2004/02/20
Ás voltas com uma tal de modernidade
John Coltrane - Ascension
Já há algum tempo que este CD embeleza a minha coleção e no entanto sempre tive receio de escrever sobre ele. Esse receio deve-se ao facto de ser ao mesmo tempo uma obra de peso no edíficio do Jazz e de ser também um ovni díficil de escrever/descrever. Com a deixa que a Sofia deixou, era agora ou nunca. Porém, como as minhas qualificações como crítico de Jazz são incipientes, só posso comentar e dar a descobrir este disco apoiado nas muletas que são o All Music Guide e o Penguin Guide to Jazz on CD.
Que Coltrane é um dos maiores nomes do Jazz, não há qualquer dúvida. Apesar de ter tido uma carreira curta, Coltrane percorreu desde standards fáceis de ouvir a coisas muito radicais e free, que exigem considerável esforço da parte do ouvinte. Pelo meio deixou-nos uma obra prima incontestada, A Love Supreme, que consegue um equílibrio notável entre vanguardismo e apelo imediato.
Segundo o Penguin, provavelmente 10 vezes mais pessoas possuem uma cópia de A Love Supreme do que sequer conhecem Ascension. Tal pode dever-se ao que vem referido nas notas originais do disco: "este não é um disco que possa ser amado ou precebido à primeira audição nem pode ser apreciado com a audição de um excerto durante 2 minutos numa qualquer loja de discos".
A minha experiência particular com o disco será talvez sintomática do que acontece com muito boa gente: adorava A Love Supreme, e uma vez que este merece o "Coveted Crown Award" do Penguin, fiquei imediatamente seduzido pela ideia de comprar o Ascension quando vi que também ele merecia a pequena coroa e os elogios de "Obra Prima". Mal sabia no que me estava a meter...
Antes da minha experiência pessoal, convém explicar um pouco do que trata este Ascension. Coltrane grava aqui com um duplo quarteto que, como é característico dos bons discos de jazz dos anos 60, é um verdadeiro "Who's who": Freddie Hubbard, Pharaoah Sanders, McCoy Tyner, Archie Shepp, entre outros "nomes sonantes". O motivo inicial é o mesmo de "Acknowledgement", de A Love Supreme, e à volta deste os músicos experimentam de forma muito livre. O todo sonoro parece totalmente quebrado e dissonante, porém se por vezes o som é abrasivo, a maior parte dos segmentos acaba por resultar bastante bem quando considerado apenas em si próprio. Há por isso que dar um passo atrás e e tentar abraçar o todo, ainda que isso seja difícil. Mas está lá um lado soul, uma espiritualidade que também existe em A Love Supreme e que aqui é levada mais longe: nesta música encontra-se sofrimento e redenção.
Há que ter em conta que este é um disco relativamente díficil de encontrar à venda em Lisboa. Como não o encontrava nas Fnac, VC ou Worten, acabei por o encomendar pela Amazon. Claro que isto fez com que o disco demorasse bastante tempo a chegar e assim a expectativa era cada vez maior. Quando o disco chegou, fui a correr pô-lo a tocar. Mas a primeira (e segunda, e terceira) reacção foi "mas qu' é isto? Quem largou os putos do jardim escola à solta no estúdio?". Infelizmente é assim, o disco é demasiado denso e des-estruturado melódica e ritmicamente para que se oiça com facilidade desde o primeiro momento, e penso que muita gente desiste às primeiras audições...
Também eu desisti às primeiras audições, mas felizmente não em definitivo. Depois de alguns meses passados a acumular pó na prateleira, uma bela noita (circa 2 da manhã) decidi pô-lo a tocar, e tive a tal epifania (não, não se trata da festa dos reis, estou a traduzir literalmente do inglês... em português falta uma palavra que assente ao acontecimento. Talvez visão, ou iluminação...). De um momento para o outro tudo aquilo parecia fazer sentido, ouvir o disco era um equivalente musical a um quadro de pollock, uma mistura de ordem e desordem que estranhamente resultava, estava a ouvir pequenas explosões aleatórias de cor a sairem da minha aparelhagem... Fiquei mais descansado. Afinal o disco era bom, e podia dizer que ele era bom sem ter que reprimir uma sensação inquietante de não querer reconheçer que o rei ia nu (embora, ao relatar o episódio, houvesse que me aconselhasse a largar os cogumelos...).
Ascension não é certamente um disco para todos os momentos, nem para todos os locais ou estados de alma. Por exemplo é uma coisa que não se consegue ouvir passivamente no escritório enquanto se trabalha, e também não resulta no rádio do carro (a não ser para cometer suicídio em contra-mão). Se calhar não é também um disco para toda a gente, nem todos estarão disponíveis para o apreciar. Mas é de facto uma obra prima do Jazz (do Free em particular mas também do Jazz geral), que merecia ser pelo menos mais reconhecida e falada...
Já há algum tempo que este CD embeleza a minha coleção e no entanto sempre tive receio de escrever sobre ele. Esse receio deve-se ao facto de ser ao mesmo tempo uma obra de peso no edíficio do Jazz e de ser também um ovni díficil de escrever/descrever. Com a deixa que a Sofia deixou, era agora ou nunca. Porém, como as minhas qualificações como crítico de Jazz são incipientes, só posso comentar e dar a descobrir este disco apoiado nas muletas que são o All Music Guide e o Penguin Guide to Jazz on CD.
Que Coltrane é um dos maiores nomes do Jazz, não há qualquer dúvida. Apesar de ter tido uma carreira curta, Coltrane percorreu desde standards fáceis de ouvir a coisas muito radicais e free, que exigem considerável esforço da parte do ouvinte. Pelo meio deixou-nos uma obra prima incontestada, A Love Supreme, que consegue um equílibrio notável entre vanguardismo e apelo imediato.
Segundo o Penguin, provavelmente 10 vezes mais pessoas possuem uma cópia de A Love Supreme do que sequer conhecem Ascension. Tal pode dever-se ao que vem referido nas notas originais do disco: "este não é um disco que possa ser amado ou precebido à primeira audição nem pode ser apreciado com a audição de um excerto durante 2 minutos numa qualquer loja de discos".
A minha experiência particular com o disco será talvez sintomática do que acontece com muito boa gente: adorava A Love Supreme, e uma vez que este merece o "Coveted Crown Award" do Penguin, fiquei imediatamente seduzido pela ideia de comprar o Ascension quando vi que também ele merecia a pequena coroa e os elogios de "Obra Prima". Mal sabia no que me estava a meter...
Antes da minha experiência pessoal, convém explicar um pouco do que trata este Ascension. Coltrane grava aqui com um duplo quarteto que, como é característico dos bons discos de jazz dos anos 60, é um verdadeiro "Who's who": Freddie Hubbard, Pharaoah Sanders, McCoy Tyner, Archie Shepp, entre outros "nomes sonantes". O motivo inicial é o mesmo de "Acknowledgement", de A Love Supreme, e à volta deste os músicos experimentam de forma muito livre. O todo sonoro parece totalmente quebrado e dissonante, porém se por vezes o som é abrasivo, a maior parte dos segmentos acaba por resultar bastante bem quando considerado apenas em si próprio. Há por isso que dar um passo atrás e e tentar abraçar o todo, ainda que isso seja difícil. Mas está lá um lado soul, uma espiritualidade que também existe em A Love Supreme e que aqui é levada mais longe: nesta música encontra-se sofrimento e redenção.
Há que ter em conta que este é um disco relativamente díficil de encontrar à venda em Lisboa. Como não o encontrava nas Fnac, VC ou Worten, acabei por o encomendar pela Amazon. Claro que isto fez com que o disco demorasse bastante tempo a chegar e assim a expectativa era cada vez maior. Quando o disco chegou, fui a correr pô-lo a tocar. Mas a primeira (e segunda, e terceira) reacção foi "mas qu' é isto? Quem largou os putos do jardim escola à solta no estúdio?". Infelizmente é assim, o disco é demasiado denso e des-estruturado melódica e ritmicamente para que se oiça com facilidade desde o primeiro momento, e penso que muita gente desiste às primeiras audições...
Também eu desisti às primeiras audições, mas felizmente não em definitivo. Depois de alguns meses passados a acumular pó na prateleira, uma bela noita (circa 2 da manhã) decidi pô-lo a tocar, e tive a tal epifania (não, não se trata da festa dos reis, estou a traduzir literalmente do inglês... em português falta uma palavra que assente ao acontecimento. Talvez visão, ou iluminação...). De um momento para o outro tudo aquilo parecia fazer sentido, ouvir o disco era um equivalente musical a um quadro de pollock, uma mistura de ordem e desordem que estranhamente resultava, estava a ouvir pequenas explosões aleatórias de cor a sairem da minha aparelhagem... Fiquei mais descansado. Afinal o disco era bom, e podia dizer que ele era bom sem ter que reprimir uma sensação inquietante de não querer reconheçer que o rei ia nu (embora, ao relatar o episódio, houvesse que me aconselhasse a largar os cogumelos...).
Ascension não é certamente um disco para todos os momentos, nem para todos os locais ou estados de alma. Por exemplo é uma coisa que não se consegue ouvir passivamente no escritório enquanto se trabalha, e também não resulta no rádio do carro (a não ser para cometer suicídio em contra-mão). Se calhar não é também um disco para toda a gente, nem todos estarão disponíveis para o apreciar. Mas é de facto uma obra prima do Jazz (do Free em particular mas também do Jazz geral), que merecia ser pelo menos mais reconhecida e falada...
2004/02/19
A Grande Cena (ou, sem jeito, uma declaração de amor musical)
Já se começam a contar os dias até o 11 de Junho, data em que os de novo reunidos Pixies nos visitam e a segunda que os vejo. As memórias desse primeiro concerto já estão muito esbatidas. Lembro-me do forte cheiro adocicado do Coliseu, sim, quando se tem 14 anos estas impressões olfactivas são as que permanecem por mais tempo. Mas adiante...
Para ser sincera, o resto do cartaz do Super Bock Super Rock a mim não me diz nada (Avril Lavigne, Korn, Linkin Park e Nelly Furtado), tal como o Rock in Rio . Tenho, como dizer isto, curiosidade em rever Guns & Roses, parece que há um novo álbum a sair, ou mesmo Metallica. Resta saber a programação de música electrónica para ver se vale a pena pôr lá os pés.
De qualquer forma estava desesperançada. Pensava que não seria possível. Afinal a petição deu os seus frutos!
Ainda hoje estava a ouvir Death to The Pixies (há que gostar destas ironias) e notei que certos temas têm aquelas entradas geniais marcados pelas linha do baixo da Kim Deal ("Gigantic", "Monkey Gone to Heaven", "Tame", "Debaser"). Pensamentos banalizadores como estes são o meu aval que não é apenas mais uma boa banda. Por exemplo, foram em grande parte os Pixies que criaram o espaço para que surgissem outras bandas como os Nirvana (o "Smells like teen spirit" foi considerado uma homagem pelo Cobain), os Smashing, mesmo os Sonic Youth (apesar de serem mais ou menos contemporâneos). Que o Chien Andalou que se fala no "Debaser" é a famosa curta-metragem do Dalí e Buñel, famosa pela cena em que se corta um olho com uma navalha (o olho era de um burro, vim mais tarde a saber, mas a curta é impressionante). Que o Frank Black (Black Francis) escrevia as letras com auxílio de um espelho No outro dia, estava o Tiago a contar que foi ver um concerto dos Frank Black & The Catholics aqui há uns anos, morno, chato, até que o homem decide tocar acho que o "Here comes your man" e a multidão delira. É Pixies que queremos.
Para ser sincera, o resto do cartaz do Super Bock Super Rock a mim não me diz nada (Avril Lavigne, Korn, Linkin Park e Nelly Furtado), tal como o Rock in Rio . Tenho, como dizer isto, curiosidade em rever Guns & Roses, parece que há um novo álbum a sair, ou mesmo Metallica. Resta saber a programação de música electrónica para ver se vale a pena pôr lá os pés.
De qualquer forma estava desesperançada. Pensava que não seria possível. Afinal a petição deu os seus frutos!
Ainda hoje estava a ouvir Death to The Pixies (há que gostar destas ironias) e notei que certos temas têm aquelas entradas geniais marcados pelas linha do baixo da Kim Deal ("Gigantic", "Monkey Gone to Heaven", "Tame", "Debaser"). Pensamentos banalizadores como estes são o meu aval que não é apenas mais uma boa banda. Por exemplo, foram em grande parte os Pixies que criaram o espaço para que surgissem outras bandas como os Nirvana (o "Smells like teen spirit" foi considerado uma homagem pelo Cobain), os Smashing, mesmo os Sonic Youth (apesar de serem mais ou menos contemporâneos). Que o Chien Andalou que se fala no "Debaser" é a famosa curta-metragem do Dalí e Buñel, famosa pela cena em que se corta um olho com uma navalha (o olho era de um burro, vim mais tarde a saber, mas a curta é impressionante). Que o Frank Black (Black Francis) escrevia as letras com auxílio de um espelho No outro dia, estava o Tiago a contar que foi ver um concerto dos Frank Black & The Catholics aqui há uns anos, morno, chato, até que o homem decide tocar acho que o "Here comes your man" e a multidão delira. É Pixies que queremos.
(também eu estou surpreendida)
Factos que reunidos sempre me foram confirmado porque é que eu ainda os ouço obsessivamente desde os 13 anos. São simplesmente a melhor banda rock.
"The Pixies live are visceral and VERY demanding. You can lose yourself in the reverie, and never be found again" (Dele Fadele, 1991 Pixies European tour book)
Dizem que este é o site oficial - http://www.4ad.com/artists/catalogue/pixies/
2004/02/18
Clássicos
2004/02/17
Música Moderna
Here it is, a nice quiet Sunday evening in January... and we're about to listen to some beautiful music... Immediately this suggests a pattern: low lights, your favorite chair, a glass of beer, a cigarette, those warm bunny slippers... in short, relaxation... And now, the music... Now, don't run away screaming: 'Crazy modern music!'... it won't bite you, it's only music. But what makes it modern? And why do so many of you hate what it is that makes it modern? Maybe after you know what it is that you hate, you may hate it less, or at least hate it more intelligently. Or, conceivably, you may grow to like it, or you can just go on hating it as before, which is your democratic right..."
Leonard Bernstein proferiu estas palavras num programa semanal que tinha na CBS - o Omnibus - para introduzir Stravinsky e a "Sagração da Primavera" (programa emitido a 13 de Janeiro de 1957). Aplicável a outros estilos e a preconceitos estabelecidos.
Há um álbum do Coltrane, considerado o pináculo da sua carreira, o "Ascension" - um marco no movimento de free-jazz. Na prática significou a libertação e quebra de todas as convenções musicais que o jazz carregava à época. O resultado é que parece algo tão moderno, tão dissonante, tão intenso ...., tão odiável sem saber que palavras pôr por detrás, .... (não fosse Coltrane a tocar, o génio de alguns dos meus álbuns favoritos de jazz).
Não tenho ouvido muitas vezes este trabalho, quase que por medo, mas parece-me claro que merece, pelo menos, que o tente compreender. Comodamente, estou à espera de uma iluminação divina ou que algum Bernstein me explique melhor o esquema. O Tiago é que me disse no outro dia que tinha, realmente, gostado (epifania chamaste-lhe, naquele sentido bem inglês da palavra não da festa dos Reis, se bem me recordo). E isto é uma provocação muito directa para que escrevas sobre o assunto!
A capa é linda.
Leonard Bernstein proferiu estas palavras num programa semanal que tinha na CBS - o Omnibus - para introduzir Stravinsky e a "Sagração da Primavera" (programa emitido a 13 de Janeiro de 1957). Aplicável a outros estilos e a preconceitos estabelecidos.
Há um álbum do Coltrane, considerado o pináculo da sua carreira, o "Ascension" - um marco no movimento de free-jazz. Na prática significou a libertação e quebra de todas as convenções musicais que o jazz carregava à época. O resultado é que parece algo tão moderno, tão dissonante, tão intenso ...., tão odiável sem saber que palavras pôr por detrás, .... (não fosse Coltrane a tocar, o génio de alguns dos meus álbuns favoritos de jazz).
Não tenho ouvido muitas vezes este trabalho, quase que por medo, mas parece-me claro que merece, pelo menos, que o tente compreender. Comodamente, estou à espera de uma iluminação divina ou que algum Bernstein me explique melhor o esquema. O Tiago é que me disse no outro dia que tinha, realmente, gostado (epifania chamaste-lhe, naquele sentido bem inglês da palavra não da festa dos Reis, se bem me recordo). E isto é uma provocação muito directa para que escrevas sobre o assunto!
A capa é linda.
2004/02/16
Cousas estranhas
1º Momento – sábado a seguir ao almoço, Top + . Passa um videoclip duma club version do “Sunday Morning” dos Velvet Underground. Não é estranho que haja mais versões deste tema, foi um dos muitos que não escapou ao fenómeno de multiplicação. Estranho é que o Lou Reed apareça nesta, num ecrán gigante de um clube que deve querer reproduzir o Verão de Ibiza ou algo semelhante, aparece o nosso new yorker preferido, com aqueles seus óculos escuros em que se pode levantar a lentes (os mesmo que vemos em Blue in the Face de Wayne Wang) a cantar! Estranho que não só tenha dado o seu aval como a sua imagem a tamanho movimento kistch.
2º Momento – Sic Radical domingo à noite. Videoclip de algo electroclash. Num clube corpos movimentam-se ao som de um sintetizador. O sample do sintetizador é dos Human League (Don’t you want me baby), a voz é do Robert Smit dos Cure e o videoclip retrata alguma realidade vampiresca underground tendo como protagonista um homem com ar de detective. Pode-se ver aqui - http://www.juniorjack.biz/ - Junior Jack + Robert Smit “ Da hype”, ou salganhada sem sentido.
Uma última nota (e agora estou a ter um ataque à Sr. Professor Marcelo) para dar as boas vindas a mais um blog sobre música http://electroclash.weblog.com.pt/ – apesar do nome vai mais para além do Electroclash. Bem vindo !
2º Momento – Sic Radical domingo à noite. Videoclip de algo electroclash. Num clube corpos movimentam-se ao som de um sintetizador. O sample do sintetizador é dos Human League (Don’t you want me baby), a voz é do Robert Smit dos Cure e o videoclip retrata alguma realidade vampiresca underground tendo como protagonista um homem com ar de detective. Pode-se ver aqui - http://www.juniorjack.biz/ - Junior Jack + Robert Smit “ Da hype”, ou salganhada sem sentido.
Uma última nota (e agora estou a ter um ataque à Sr. Professor Marcelo) para dar as boas vindas a mais um blog sobre música http://electroclash.weblog.com.pt/ – apesar do nome vai mais para além do Electroclash. Bem vindo !
2004/02/13
Descobres os clássicos sempre tarde demais mulher!
Hoja à tarde ao ouvir o LC dos Durutti tive um flashback auditivo : "tocaram o Jaqueline neste último concerto!". Isso explica os ehhh! uhhh! e outras onomatopeias de prazer por parte do público na altura. Pois, não percebi.
Nota positiva: não estaria a ouvir hoje LC se não tivesse ido ao concerto. Mereço perdão pelos 23 anos que passaram desde que o álbum está disponível (edição CD de 1996).
Por favor, pare de babar
Já tinha visto alguma informação sobre este festival no Ampola faz "Pop", mas só agora que o Tiago lançou um provocatório 'Bora lá ao festival?' é que me apercebo das verdadeiras dimensões do evento. Numa expressão mais coloquial: do caraças!
Vão lá ao site - http://www.coachella.com/main.html - e vejam como em dois dias dá para alinhar pelo menos um das bandas favoritas de toda a gente que frequenta aqui a Corneta.
Por minha parte fico com: Radiohead, Pixies, Flaming Lips, Air, Belle & Sebastian, ..., parem, já estou a experimentar overdose musical.
Num momento de loucura ainda pensei por alto: 500 Euros de voo para São Francisco (sim, é possível!), mais 150 Euros para os bilhetes de dois dias, mais alojamento, mais transporte para o deserto, ...., 3 dias por aí por 250 contos. Por outro lado, nunca mais teria de voltar a um concerto... pelo menos durante dois anos.
Vão lá ao site - http://www.coachella.com/main.html - e vejam como em dois dias dá para alinhar pelo menos um das bandas favoritas de toda a gente que frequenta aqui a Corneta.
Por minha parte fico com: Radiohead, Pixies, Flaming Lips, Air, Belle & Sebastian, ..., parem, já estou a experimentar overdose musical.
Num momento de loucura ainda pensei por alto: 500 Euros de voo para São Francisco (sim, é possível!), mais 150 Euros para os bilhetes de dois dias, mais alojamento, mais transporte para o deserto, ...., 3 dias por aí por 250 contos. Por outro lado, nunca mais teria de voltar a um concerto... pelo menos durante dois anos.
2004/02/12
Preconceitos são uma coisa muito má
1972 de Josh Rouse é um disco de que já tinha ouvido a Sofia falar muito bem. Aliás, não só a Sofia, pois o disco foi nomeado em lugares honrosos em muitas das listas que há coisa de um mês se encontravam um pouco por toda a parte, a propósito dos melhores discos de 2003.
Na minha atitude teimosa, nunca me tinha dado ao trabalho de ouvir este disco, ou qualquer outro de Josh Rouse, e nem sequer de perceber de que se tratava... por alguma razão imbecil, achava que não passava de um Brian Adams um bocadinho melhor e um bocadinho menos comercial... Não há dúvida que nestas coisas de músicas, ter a mente fechada e preconceituosa é meio caminho andado para passar ao lado de muita coisa boa e que vale a pena.
E porque digo isto? Há algum tempo que tinha aqui este disco, mas nem me tinha sequer dado ao trabalho de o ouvir com alguma atenção. Mas quando, há uns dias, o pus no leitor, com uma atitude desdenhosa de “vamos lá ver o que isto dá...”, confesso que tive uma boa surpresa. 1972 é um doce de um disco. Está cheio de canções com um sentido pop muito equilibrado que nos agarram desde a primeira audição e parecem não querer sair do ouvido, tais como Love Vibration, James, Slaveship, ou o tema título 1972... Canções suaves e alegres, que se ouvem sem qualquer esforço e nos aquecem nestes dias de inverno... Um disco altamente recomendado e uma boa lição: esquecer os preconceitos e ouvir antes de ter ”opiniões”.
2004/02/11
Música para namorar também tem muito a ver com comida (pois coisas doces...)
"Candy" - Lisa Germano
" You're just like honey " - J&MC
" Beijos e papas de leite " - Jorge Palma
Eh...não me lembro de mais ...há outra "Candy" do Iggy Pop e uma dos B'52, mas não é muito romântica.
" You're just like honey " - J&MC
" Beijos e papas de leite " - Jorge Palma
Eh...não me lembro de mais ...há outra "Candy" do Iggy Pop e uma dos B'52, mas não é muito romântica.
2004/02/10
Música para namorar
Aproxima-se o dia dos Namorados e o sistema capitalista- chauvinista no qual estamos submergidos já nos quer bombardear com bombons, florzinhas e quejandos apelos consumistas. Vamos pôr música.
Já sei que há algum tempo atrás escrevi que não se devia misturar boa música com (maus) amantes. Separações dolorosas estragam futuras audições carregando-as de memórias. Mas reflecti e acho que há que largar de ser choninhas (essa palavra tão exacta, acompanhado por uma expressão tão portuguesa - largar de…) e mesmo incorrendo no risco de ganhar algumas heart injuries é obrigatório pelo menos garantir uma banda sonora de jeito para o dia, já que quanto à qualidade do parceiro …Além disso a música abafa potenciais problemas de comunicação colocando as acções a outro nível.
Música para namorar (que não implica apenas namorados, inclui os casados e os via de facto e os via de nada) parece traduzir-se apenas no bom soul cheio de gemidos e feeling; um Barry White (saved my life), um Marvin Gaye, um D’Angelo… mas há muito mais no espectro musical …há mesmo mais….
A minha primeira sugestão é o “Black Milk” dos Massive Attack que está no Mezzanine. Podem ir tomando notas, como naquela canção do Ryan Adams “ Note to self Don’t die”, nunca é demais escrever o óbvio. Já agora aceitam-se mais sugestões.
Diz a letra:
You're not my eater
I'm not your food
Love you for God
Love you for the Mother
Eat me
In the space
Within my heart
Love you for God
Love you for the Mother
…..
All's there to love
Only love
Black_Milk
Admitamos que estas não são propriamente as palavras mais doces para sussurrar ao ouvido do objecto da nossa afeição mas há aqui toda uma dimensão cósmica, mesmo alucinatória que não se pode ignorar. Também poderia ser um bom tema para aquele filme o Cozinheiro, o Ladrão, a Mulher e o seu Amante (que literalmente se comem durante o filme), mas isso já é outra conversa. A palavra chave aqui é mesmo midtempo, como quem diz, devagarinho q.b. (por favor, mais uma note to self).
Já sei que há algum tempo atrás escrevi que não se devia misturar boa música com (maus) amantes. Separações dolorosas estragam futuras audições carregando-as de memórias. Mas reflecti e acho que há que largar de ser choninhas (essa palavra tão exacta, acompanhado por uma expressão tão portuguesa - largar de…) e mesmo incorrendo no risco de ganhar algumas heart injuries é obrigatório pelo menos garantir uma banda sonora de jeito para o dia, já que quanto à qualidade do parceiro …Além disso a música abafa potenciais problemas de comunicação colocando as acções a outro nível.
Música para namorar (que não implica apenas namorados, inclui os casados e os via de facto e os via de nada) parece traduzir-se apenas no bom soul cheio de gemidos e feeling; um Barry White (saved my life), um Marvin Gaye, um D’Angelo… mas há muito mais no espectro musical …há mesmo mais….
A minha primeira sugestão é o “Black Milk” dos Massive Attack que está no Mezzanine. Podem ir tomando notas, como naquela canção do Ryan Adams “ Note to self Don’t die”, nunca é demais escrever o óbvio. Já agora aceitam-se mais sugestões.
Diz a letra:
You're not my eater
I'm not your food
Love you for God
Love you for the Mother
Eat me
In the space
Within my heart
Love you for God
Love you for the Mother
…..
All's there to love
Only love
Black_Milk
Admitamos que estas não são propriamente as palavras mais doces para sussurrar ao ouvido do objecto da nossa afeição mas há aqui toda uma dimensão cósmica, mesmo alucinatória que não se pode ignorar. Também poderia ser um bom tema para aquele filme o Cozinheiro, o Ladrão, a Mulher e o seu Amante (que literalmente se comem durante o filme), mas isso já é outra conversa. A palavra chave aqui é mesmo midtempo, como quem diz, devagarinho q.b. (por favor, mais uma note to self).
Novidades
Saiu e está para sair álbuns novos de grupos que gosto bastante: os Air e os Zero 7 (mas não os coloquemos na mesma bitola, os primeiros são incomparavelmente melhores).
Quanto aos Air, munida do meu CD com DVD (que não tem nenhum valor acrescentado para mim, mas parece que agora é moda), a cada audição gosto mais. É certo que não está ao nível Moon Safari, embora retorne ao mesmo tipo de sonoridade é menos diversificado, mas é muito melhor que o 10,000 Hz Legend. Passeando por ambientes pop cósmicos tem alguns temas que, aos poucos, se tornam incontornáveis: o "Venus", "Cherry Blossom Girl" , "Another Day" ou "Bialogical". Mais um pouco e já é um clássico...
Quanto aos Zero 7 (que muitas vezes por piada são apelidados de Air ingleses), e graças à pirataria, já deu para ouvir por alto alguns dos temas de When it Falls (que é editado em Março). O grupo quer continuar a apostar nos mesmas vozes (Sia Furler, Sophie Barker e Mozez) e naquela combinação entre jazz e samples que os tornam muito doces, demasiado doces às vezes ( a roçar o diabético). Mas quem gostou do primeiro trabalho vai gostar de "Warm sounds" ou de "Passing By", já "Somersault" tem um nível de glicémia demasiado elevado para meu gosto. Pareceu-me uma (boa) continuação de Simple Things, mas não me entusiasmou por aí além. E mais um concerto para acrescentar à lista infame; vão tocar em Lisboa dia 4 de Abril.
Quanto aos Air, munida do meu CD com DVD (que não tem nenhum valor acrescentado para mim, mas parece que agora é moda), a cada audição gosto mais. É certo que não está ao nível Moon Safari, embora retorne ao mesmo tipo de sonoridade é menos diversificado, mas é muito melhor que o 10,000 Hz Legend. Passeando por ambientes pop cósmicos tem alguns temas que, aos poucos, se tornam incontornáveis: o "Venus", "Cherry Blossom Girl" , "Another Day" ou "Bialogical". Mais um pouco e já é um clássico...
Quanto aos Zero 7 (que muitas vezes por piada são apelidados de Air ingleses), e graças à pirataria, já deu para ouvir por alto alguns dos temas de When it Falls (que é editado em Março). O grupo quer continuar a apostar nos mesmas vozes (Sia Furler, Sophie Barker e Mozez) e naquela combinação entre jazz e samples que os tornam muito doces, demasiado doces às vezes ( a roçar o diabético). Mas quem gostou do primeiro trabalho vai gostar de "Warm sounds" ou de "Passing By", já "Somersault" tem um nível de glicémia demasiado elevado para meu gosto. Pareceu-me uma (boa) continuação de Simple Things, mas não me entusiasmou por aí além. E mais um concerto para acrescentar à lista infame; vão tocar em Lisboa dia 4 de Abril.
Ainda os Mogwai
Na sua crítica ao concerto dos Mogwai, no Público de sábado passado, Fernando Magalhães considera que o ruído intenso no final do concerto foi o elemento redentor do concerto, o momento em que os Mogwai foram reis, com "uma pulsação monstruosa que [...] arrasou por completo, quer os sentidos quer as inutilidades gastas em tudo o resto".
2004/02/09
Nota: comprar CAIS
A revista CAIS (Círculo de Apoio à integração dos Sem Abrigo) já tinha dedicado uma capa a Carlos Paredes pela compilação inspirada nos Movimentos Pérpetuos o ano passado, e a avaliar pelo editorial, podemos esperar mais números sobre música. Na “construção de sociedades socialmente menos desafinadas” (retirado do editorial) a edição de Janeiro dedica-se à reflexão da “música pop/rock portuguesa, longe, certamente, de nacionalismos, mas conscientes e orgulhosos do que temos para oferecer”.
O resultado é uma revista pejada de fotos dos principais grupos portugueses (de autoria do Cameraman Metálico e Mário Sousa), todas actuações ao vivo, um artigo de fundo de Nuno Galopim sobre os primeiros passos do rock português (e o acabar das minhas dúvidas quanto aos autores de “Patchouly”, foram os Grupo de Baile), uma entrevista a Rodrigo Leão, reportagem com Old Jerusalém, uma reflexão sobre o futuro da música portuguesa por Jorge Baldaia, etc…
Parece-me que vale mesmo a pena . Não há apenas uma forma de ajudar os outros mas mais proveitosa do que esta, onde se tem uma grande revista e sabemos que o dinheiro que entregamos servirá para valorizar uma pessoa, não creio que haja. Quem tenha dificuldade em arranjar esta edição (normalmente é distribuída pelos próprios sem abrigo nas principais artérias da cidade) fica o telefone. CAIS : 21 8801010
O mais importante (retirado da capa): CONTRA A CORRENTE
remar, remar, remar, remar,
O resultado é uma revista pejada de fotos dos principais grupos portugueses (de autoria do Cameraman Metálico e Mário Sousa), todas actuações ao vivo, um artigo de fundo de Nuno Galopim sobre os primeiros passos do rock português (e o acabar das minhas dúvidas quanto aos autores de “Patchouly”, foram os Grupo de Baile), uma entrevista a Rodrigo Leão, reportagem com Old Jerusalém, uma reflexão sobre o futuro da música portuguesa por Jorge Baldaia, etc…
Parece-me que vale mesmo a pena . Não há apenas uma forma de ajudar os outros mas mais proveitosa do que esta, onde se tem uma grande revista e sabemos que o dinheiro que entregamos servirá para valorizar uma pessoa, não creio que haja. Quem tenha dificuldade em arranjar esta edição (normalmente é distribuída pelos próprios sem abrigo nas principais artérias da cidade) fica o telefone. CAIS : 21 8801010
O mais importante (retirado da capa): CONTRA A CORRENTE
remar, remar, remar, remar,
2004/02/07
The Doors - "Waiting for the sun" (em fatias)
At first flash of Eden
We race down to the sea
Standing there on freedom shore
Waiting for the sun
Waiting for the sun
Waiting for the sun
Can you feel it
Now that Spring has come
That it's time to live in the scattered sun
Waiting for you to come along
Waiting for you to hear my song
Waiting for you to tell me what went wrong
This is the strangest life I've ever known
We race down to the sea
Standing there on freedom shore
Waiting for the sun
Waiting for the sun
Waiting for the sun
Can you feel it
Now that Spring has come
That it's time to live in the scattered sun
Waiting for you to come along
Waiting for you to hear my song
Waiting for you to tell me what went wrong
This is the strangest life I've ever known
2004/02/06
Mogwai ao vivo (...numa sala muito má)
Concerto no Paradise Garage dia 5 de Fevereiro de 2004
O concerto tinha tudo para ser bom (excepto a sala). Muito boa gente na blogolândia que sabe o que diz andava a antecipá-lo desde há muito. Assim, mesmo não conhecendo os Mogwai e tendo ouvido “Happy Songs For Happy People” apenas uma única vez, lá fui, cheio de expectativas mas ao mesmo tempo sem saber muito bem o que esperar, para o Garage.
O som dos Mogwai insere-se naquela linha rock sónico / post-rock instrumental, com aquelas músicas intermináveis que vivem muito da dinámica e da tensão da bateria e das guitarras com um som muito processado e distorcido. Por experiência própria já sabia que esse tipo de som nem sempre funciona muito bem ao vivo. Falta-lhe algum groove dançante e também algum “hook” ou letra a que uma pessoa se possa agarrar sem os quais ao fim de um bocado a música acaba por parecer toda igual. Mas isso não impede que se consigam grandes concertos dentro do género, ver por exemplo o excelente concerto dos Tortoise há 2 ou 3 anos nesta mesma sala (mas neles está muito presente o tal sentido de groove...).
Ora durante boa parte do concerto dos Mogwai a coisa até estava a resultar bem: a música fluia naquela intersecção entre tensão e libertação sonora, e permitia viajar, umas vezes para paragens sombrias e densas, outras lugares quentes e luminosos onde não custa acreditar que se encontre a tal happy people... O Pior é que à medida que a coisa progredia foram-se perdendo essas imagens, e instalou-se uma sensação de cansaço, de repetição. Houve ainda direito a alguns bons momentos, mas a ligação estava perdida. A ultima música do concerto levou esta sensação ao extremo, com o som altissimo e a distorção num loop interminável e muito agressivo. Fazia lembrar o desconforto sentido durante a projecção de “the flicker” com o som de Lee Ranaldo, durante a experimentdesign, aquela ideia de levar a sensibilidade dos sentidos até ao ponto de total saturação... pode resultar artístico, mas dificilmente resulta em algo estéticamente belo ou agradável.
O concerto tinha tudo para ser bom. Acabou apenas por “não ser mau”... convém também dizer que parte da culpa acabou por ser da sala. O Garage é uma péssima sala, pois quando está cheia torna-se muito difícil ver os artistas em palco a não ser que se esteja nas primeiras filas. Custava alguma coisa ter um palco 40 cms. mais alto? É que não me parece que valha a pena ir ver um concerto sem conseguir ver os músicos por cima das cabeças do público... Os Mogwai teriam ganho certamente bastante se lhes tivessem deixado tocar na Aula Magna.
Convém referir que a noite valeu também pela companhia, mas sobre essa já outros se pronunciaram...
O concerto tinha tudo para ser bom (excepto a sala). Muito boa gente na blogolândia que sabe o que diz andava a antecipá-lo desde há muito. Assim, mesmo não conhecendo os Mogwai e tendo ouvido “Happy Songs For Happy People” apenas uma única vez, lá fui, cheio de expectativas mas ao mesmo tempo sem saber muito bem o que esperar, para o Garage.
O som dos Mogwai insere-se naquela linha rock sónico / post-rock instrumental, com aquelas músicas intermináveis que vivem muito da dinámica e da tensão da bateria e das guitarras com um som muito processado e distorcido. Por experiência própria já sabia que esse tipo de som nem sempre funciona muito bem ao vivo. Falta-lhe algum groove dançante e também algum “hook” ou letra a que uma pessoa se possa agarrar sem os quais ao fim de um bocado a música acaba por parecer toda igual. Mas isso não impede que se consigam grandes concertos dentro do género, ver por exemplo o excelente concerto dos Tortoise há 2 ou 3 anos nesta mesma sala (mas neles está muito presente o tal sentido de groove...).
Ora durante boa parte do concerto dos Mogwai a coisa até estava a resultar bem: a música fluia naquela intersecção entre tensão e libertação sonora, e permitia viajar, umas vezes para paragens sombrias e densas, outras lugares quentes e luminosos onde não custa acreditar que se encontre a tal happy people... O Pior é que à medida que a coisa progredia foram-se perdendo essas imagens, e instalou-se uma sensação de cansaço, de repetição. Houve ainda direito a alguns bons momentos, mas a ligação estava perdida. A ultima música do concerto levou esta sensação ao extremo, com o som altissimo e a distorção num loop interminável e muito agressivo. Fazia lembrar o desconforto sentido durante a projecção de “the flicker” com o som de Lee Ranaldo, durante a experimentdesign, aquela ideia de levar a sensibilidade dos sentidos até ao ponto de total saturação... pode resultar artístico, mas dificilmente resulta em algo estéticamente belo ou agradável.
O concerto tinha tudo para ser bom. Acabou apenas por “não ser mau”... convém também dizer que parte da culpa acabou por ser da sala. O Garage é uma péssima sala, pois quando está cheia torna-se muito difícil ver os artistas em palco a não ser que se esteja nas primeiras filas. Custava alguma coisa ter um palco 40 cms. mais alto? É que não me parece que valha a pena ir ver um concerto sem conseguir ver os músicos por cima das cabeças do público... Os Mogwai teriam ganho certamente bastante se lhes tivessem deixado tocar na Aula Magna.
Convém referir que a noite valeu também pela companhia, mas sobre essa já outros se pronunciaram...
2004/02/05
Em audição - "The Season of the Shark" (Summer Sun)
Porque hoje cheira a Primavera, porque recebo sms provocadoras a dizer "estou a tomar uma jola na praia", porque trouxe um sobretudo, cinzento e pesado, que me fez suar durante a hora de almoço, porque está um belo, belo dia ....
Um álbum que entra de mansinho como os raios de sol pela janela. Sussurrante.
Um álbum que entra de mansinho como os raios de sol pela janela. Sussurrante.
2004/02/03
Viva el rock
É um gosto adquirido (Coral Fang - The Distillers). Tem que se passar da fase a Brody Dalle é a nova Courtney Love (a voz é muito parecida, mas não há ali metade da egomania). O som é duro, determinado, e sabe (bem) a rock.
Há uma que adoro, The Gallow is God, quando começam as guitarras e já estás menear a cabeça há ali uma pausa, uma pausa determinante, que encadeia o ritmo. Adoro este efeito.
The Gallow is God
(um stream, pequenito)
Há uma que adoro, The Gallow is God, quando começam as guitarras e já estás menear a cabeça há ali uma pausa, uma pausa determinante, que encadeia o ritmo. Adoro este efeito.
The Gallow is God
(um stream, pequenito)
Acertámos em todas, ..., menos nessa
No outro dia fui sair à noite, facto que em si não tem nada de especial nem grandes repercussões além da ligeira ressaca que se fez sentir no dia a seguir.
Os que foram comigo essa noite, dotados de uma cultura musical elevada, sabem a poucas notas identificar o grupo que está a passar ( o Dj estava particularmente inspirado … Pixies, Strokes, Sonic Youth, Cake, Pop Dell’Arte, Talk Talk, Fisherspooner, Xutos e um cheirinho de Diana Ross que muito agradou ao público. Dava uma boa compilação). A certa altura entra uma guitarra distorcida acompanhada por uma batida meio electrónica e aquela high pitched voice característica do rock de agora. “`hm....É X-wife”. “Não é nada é Liars”. “É, é Liars”. Perguntámos ao Dj; Rapture ( “The coming of Spring “ acho…). Ok tinha acabado de passar a tarde a ouvir o Echoes e nem os reconheci, mas vou ser má e dizer que não era suposto.
N.R.: Mas se fosse o Sister Saviour de certeza que reconheceria (gosto pois! uma entrada genial) e aquele romantismo de Open up Your Heart também deixa as suas marcas (nem que seja na memória).
N.R. 2 : por ... pontos diga nomes de grupos inseridos no post cujo o nome começa com The (como The Distillers, que não está, mas também não passou). Ora 1,2,3, diga lá outra vez.
Os que foram comigo essa noite, dotados de uma cultura musical elevada, sabem a poucas notas identificar o grupo que está a passar ( o Dj estava particularmente inspirado … Pixies, Strokes, Sonic Youth, Cake, Pop Dell’Arte, Talk Talk, Fisherspooner, Xutos e um cheirinho de Diana Ross que muito agradou ao público. Dava uma boa compilação). A certa altura entra uma guitarra distorcida acompanhada por uma batida meio electrónica e aquela high pitched voice característica do rock de agora. “`hm....É X-wife”. “Não é nada é Liars”. “É, é Liars”. Perguntámos ao Dj; Rapture ( “The coming of Spring “ acho…). Ok tinha acabado de passar a tarde a ouvir o Echoes e nem os reconheci, mas vou ser má e dizer que não era suposto.
N.R.: Mas se fosse o Sister Saviour de certeza que reconheceria (gosto pois! uma entrada genial) e aquele romantismo de Open up Your Heart também deixa as suas marcas (nem que seja na memória).
N.R. 2 : por ... pontos diga nomes de grupos inseridos no post cujo o nome começa com The (como The Distillers, que não está, mas também não passou). Ora 1,2,3, diga lá outra vez.
2004/02/02
Bernardo Sassetti+ Mário Laginha
Centro Olga Cadaval 30 de Janeiro
O encontro era para amigos já se anunciava, metade da sala para o Bernardo (com uma família muito alargada) a outra metade para Mário. Se há algo a apontar em toda a performance é que realmente só uma amizade e cumplicidade profunda permitem tocar assim, um diálogo entre pianos, em que se dá espaço para solar, onde as “frases” que um “diz” são “respondidas” sem quase se notar transposição. Claro que também ajuda serem dois executantes virtuosos…
O segundo concerto (embora durante o espectáculo Bernardo Sassetti tenha dito que foi o primeiro…mas acho que já tocaram no Porto…) de apresentação do albúm em conjunto revisitou, como seria de esperar, os vários temas do trabalho. Se pensarmos que o álbum foi criado em apenas três dias e que segue a estrutura de uma apresentação ao vivo (os imprevistos surgiam ao final de cada dia…), apercebemo-nos que a transposição para concerto foi fácil e feliz. Aliás o alinhamento foi quase igual ao alinhamento do álbum:
A Menina e o Piano
Señor Cáscara (aqui as influências latinas de Salsetti)
O Sonho dos Outros (um tema belíssimo de Nocturno de Bernardo Sasseti)
Take the A Train (Billy Stayhorn - arranjo de Mário Laginha)
A Segunda Gaveta a Contar de Cima (Laginha, tema original para este álbum)
Diabolique (Sassetti, tema também criado para este álbum)
O último set (ainda se teve direito a 2 encores) foi dedicado ao cineasta José Álvaro Morais (realizador do Quaresma, Peixe Lua, entre outros) que tinha falecido nesse dia. Chamava-se (e bem!) Renascer, e na respiração pousada dos pianos conseguia-se aperceber toda a emoção e homenagem sentida que os músicos quiseram prestar. Há música que consegue ultrapassar todas as palavras…. Um concerto excelente, espero que repitam mais vezes.
O encontro era para amigos já se anunciava, metade da sala para o Bernardo (com uma família muito alargada) a outra metade para Mário. Se há algo a apontar em toda a performance é que realmente só uma amizade e cumplicidade profunda permitem tocar assim, um diálogo entre pianos, em que se dá espaço para solar, onde as “frases” que um “diz” são “respondidas” sem quase se notar transposição. Claro que também ajuda serem dois executantes virtuosos…
O segundo concerto (embora durante o espectáculo Bernardo Sassetti tenha dito que foi o primeiro…mas acho que já tocaram no Porto…) de apresentação do albúm em conjunto revisitou, como seria de esperar, os vários temas do trabalho. Se pensarmos que o álbum foi criado em apenas três dias e que segue a estrutura de uma apresentação ao vivo (os imprevistos surgiam ao final de cada dia…), apercebemo-nos que a transposição para concerto foi fácil e feliz. Aliás o alinhamento foi quase igual ao alinhamento do álbum:
A Menina e o Piano
Señor Cáscara (aqui as influências latinas de Salsetti)
O Sonho dos Outros (um tema belíssimo de Nocturno de Bernardo Sasseti)
Take the A Train (Billy Stayhorn - arranjo de Mário Laginha)
A Segunda Gaveta a Contar de Cima (Laginha, tema original para este álbum)
Diabolique (Sassetti, tema também criado para este álbum)
O último set (ainda se teve direito a 2 encores) foi dedicado ao cineasta José Álvaro Morais (realizador do Quaresma, Peixe Lua, entre outros) que tinha falecido nesse dia. Chamava-se (e bem!) Renascer, e na respiração pousada dos pianos conseguia-se aperceber toda a emoção e homenagem sentida que os músicos quiseram prestar. Há música que consegue ultrapassar todas as palavras…. Um concerto excelente, espero que repitam mais vezes.
A ouvir
Beck - Sea change
Um disco sonâmbulamente etílico que, segundo o autor, foi concebido após o ´plac`de uma relação amorosa. Quanto a mim, é um albúm com uma capacidade invulgar de chegar ao ouvinte, o que denota a sua qualidade. Faço da linha de órgão que surge após o refrão de "Lonesome tears" um hino, porque me apetece voltar à Paris de Frantic, apesar de, aí, ter de me ir rebuscar graciosamente para cantorias escurecidamente jonesianas, expoente máximo da frontalidade da vida escrita ao contrário, fugindo do sabor agreste das penas que urgentemente teclam, porque e no fundo, a anímica grandiosidade de quem interpreta é mãe de todos os jogos e todos sabe jogar. Assim é o Beck... e quiçá o Bec... e quiçá o Be... e quiçá o B...
Um disco sonâmbulamente etílico que, segundo o autor, foi concebido após o ´plac`de uma relação amorosa. Quanto a mim, é um albúm com uma capacidade invulgar de chegar ao ouvinte, o que denota a sua qualidade. Faço da linha de órgão que surge após o refrão de "Lonesome tears" um hino, porque me apetece voltar à Paris de Frantic, apesar de, aí, ter de me ir rebuscar graciosamente para cantorias escurecidamente jonesianas, expoente máximo da frontalidade da vida escrita ao contrário, fugindo do sabor agreste das penas que urgentemente teclam, porque e no fundo, a anímica grandiosidade de quem interpreta é mãe de todos os jogos e todos sabe jogar. Assim é o Beck... e quiçá o Bec... e quiçá o Be... e quiçá o B...