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2003/08/29

Cenas dos próximos capítulos 

A época Outono/Inverno marca o regresso a tendências marcadamente indoors. Retoma dos velhos recintos, ambientes cerrados, com cadeiras, bem mais ao meu gosto. O que me faz salivar:

- Tindersticks Coliseu do Porto 19 de Outubro. Um bocado à sulista acho mal esta mania iniciada pelo Caetano de só ir ao Norte, mas concedo, Lisboa na maior parte das vezes é que fica a ganhar. Também só são 3 horitas de estrada caramba!

- João Gilberto 20 de Outubro Coliseu de Lisboa. Rezemos para que não lhe dê um “vaipe”, que esteja bem de saúde, toque o concerto inteiro e que não desafine (bem talvez no “ Desafinado”).

- Chick Corea no Rivoli,Porto a 18 de Novembro. Oportunidade única para ver o um dos protagonistas do jazz de fusão (lembrar “Bitches brew” com Miles Davis e mais 12 macacos …). Pena que seja uma terça. Lá terei de arranjar um esquema.Festival de jazz no Porto

- Rolling Stones na inauguração do estádio de Coimbra. Não me faz salivar antes preocupa-me.
Onde se vendem os bilhetes (isto é o que se chama a papinha feita....)
Post de Intervenções Sonoras


2003/08/28

Uma ajudinha 

Pessoa amiga deixa aqui stream (bem, na realidade são 3 minutos) da faixa referida abaixo para facilitar a descoberta.

THE CALL OF THE WILD

(como não temos cornetadas sobre estas experiências fico sempre com dúvidas...será que isto dá? No meu computador ouve-se bem. E no vosso?)


2003/08/27

Summer is over baby 

Hoje ouvi uma pessoa amiga dizer: “isto está uma chatice, o verão está a acabar, já se nota no trânsito e na quantidade de pessoas nos restaurantes à hora de almoço”. Para ajudar, o dia acordou super cinzento e depressivo.

De tarde olhei pela Janela e estava um sol lindo a brilhar no meio de uma mistura de nuvens branco sujo. Lembrei me da canção ideal para acompanhar este dia de fim de verão: The Call of the Wild, de Jimi Tenor (na versão que está em Attention dos Gus Gus). Fica o primeiro parágrafo da letra:


Summer is over baby
but I still feel the heat
warming my body
warming my soul
and when you lie next to me baby
smelling so sweet
sun seems to shine brighter
and dry the moist sheath


Descubram-na!


When summer's gone where will we be * 

Hoje não apetecia escrever nada, quanto mais ouvir. Por acaso pus a tocar “So much for the city” dos The Thrills e pensei que estava perfeito.


[the_thrills]




Perfeito para este dia tingido de cinzento. Perfeito para o fim de Verão. A banda é de Dublin, como convém aos verdadeiros melancólicos e conta com o alto patrocínio de Morrisey. Evoca-se a praia (Santa Cruz), marés, surf, amores de estação, musas, deckchairs. Tudo acentuado pela voz torturada de Conor Deasy, muita harmónica à mistura, coros, órgão como já não ouvia desde os anos 70. E sim é uma espécie de homage aos Beach Boys. Não é nada de novo, mas sabe bem de vez em quando dar corda à nostalgia.

OLD FRIENDS NEW LOVERS

Como diria a Mary-John ali do apensarmorreumburro é muito "tangueta" (acho que se aplica bem o aqui termo).

* pois copyright para os Doors sff


2003/08/26

Serviço Público 

Após aturada reflexão resolvi ir ao encontro dos interesses dos nossos leitores. Quem queira mp3, letras (lyrics), covers , cd dos Toranja é favor de se dirigir ao site oficial da banda. Amigos aqui não há nada, rien, niente de Toranja. Só os ouvimos uma vez no Sudoeste. O mesmo se aplica ao Boss AC, aos Cabeças no Ar, ao David Fonseca (bem esse temos de o gramar em mais sítios). Um site óptimo para encontrar letras, ouvir streams, álbuns editados e notícias sobre estes e muitos outros artistas portugueses é o Cotonete. Vão lá.

Prémio what the fuck da semana vai para as seguintes pesquisas (mais extraordinário é que acharam que o nosso blog apresentava argumentos suficientes para justificar o click):
- "corneta forte para o carro"
- "documentário género híbrido"
- "fotos penis grátis"




Receita para um fim de tarde bem passado (antes que o verão acabe): 

Ingredientes:

Uma esplanada à beira mar plantada.
Um por do sol cor de laranja a virar para o vermelho/roxo
Um vento quentinho vindo do mar
Um Jet Sounds de Nicola Conte.


[jet_sounds]


Preparação :

Sente-se na esplanada e apanhe na cara, a gosto, o vento quentinho vindo do mar. Aprecie o por do sol de forma introspectiva. Envolva tudo em Jet Sounds, sem moderação. Resista à vontade de “dançar sentado” e rejubile!

Adenda:

Esta receita só funciona com o disco original, não com o disco de remisturas “Jet Sounds Revisited” que é de qualidade inferior e não permite atingir o efeito desejado.


2003/08/25

Delicacy 

Reza a história que ainda na escola Richard Dorfmeister e o seu amigo Rupert Huber criam o grupo Dehli 9 no qual faziam experiências com K7’s, música indiana e letra poéticas.

Richard cresceu e formou parte de uma das duplas mais influentes da música electrónica, a K+D (com Peter Kruder) que se populariza pelos seus Dj sets e com o ultra famoso K&D Sessions (98). Entretanto florescem projectos paralelos; Kruder dedica-se aos Peace Orchestra e Dorfmeister volta a encontrar o seu amigo da adolescência com quem cria os Tosca. Parece que os projectos paralelos assumiram mais importância do que estava previsto no início porque o duo fantástico não voltou a editar nada de novo desde 98…

Os Tosca já têm uma carreira considerável (“Chocolat Elvis”, “Fuck Dub”, “Opera” e “Suzuki”) e tudo o que é compilação Chill Out tem o seu nome inscrito. Este ano editaram Dehli 9 (olha, não é que é o nome da primeira banda dos petizes?) uma continuidade na aposta de sonoridades dub e dowtempo.



[tosca]



Trata-se de um Cd duplo, sendo que o primeiro apresenta as criações da dupla e o segundo as peças minimalistas para piano de Huber, 12 no total. Em relação a trabalhos passados nota-se a incorporação de mais temas cantados, contam aliás com bastantes cantores convidados (Anna Clementi que também cantou em Suzuki, MC Sugar B, Graf Hadik e Earl Zinger), sendo por isso um cd menos de ambientes mas mais cada tema por si. Tenta-se também combinar novos instrumentos como flauta, piano (destaco a “Wonderful” com Earl Zinger) que torna o trabalho mais alegre e vivo.

Claro que a sensação com que se fica é de certa forma estar a repetir mais do mesmo (de “Suzuki” ), com o inconveniente de não ter a unidade que este trabalho apresentava. Realmente de entre os vários álbuns de música electrónica que conheço não existe outro com um alinhamento tão claro, tão coerente (um álbum aninhado entre pérolas, quem se pode esquecer de “Pearl in” e “Pearl out”?).
Por isso, apesar de ser uma experiência auditiva agradável, mesmo relaxante, fiquei com a sensação nítida de estar um degraus abaixo de “Suzuki”.

Uma última nota para registar que os Tosca passaram pelo Lux este Junho mas aquilo foi uma desilusão. Quiseram dar um tom reggae a muitos dos sons perfeitos de Suzuki e os cantores que acompanhavam o Dj Set (julgo que eram MC Sugar e Earl Zinger) resultaram ser uns chatos com muita incitação à “ganza” e outros gritos de guerra (ou de “não” à guerra). Mais ao menos o que aconteceu à actuação dos Nightmare on Wax no Meco, para quê estragar a música original incorporando coros e vozes soul/reggae/rasta man o quer que seja?


Um cheirinho de wonderful (foi o que se arranjou)


2003/08/22

iPod 


[bill]

Há muito que tenho o desejo fútil de comprar um iPod. O design é lindo, sedutor mesmo, muito melhor que o de qualquer outro leitor de MP3. E a ideia de andar sempre com a nossa música para todo lado (visto que cabem lá algumas centenas de CDs dentro) também me parece muito boa.

Mas como o preço é ainda bastante elevado (e se calhar vai ser sempre, pois em vez do preço cair, vão saindo novas versões com cada vez mais capacidade) e não me agrada a ideia de ter um trabalhão a transferir uma ou duas centenas de CDs para MP3 para os poder passar para dentro do iPod, nunca me entusiasmei ao ponto de comprar um.

Ainda assim, no outro dia vi um rapaz a usar um na praia e o ímpeto consumista foi avivado! Se houver por aí alguém que tenha usado um iPod e que o recomende ou desaconselhe, por favor deixe um comentário.


2003/08/21

Trânsito 

Para problemas com o trânsito a Corneta recomenda Experience Hendrix.

[Hendrix]

Para pôr no carro muito alto.

CROSSTOWN TRAFFIC


Erros de gramática nas letras pop 

Vou buscar a inspiração às fontes mais estranhas. Quem utilize o Hotmail deve estar familiarizado com uns links para uma série de artigos inúteis (género "como combinar mala com os brincos") que aparecem da parte direita da página inicial, vulgo my MSN. Mas nem tudo é futilidade, entre esses links está um para uma coluna semanal sobre erros de gramática, inglesa no caso, que além de divertida ensina muito. No outro dia o tema era a pobre gramática das letras pop - grammar pop flacid.

Retiro dois excertos (o mais divertidos acho):

"Just listen to Britney Spears. If you're not distracted by the shiny clothes, gratuitous pythons, and gyrating dance moves, the words of their songs are revealed to be weaker than a wall of pudding.
In "Overprotected," Britney sings,

"Say hello to the girl that I am!
You're gonna have to see through my perspective
I need to make mistakes just to learn who I am
And I don't wanna be so damn protected"

Britney might need to make mistakes to learn who she is. But grammar mistakes don't lead to self-discovery, they just make people sound dumb. She should have sung, "Say hello to the girl who I am." "That" is for animals and inanimate objects, such as hair extensions. "



Peter Frampton: '70s icon and sensitive songwriter--sensitive to everyone but his high school English teacher, that is. Although Frampton's lyrics aren't the worst that have ever been written, some fall squarely into the hopelessly confusing category.
A good example is the song, “Can't Take That Away,” which goes like this:

"Like a fool I'd been waiting - until you came along
You made a blind man see
Your love made all the difference
And nobody.... can't take that away from me"

Ignoring the worn-out cliché of the blind man cured by the balm of love, focus on the two last lines. "Your love made all the difference, and nobody can't take that away from me." In other words, everybody can take it away from me. "


The bottom line here is that if you know the rules, you can increase the power of your writing by breaking them. But if you don't have a grip on grammar, you're most likely going to sound stupid.

Link para o artigo

Ninguém está livre de dar os seus tropeções na gramática, ainda ontem vi com horror que tinha escrito "a prepósito" e ao reler os meus posts lá vai mais um pouco de amor-próprio ao verificar atentados à língua e ao estilo. Ok Frampton não é propriamente o Leonard Cohen e gozar com a Britney Spears é algo básico…mas irrecusável!

Ainda tentei puxar pela cabeça para ver se encontrava um exemplo na pop portuguesa (GNR, Sétima Legião, Táxi, sei lá...), mas acho que são todos grupos gramaticalmente correctos.



2003/08/20

Boas experiências 

Começo a minha série de sugestões pelos cd’s de jazz.

Num pequeno aparte diga-se de passagem que é sempre um prazer comprar um CD de jazz porque além de bolsa friendly (obra primas como o “A Love Supreme “ do Coltrane ou “ Birth of theCool” do Miles Davis não ultrapassam os 12 Euros… é dado!), são musicalmente relevantes, estamos a comprar algo como os brócolos do género musical (faz bem ouvir e ajuda a crescer ).

Posto isto, os meus spots favoritos são: a tal loja do Plazza, as Fnac se se excluir a interacção humana (o Tiago aqui da Corneta diz que a do CascaisShopping é a melhor) e surpresa, a secção de jazz do El Corte Inglês. Sim, nesta última para além da variedade temos (espero que ainda tenha) a atender uma senhora simpática e entendida. Mas não adiem o Cd de jazz que poderão comprar hoje, porque até na Worten eu comprei uma Special Edition de um dos Coltrane (12 euros acho eu…).

Há ainda que mencionar a Flur, uma loja para Djs que tem muita coisa para oferecer, que fica em frente ao Lux. Os preços são mesmo bons e os empregados disponíveis (com as 20/30 pessoas lêem este blog não acho que incorremos no risco de encher aquilo e alterar o seu estado de loja semi-obscura).

No Bairro Alto também se encontram algumas lojas de Cd’s em segunda mão interessantes ou aqueles estaminés híbridos que vendem ténis, roupa, música e ainda te arranjam o cabelo. Para quem goste.

Aceitam-se mais sugestões , e já agora pelo resto do país...


Shopping 

Vou estrear aqui um post itálico aproveitando um dos comentários deixado pelo T.Loy:

"Há uns tempos perdi uma bolsa de CDs, que tinha na altura alguns dos meus preferidos - pior, alguns bem difíceis de encontrar. Tenho vindo a comprá-los pouco a pouco, porque nem sempre há (os CDs ou os €).

Mas ontem fui à RM (?) do Plaza e perguntei pelo "Aion" dos Dead Can Dance. A resposta da empregada foi interessante: Não temos música Pop.

Confesso que fiquei muito mais elucidado, pois antes tinha alguma dificuldade em encaixar os DCD em algum género que não apenas alternativo. Agora já sei: é Pop. Fixe!

Já penso em abrir uma discoteca e catalogar Rachmaninof em Dance Music, Ágata em World Music e Coltrane em Samba/Salsa/Outras - América Latina. E vou convidar aquela empregada a trabalhar comigo."



Por acaso sempre achei piada a essa da etiqueta de música “alternativa “. Se há uns anos atrás podíamos encontrar Pixies ou Belle & Sebastian na secção alternativa, da última vez que os vi, já estavam na “rockalhada geral”. Suponho que o passar dos anos dá às bandas um ar respeitável que não se coaduna com o ser alternativo.

No entanto, não posso dizer que tive más experiências com as minhas compras musicais. Normalmente até encontro empregados com gosto que sabem fazer sugestões e falam das últimas saídas (mas também como sou uma melómana para o ignorante pode ser que não note quando os outros dão as suas calinadas). Deixe-se a ressalva que na Fnac nunca encontro empregados para perguntar o que quer que seja, e normalmente os que consigo agarrar, limitam-se a olhar para o computador falando por monossilábos ou através dos dedos, por isso estas não contam. Na Valentim pelo contrário, há empregados muito simpáticos, mas os preços não ajudam…


2003/08/19

Hype do Verão: Electropop 

Este Verão tem-se falado muito de electroclash, electropop, revivalismo anos 80. Cada vez que saio à noite é inevitável que se misture Despeche Mode, Human League, New Order. Talvez seja o resultado da saturação da música de dança actual, demasiado sintética e minimalista. Vejo que há uma apetência para voltar a dançar temas que se possam cantar, com aqueles refrões simples, aquele romantismo pop. Pelo menos são muito mais divertidos ... Nesse sentido David Fonseca foi um verdadeiro visionário com o seu tema "The 80's". Mas (in)felizmente este blog além de Moby free, é também David Fonseca free ( por lapso não ficou no header), por isso não lhe dou qualquer mérito. Cada um tem direito aos seus ódios de estimação devidamente injustificados.

É interessante verificar que este ano pelos festivais passaram os principais grupos ligados à renovação deste estilo. Felix da Housecat, Dj Kitten e Peaches foram ao CBT, Chicks on Speed ( e se calhar podem-se considerar também os 2 Many Dj's ) estiveram no Sudoeste. Na realidade não me parece que seja um estilo novo, apenas apanha alguns elementos dos anos 80 mistura outros et voilá...


Isto tudo a propósito de Peaches. Hoje à tarde estive a ouvir "The Teaches of Peaches", cd que saiu em 2002. Este ano vai sair o "Fatherfucker" ( já dá para ouvir algumas faixas através do Soulseek, é bem mais rock). A cantora canadiana parece-me muito mais que electro, aquilo dá uns laivos de garage-punk, rock, apesar de se manterem os sintetizadores ranhosos ( a soar a anos 80 quando os sintetizadores eram muito limitados), catchy rhymes, beat constante. [peaches] Algumas letras, na realidade todas as letras são explícitas, o que limita um pouco a experiência sonora, mas há que felicitar a autora por ter arranjado tantos sinónimos para a palavra pirilau (wad, dix, rod , dick, yada yada yada). A experiência é mais ou menos como ler o blog do O meu pipi, duas ou três são giras a partir daí já enjoa. De qualquer forma vale a pena ouvir "Fuck the pain away" , " Rock show", "Diddle my Skitle" ( aqui os sintetizadores em todo o seu esplendor). Apesar da letras a puxar para o ordinário há ali uma espécie de inocência porque tudo tem um ar artesanal e de verdadeiro gozo. E a Peaches , bem essa diz "I don't give a fuck..." ( é uma faixa do último trabalho que basicamente é ela a gritar isto durante 2 min).



Ao vivo deve ser giro, tive pena de não a ter visto no CBT.


Site oficial da Peaches


2003/08/18

Sugestão de cinema 

[blowup]

Deixo uma sugestão para quem está em Lisboa e de férias. O cinema King está a passar um ciclo de cinema italiano e nos dias 26/27 de Agosto e 2/3 de Setembro vai exibir o “Blow up” (1966) de Michelangelo Antonioni às 11 horas. O preço do bilhete é dois Euros, convidativo convenhamos, pena que não passe em horário pós laboral.

É um thriller / policial sobre David Hemmings um fotógrafo de moda de Londres que ao revelar um foto de uma rapariga num parque (Vanessa Redgrave) julga encontrar indícios de um crime…
Além do valor intrínseco do filme, vale a pena ir ver pela banda sonora assinada por Herbie Hancock (um prolífero pianista de jazz ainda activo), marcada por um jazz muito ritmado, funky, que pretende de alguma forma retratar a swinging London dos anos sessenta. Conta ainda com uma participação dos Yardbirds com o tema "Am I glad to see you" que foi uma das primeiras bandas do Jimmy Page.


2003/08/16

Ainda o Sudoeste 

Na opinião dos críticos músicais do Cartaz (Expresso) e DN Mais (Diário de Notícias) o concerto dos Primal Scream terá sido um dos melhores concertos (se não mesmo o melhor) do Sudoeste deste ano. Como só lá estive na Sexta, apenas posso dizer que foram inegavelmente os melhores desse dia e que se não fossem eles a viagem teria sido um bocado injustificada. Mas é bom saber que acabei por ver o melhor do festival...

Por outro lado, para o Público e para as críticas que apareceram em vários Blogs, o concerto não foi assim tão bom. O que vale é que em relação às opiniões, como dizia o outro, cada um tem a sua.


Paredes de Coura 

Infelizmente, A Corneta não foi a Paredes de Coura. É longe e o festival decorre durante a semana. Mas o cartaz prometia, contando com P.J. Harvey, com a primeira passagem de muitas bandas por palcos portugueses e com bastante diversidade na programação. Afinal de contas oferece Jazz e Hard Rock durante a tarde, Rock e Reggae no palco principal e música de dança no After-Hours. Um pouco de tudo para todos, portanto. Talvez para o ano...


2003/08/14

Sudoeste (Take II) 

A minha colega Sofia já deixou o essencial do corneta-speak sobre o dia do Festival Sudoeste a que fomos assistir (a noite de sexta), mas desta vez decidimos que cada membro deveria deixar o seu bitaite....

Como não tinhámos conseguido alugar casa, e acampar não é o meu género de coisa, fiquei (ficámos) reduzido(s) a escolher um dia do festival para ver, e fazer a viagem de ida e volta a partir de Lisboa. O ideal teria sido fazer isso mais do que um dia, mas se um só dia já é totalmente cansativo, mais teria sido verdadeiramente impossível. O melhor dia, a meu ver, seria o Domingo, mas por solução de compromisso e dificuldades logísticas (afinal de contas a segunda é dia de trabalho), lá acabámos por decidir ir na Sexta.

O Cartaz de sexta, que parecia bem forte e prometia, acabou por se revelar uma desilusão.

Em boa verdade não me posso pronunciar sobre os Toranja ou sobre os Blind Zero, uma vez que não lhes prestei a devida atenção, excepto para a presença de Jorge Palma em palco. E confesso que não gostei da versão de ?O Bairro do Amor? que foi tocada.

Pelo contrário, estava bastante entusiasmado para ver os Suede, porque um amigo que é fã me tinha dito muito bem do concerto da banda há alguns meses, em Lisboa. A verdade é que foi uma desilusão e bem chato. Tocaram todos os exitos e músicas conhecidas, tinham o público à disposição, e no entanto não estavam nada inspirados e acabaram por deitar tudo a perder... acabei por nem sequer ver o concerto até ao fim, retirando-me para os comes e bebes.

Vem então Jamiroquai. Renovadas as expectativas e o entusiasmo, eis que se segue nova desilusão. Não sou particular fã da banda nem de Jay Kay (gosto mais dos carros que aparecem nos videoclips do que da música propriamente dita), mas como é bastante dançável e funky, para além de ter todo o público à sua espera, podia dar um concerto mesmo muito animado e memorável. Só que o resultado foi uma nova desilusão, com a banda desinspirada e chata, e Jay Kay a não dar o litro pelo público. A maior parte do público tinha ido lá por causa dele, e ao que parece gostou bastante... eu nem por isso, o material prestava-se a um tratamento bem melhor. Nova retirada prematura para os comes e bebes.

Quando começam os Primal Scream já não havia entusiasmo, e o grosso do público, que queria mesmo era ver Jamiroquai, já estava satisfeito e foi-se embora, estando menos de metade das pessoas no recinto quando o concerto começou. A banda teve o condão de funcionar ao contrário das outras, e ainda bem... começou chata com o rock dos últimos discos e ficou bem mais interessante no fim a visitar os albúns antigos. Quem gosta da banda não gostou do concerto, eu pessoalmente acho que salvaram a noite... Eles e os 2many DJs, mas a verdade é que a essa hora já não havia energia para dançar aos sons dos anos 80 e ainda tinhamos 250 km pela frente...

Mais havia para dizer mas fica para outro(s) post(s)...


2003/08/11

Summertime 

Já se fizeram muitas versões deste clássico da ópera (a la americana) Porgy & Bess (1934 - George e Ira Gershwin). Todas as grandes cantores de jazz têm este tema no seu reportório como Sarah Vaughan, Ella Fitzgerald, Billie Holiday.

Em honra ao Sudoeste deixo a versão dos Morcheeba de 1998 em conjunto com o flautista Hubert Laws, que neste stream não chega a aparecer.

SUMMERTIME


Festival Sudoeste 

8 de Agosto

A Corneta num movimento sem precedentes, em vez de escrever um post sobre cada dia do festival, fará três posts todos sobre o mesmo dia, ou seja informação e “impressões” até ao enjoo…

Quem quiser saber mais sobre a edição deste ano por favor consultar o O país relativo e A pensar morreu um burro.

Apesar de sairmos cedo de Lisboa ainda perdemos metade do concerto dos Toranja. Não estando muito familiarizada com o reportório da banda pareceu-me que estiveram bem em palco, seguros, bem afinadinhos, ainda que não houvesse muito público. O vocalista tem a voz parecida com a do Jorge Palma e se calhar por isso o reportório tem uma certa tendência para se aproximar dessa sonoridade (por exemplo o tema “Carta”). Acabaram com a canção mais rodada nas rádios o “Cenário” que é bem enérgico e ainda voltaram para um encore.

Os Blind Zero cumpriram e contaram com a guest appereance do grande Jorge Palma. Apresentaram uma cover do “Bairro do Amor” mais guitarrada. O original é melhor.

Estava com alguma curiosidade em assistir aos Suede já que a única vez que os tinha visto tinha sido na primeira parte do concerto dos REM no Pavilhão Atlântico e nessa altura tinham deixado muito a desejar (mas também os REM porque o som no Pavilhão foi péssimo). Apesar de recorrer aos grandes êxitos da banda como “So Young” ou “She’s in fashion”, a actuação acabou por ser frouxa, não chegando a sair da mediania.

O Jay Kay, na nossa terra mais conhecido por Jamiro, foi mesmo o grande flop da noite. Não sei se ficou a dever ao reportório escolhido (apenas os grandes hits como “Love Foolosophy” , “Little L”, “Return from the space cowboy”, “Cosmic Girl”, “Alright”, o tema do Godzilla ) que parecem utilizar todas mais ou menos a mesma estrutura sendo por isso repetitivas, ou se foi pelo "esticanço" que cada tema levou , com um mínimo de 10 minutos. Eu tenho “Travelling without moving” o e garanto-vos que por exemplo o “Cosmic Girl” tem 4 minutos e 3 segundos. Não acho que seja tema para alongar para 10…

Já tarde e com o recinto a meio gás entraram os Primal Scream, que ao menos estavam com garra, bastante mais que as últimas duas performances. Sem dúvida o melhor da noite. Mais disso falarão os outros Corneteiros…

Em relação às condições o festival evoluiu muito desde a última vez que estive (em 2001). O recinto estava arrelvado, muitas barraquinhas de comida e bebidas, havia espaço para circular à vontade. As casas de banho essas é que infelizmente teimam em não evoluir .


2003/08/07

Nós vamos 

A Corneta vai ao Sudoeste ainda que só por um dia, já que não é possível arranjar um alojamento miserável na terra e arredores e já estamos muito velhos para o camping . Nós depois contamos como foi.


A canção do corno 

Já reparei que aqui na Corneta não andamos nada actualizados sobre saídas discográficas ( isso fazem muito e bem no Bodyspace ou no Intervenções Sonoras) e vamos seguindo a nossa própria agenda. Escrevemos sobre o que nos dá na veneta e recordamos cd antigos (mas não ultrapassados). Apesar de tudo, tenho lá em a casa um CD dos Mogwai que vai de novo por-me a par da contemporaneidade.


[cake]




Genericamente eu gosto muito deste CD. Embora reconheça que não é genial, dá para meter no carro e cantá-lo do princípio ao fim e sentir aquela coisa de álbum incontornável. Há faixas excelentes como o “Frank Sinatra” ou “The distance",os covers também são fenomenais ( “Perhaps, Perhaps, Perhaps” e “I will survive”) e ainda por cima contém alguns elementos de jazz.

Gosto particularmente do “Sad songs and Waltzes “ pela letra, porque tem um corneta e porque é (prepositadamente) saloia. È uma forma de cantar aquilo que não se tem coragem de dizer e pelo meio destruir a credibilidade de alguém. Mas como quem não quer fazer muita publicidade sobre o caso. E ainda por cima tem aquele twist de country que vem a confirmar que isto de ser enganado é mesmo coisa de faca e alguidar. Sinceramente não sei se é eficaz mandar alguém passear através de uma faixa de CD, mas deve ser uma vingança doce para o autor ficar gravado para a posteridade que certa pessoa é uma grande sacana.


SAD SONGS AND WALTZES -esperar um bocado que isto depois fica uma janela pequenina.


2003/08/06

Busca Corneta 

Um dos grandes gozos de se ter um blog é ver como é que as pessoas vêm cá parar. Ali o site meter permite visualizar através dos referrals as palavras se põem nos motores de busca (aqui uma palavrinha de aviso para o Yahoo, Altavista e congéneres, o Google está a arrasar…).

Entre os nossos visitantes temos em primeiro lugar os que procuram informação sobre músicos tugas como os Toranja, Boss AC (mas atenção só letras em 1991), Gutto ou Bernado Sasseti (ao menos deste encontraram alguma coisa!), sinal que a música portuguesa desperta bastante curiosidade. Ainda bem! Já agora, aproveitando a deixa, quem souber alguma coisa dos Bulllet envie informação para o nosso correio.

Além destes há a fatia dos amantes de música clássica que querem extravasar os seus conhecimentos, senão como se justifica aparecer “cd sinfónico dos metallica” ou “pautas para flauta da música do enimem”…

Por último, os que claramente vêm ao engano, buscam “cabeças no ar covers” ou “robbie williams feel letra” e mesmo “bilhetes grátis Zambujeira “. A única referência mais ou menos pornográfica nisto tudo foi um inocente “chicas sex bom”, suspeito se agora escrever aqui mais termos semelhantes teremos algumas hipóteses (mas também não estamos assim tão desesperados).

No mail temos recebido algumas promessas de pennis enlargement é verdade, mas o preocupante é uma data de propostas zoófilas. Será que (a) Corneta tem alguma conotação com os pet lovers? (agh…..).


2003/08/05

The Necks 

Jazz em Agosto na Gulbenkian - 1 de Agosto

O festival de Jazz em Agosto é uma boa oportunidade para conhecer novos géneros de jazz, artistas que não são tão conhecidos mas que arriscam sair dos parâmetros tradicionais.

The Necks são tudo menos tradicionalistas. O trio que vem de down under conta com Chris Abrahms no piano, Tony Buck bateria e Lloyd Swanton contrabaixo. Pelo que li no folheto apesar de não fazerem publicidade são um dos grupos mais vendidos na área do jazz e são uma banda de culto na Austrália.

O concerto teve apenas um set e foi mesmo inesperado, pelo menos para mim. Começou suavemente com o piano, uma das mãos dava a melodia e a outra tocava acordes repetitivos. O baixo também tocava apenas algumas notas, de forma mecânica. O baterista limitava-se a roçar os pratos, pousando as baquetas nas bordas, de forma quase inaudível. À primeira vista tudo parecia descoordenado e dissonante, como se não houvesse comunicação. Este formato foi-se intensificado, cada um dos músicos tocando as suas notas, criando um ambiente sincopado. E o caos começa a fazer sentido. È uma espécie de crescendo, através de movimentos repetitivos mas que aumentam de intensidade, que envolvem a assistência num estado de transe. A bateria começou a ganhar mais protagonismo, utilizando mais de um tipo de baquetas para retirar sons estranhos mas integrados nesta celebração. Como uma onda, os sons elevam-se, de início um murmúrio, agora movimentos vigorosos e mais variados que formam novas combinações entre os três músicos. A intensidade volta a baixar e saímos da fúria. O set acaba. A viagem durou cerca de uma hora

Acho que não consigo expressar bem esta experiência, apenas que aquilo foi mais que jazz. Foi tribal, minimalista, hipnótico, mas sem dúvida alguma, surpreendente.


Midnight Marauders 


[fitchie]




Fat Freddy's Drop é uma banda de Wellington que mistura em doses saudáveis funk/dub/soul/hiphop/jazz . Ouçam MIDNIGHT MARAUDERS. É uma cool track para o Verão do nosso descontentamento (principalmente meu que não tenho férias…estou em solidariedade forçada com os bombeiros).




A versão inteira está na compilação do Lisboa Gare 2 (a foto é o vinyl).


2003/08/04

Samba e amor 

Pode demorar um bocadinho a carregar mas vale tanto a pena (experimente fazer o sing along).

SAMBA E AMOR

Cantado por Bebel Gilberto.





Um disco para ouvir no verão 


[bill]



Para ouvir neste verão de 2003, agora que as noites estão quentes e convidam a ser passadas fora de portas, nada melhor que recomendar um disco fresquinho e bem actual, uma vez que que foi publicado em... 1963!

O disco de que falo, é, claro está, o clássico Getz / Gilberto. Este é um dos álbuns de jazz mais vendidos de sempre, que ajudou a lançar a febre da Bossa Nova a nível mundial. Toda a gente já conheçe, sob uma forma ou outra, a maioria das canções que o compõem, de tanto que foram citadas e retrabalhadas ao longo dos anos. No entanto, este é o albúm em que elas aparecem na sua versão original, e todas soam belas, frescas e inimitavelmente cool. Canções como o inesquécivel "Girl from Ipanema", "Corcovado" ou "Desafinado" mantém-se actuais ainda hoje, 40 anos passados sobre a gravação do disco.

Ao longo de todo o disco, o saxofone de Stan Getz é muito económico, aparecendo apenas a dar as notas certas nos momentos certos, contribuindo assim para o tom cool, enquanto no piano e no "violão", Tom Jobim e João Gilberto dão o contraponto ritmíco e melódico perfeito às vozes de Astrud e João Gilberto e ao saxofone. Do todo resulta, como diz o All Music Guide, um daqueles raros discos em que o sucesso comercial é acompanhado do reconhecimento uniforme da crítica.

Do todo resulta um disco que parece ter sido feito de propósito para ser ouvido numa noite de verão, de preferência acompanhado por uma boa bebida e por aquela companhia mais "especial". Neste aspecto este disco é capaz de meter uma moderna compilação de chill-out a um canto, e é por isso altamente recomendado para este verão.


2003/08/01

[bill]

 

Ultimamente têm surgido alguns artigos que falam numa possível reunião dos Pixies para a gravação de um novo álbum de originais (link). Estes ecos já tiveram impacto blogosfera portuguesa, lembro-me de ver algo escrito no Pais Relativo e no Dicionário do Diabo. Este último questiona os seus leitores se o alegado comeback seria uma boa ideia ou não. Por minha parte, estou muito apreensiva (e já agora sou leitora!) ….

Há desde logo uma gestão de expectativas muito delicada. Os Pixies foram para muita boa gente o primeiro contacto com o rock alternativo, aquela banda underground que marca o processo de crescimento musical. São desse tempo em que as bandas eram divulgadas “boca a boca”, das k7 que se trocavam nos intervalos das aulas, o tempo em que efectivamente se lia o Blitz (ou na pior da hipóteses…as fotos da Bravo) quando de programa musical tínhamos apenas o TOP + .

Há uma questão muito territorial aqui, das memórias, afectos. Lembro-me que a primeira vez que os ouvi foi no carro dos meus primos, bem mais velhos do que eu, que depois gravaram a mim e à minha irmã uma cassete com o Doolittle/Bossanova ( uma cassete de 90 min completamente preenchida e que levou um corte no Bossanova. Ainda a tenho). Na escola fala-se do concerto no Coliseu e dado todo o meu entusiasmo pela banda uma amiga mais atenta aproveita o meu aniversário para oferecer o Trompe le Monde, em vinyl. Fiz 14 anos. È toda uma história de coming of age.

Nessa época foi essencial ouvir música para além dos Gun’s & Roses (que era o que se ouvia …ainda tenho lá em casa alguns pregões para confirmar). Descobrir que se podia ter guitarras distorcidas, alterações inesperadas de ritmo, letras alucinadas às vezes cómicas outras assustadoras de macacos que controlavam oceanos, carros que mergulhavam em ondas de mutilação,... Lembro-me de ler no Blitz que Black Francis fazia as letras voltado para o espelho ou então desde a banheira. Escrevia cinco ou seis palavras, via o seu reflexo e formava assim o resto da letra. Estas memórias tornaram-se para mim elementos de mitologia. Há a tentação de deixá-las intocáveis. Nesse sentido há muitos que não conseguem voltar ao que marcou a sua adolescência, por exemplo tenho um amigo que nunca mais conseguiu ouvir Nirvana depois de toda aquela montanha russa. Foram de tal modo decisivos e fracturantes essas primeiras audições que não apetece ouvir mais, para não estragar . É no fundo talvez o medo de descobrir que os esses grupos dos quais somos apóstolos, passadas tantas mais bandas e géneros e estilos, se calhar já não são assim tão especiais.

"One day, we will wake up and we will not like the Pixies anymore. That day, we will not accept rock anymore. And the Pixies will be the first victims of this change, because no-one else incarnates rock in a more basic, more physical, more sensual, more direct way" (JD Beauvallet, Les Inrockuptibles, 1991) - translated from the French

Continua.


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