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2004/02/06

Mogwai ao vivo (...numa sala muito má) 

Concerto no Paradise Garage dia 5 de Fevereiro de 2004

O concerto tinha tudo para ser bom (excepto a sala). Muito boa gente na blogolândia que sabe o que diz andava a antecipá-lo desde há muito. Assim, mesmo não conhecendo os Mogwai e tendo ouvido “Happy Songs For Happy People” apenas uma única vez, lá fui, cheio de expectativas mas ao mesmo tempo sem saber muito bem o que esperar, para o Garage.

O som dos Mogwai insere-se naquela linha rock sónico / post-rock instrumental, com aquelas músicas intermináveis que vivem muito da dinámica e da tensão da bateria e das guitarras com um som muito processado e distorcido. Por experiência própria já sabia que esse tipo de som nem sempre funciona muito bem ao vivo. Falta-lhe algum groove dançante e também algum “hook” ou letra a que uma pessoa se possa agarrar sem os quais ao fim de um bocado a música acaba por parecer toda igual. Mas isso não impede que se consigam grandes concertos dentro do género, ver por exemplo o excelente concerto dos Tortoise há 2 ou 3 anos nesta mesma sala (mas neles está muito presente o tal sentido de groove...).

Ora durante boa parte do concerto dos Mogwai a coisa até estava a resultar bem: a música fluia naquela intersecção entre tensão e libertação sonora, e permitia viajar, umas vezes para paragens sombrias e densas, outras lugares quentes e luminosos onde não custa acreditar que se encontre a tal happy people... O Pior é que à medida que a coisa progredia foram-se perdendo essas imagens, e instalou-se uma sensação de cansaço, de repetição. Houve ainda direito a alguns bons momentos, mas a ligação estava perdida. A ultima música do concerto levou esta sensação ao extremo, com o som altissimo e a distorção num loop interminável e muito agressivo. Fazia lembrar o desconforto sentido durante a projecção de “the flicker” com o som de Lee Ranaldo, durante a experimentdesign, aquela ideia de levar a sensibilidade dos sentidos até ao ponto de total saturação... pode resultar artístico, mas dificilmente resulta em algo estéticamente belo ou agradável.

O concerto tinha tudo para ser bom. Acabou apenas por “não ser mau”... convém também dizer que parte da culpa acabou por ser da sala. O Garage é uma péssima sala, pois quando está cheia torna-se muito difícil ver os artistas em palco a não ser que se esteja nas primeiras filas. Custava alguma coisa ter um palco 40 cms. mais alto? É que não me parece que valha a pena ir ver um concerto sem conseguir ver os músicos por cima das cabeças do público... Os Mogwai teriam ganho certamente bastante se lhes tivessem deixado tocar na Aula Magna.

Convém referir que a noite valeu também pela companhia, mas sobre essa já outros se pronunciaram...


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