pista, talvez por isso um pouco repetitivo. O que gostei mais foi do “War with the devil” de Johnny Dangerous (love the names), em que o cantor com voz de chofre diz “I say Satan won’t let my people go free…”.

O segundo é mais calmo e bem mais jazzy. Tem boas faixas do Fitchie, Bullet, Cinametic Orchestra. O caldo quase fica um entornado quando lá para o meio do CD aparece um clarinete amaricado que me faz lembrar Kenny G. Mas o Rui acaba por salvar o dia… quase no fim surge Chet Baker com o delicioso “Let’s get lost”. Para os romantic suckers como eu este tipo de canções traz sempre reminiscências de momentos passados com ex-pombinhos. Canção ideal para surpreender o pombinho na cozinha e começar a dançar, ou quem sabe pôr a tocar enquanto se oferece uns bilhetes para fim-de-semana romântico (mas isto já sou eu a delirar porque pombinhos passados não se aperceberam do verdadeiro potencial da música …).

Como em todas as compilações não se pode gostar de tudo, e em 28 faixas há muito por onde escolher. A grande vantagem de comprar este tipo de Cds é poder ouvir grupos que não têm rotação nas rádios e até identificar alguns (“ah isto é destes ??”). Como já referi, gostei bastante do segundo CD, que acho que vai continuar em rotação por mais algum tempo aqui no escritório. Com alguma sorte ainda passa para o carro.



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