2011/05/31
Tindersticks @ Aula Magna, 11 de Maio de 2011
Ao longo dos anos vi muito concertos e deixei muitos outros por ver. Estes últimos, em geral, não deixam remorsos. Mas se há um que me vem sempre à cabeça quando penso nos que deixei de ver, é o dos Cinematic Orchestra em que musicaram o filme Man with a Movie Camera para o Porto 2001. O disco foi durante muito tempo um dos meus favoritos e falhar esse concerto ficou sempre como uma chaga.
Fui fã dos Tindersticks por altura dos 3 primeiros discos, que ainda hoje revisito com regularidade. Vi a banda muitas vezes ao vivo (5 ou 6 vezes, já nem consigo bem precisar), mas ao longo do tempo fui deixando de prestar atenção aos discos que iam saindo, e da ultima vez que os fui ver ao vivo, em 2010 em Sintra, já foi mais por reflexo condicionado que por verdadeira paixão.
Quando vi o anúncio do filme concerto dos Tindersticks na Aula Magna, soube que não podia perder este concerto apesar da experiência meio "morna" que tinham sido os dois últimos concertos a que tinha assistido (Sudoeste 2009 e Sintra 2010) por ser uma experiência híbrida semelhante à dos Cinematic Orchestra que tinha perdido.
Assim, apesar das baixas expectativas, lá dei os 27 Euritos do bilhete (ouch...). Contrariamente ao que esperava, a Aula Magna não esgotou, apesar de bem composta viam-se ainda muitos lugares vagos. Lembrei-me do primeiro concerto dos Tindersticks que vi, precisamente naquela sala, na altura da Operação X, para salvar a XFM, em que não cabia mais uma formiga na sala...
Começa o concerto e aos poucos apercebi-me que estava a ter a surpresa musical do ano: talvez por uma parte dos temas já ter sido composta há vários anos, talvez por serem maioritariamente instrumentais, ou por outra razão que não percebi, o certo é que aqueles Tindersticks de "uma só noite" na Aula Magna pareciam ter viajado no tempo, soando muito mais próximo do som dos primeiros álbuns.
Já a parte do "filme musicado", que inicialmente me tinha entusiasmado, me pareceu menos conseguida. A banda tocava quase às escuras, enquanto por cima o ecrã passava vários clipes dos filmes a que as canções estavam ligados.
Porém, os filmes de Clare Denis não são suficientemente conhecidos para haver uma associação imediata entre a música e as imagens. Acresce o facto de todos os excertos aparecerem desligados uns dos outros, sem qualquer fio condutor, e de alguns serem particularmente violentos, acabaram por tornar a parte "filmada" a mais fraca do evento. Na minha opinião, as mesmas músicas tocadas sem as imagens nada teriam perdido.
Fomos brindados com um concerto surpreendente e que na certa ficara na memória dos fans dos Tindersticks "antigos". Era bom poder voltar a ver ao vivo "esta" banda em vez da versão "contemporânea"...
Fui fã dos Tindersticks por altura dos 3 primeiros discos, que ainda hoje revisito com regularidade. Vi a banda muitas vezes ao vivo (5 ou 6 vezes, já nem consigo bem precisar), mas ao longo do tempo fui deixando de prestar atenção aos discos que iam saindo, e da ultima vez que os fui ver ao vivo, em 2010 em Sintra, já foi mais por reflexo condicionado que por verdadeira paixão.
Quando vi o anúncio do filme concerto dos Tindersticks na Aula Magna, soube que não podia perder este concerto apesar da experiência meio "morna" que tinham sido os dois últimos concertos a que tinha assistido (Sudoeste 2009 e Sintra 2010) por ser uma experiência híbrida semelhante à dos Cinematic Orchestra que tinha perdido.
Assim, apesar das baixas expectativas, lá dei os 27 Euritos do bilhete (ouch...). Contrariamente ao que esperava, a Aula Magna não esgotou, apesar de bem composta viam-se ainda muitos lugares vagos. Lembrei-me do primeiro concerto dos Tindersticks que vi, precisamente naquela sala, na altura da Operação X, para salvar a XFM, em que não cabia mais uma formiga na sala...
Começa o concerto e aos poucos apercebi-me que estava a ter a surpresa musical do ano: talvez por uma parte dos temas já ter sido composta há vários anos, talvez por serem maioritariamente instrumentais, ou por outra razão que não percebi, o certo é que aqueles Tindersticks de "uma só noite" na Aula Magna pareciam ter viajado no tempo, soando muito mais próximo do som dos primeiros álbuns.
Já a parte do "filme musicado", que inicialmente me tinha entusiasmado, me pareceu menos conseguida. A banda tocava quase às escuras, enquanto por cima o ecrã passava vários clipes dos filmes a que as canções estavam ligados.
Porém, os filmes de Clare Denis não são suficientemente conhecidos para haver uma associação imediata entre a música e as imagens. Acresce o facto de todos os excertos aparecerem desligados uns dos outros, sem qualquer fio condutor, e de alguns serem particularmente violentos, acabaram por tornar a parte "filmada" a mais fraca do evento. Na minha opinião, as mesmas músicas tocadas sem as imagens nada teriam perdido.
Fomos brindados com um concerto surpreendente e que na certa ficara na memória dos fans dos Tindersticks "antigos". Era bom poder voltar a ver ao vivo "esta" banda em vez da versão "contemporânea"...
2011/05/15
X-Wife @ Lux, 6 de Maio de 2011
No Almost Famous há uma cena em que o Mentor / Critíco musical Lester Bangs instrui o seu jovem disciplo (que na prática seria a representação do realizador Cameron Crowe): para ser um bom crítico musical não pode deixar as bandas transformá-lo em fã.
Os X-Wife foram uma das poucas (ou se calhar a única) bandas que levou A Corneta a sério, concedendo nos uma entrevista em 2004 quando saiu o Feeding The Machine. E assim ganharam um fã e perderam um crítico objectivo.
Na passada sexta-feira, os X-Wife deram no Lux o concerto de apresentação do novo disco Infectious Affectional (que raio de nome...) e na minha condição de fã peguei nas minhas tamanquinhas, paguei o bilhete (uns modestos 12 euros, o que para os preços praticados nos tempos que correm se pode considerar uma pechincha), e lá fui alegremente para o Lux.
A sala não estava cheia, mas bem composta. Após um início afligido por deficiências técnicas (é o que dá baldar-se ao sound check e chegar à campeão), a coisa lá arrancou, com os X-Wife a tocarem todas as músicas do novo álbum. Como o material novo, tirando o primeiro single, ainda não era conhecido, o entusiasmo do público foi contido. Felizmente pelo meio e para o fim tocaram alguns êxitos mais antigos para animar a malta.
E no fundo, as novas músicas não se afastam muito do restante repertório. O mesmo estilo de rock "pós-punk" tingindo de electrónicas, as canções curtinhas (todas à roda de 3 minutos cada) e muito directas, as letras não muito elaboradas, etc... O novo disco também não é muito extenso, com o João Vieira (vocalista) a comentar que ninguém tem paciência para discos com mais de 40 minutos.
Não tendo sido nada de inesquecível, não deixou de saber bem sair a uma sexta e ir ver um concertozinho de rock para afastar os blues da velhice. Numa altura em que o sucesso de uma banda já quase não se consegue medir em discos vendidos, não deixa de ser digno de menção o facto dos X-Wife já irem no 4.º àlbum, em cerca de 7 anos de actividade.
Os X-Wife foram uma das poucas (ou se calhar a única) bandas que levou A Corneta a sério, concedendo nos uma entrevista em 2004 quando saiu o Feeding The Machine. E assim ganharam um fã e perderam um crítico objectivo.
Na passada sexta-feira, os X-Wife deram no Lux o concerto de apresentação do novo disco Infectious Affectional (que raio de nome...) e na minha condição de fã peguei nas minhas tamanquinhas, paguei o bilhete (uns modestos 12 euros, o que para os preços praticados nos tempos que correm se pode considerar uma pechincha), e lá fui alegremente para o Lux.
A sala não estava cheia, mas bem composta. Após um início afligido por deficiências técnicas (é o que dá baldar-se ao sound check e chegar à campeão), a coisa lá arrancou, com os X-Wife a tocarem todas as músicas do novo álbum. Como o material novo, tirando o primeiro single, ainda não era conhecido, o entusiasmo do público foi contido. Felizmente pelo meio e para o fim tocaram alguns êxitos mais antigos para animar a malta.
E no fundo, as novas músicas não se afastam muito do restante repertório. O mesmo estilo de rock "pós-punk" tingindo de electrónicas, as canções curtinhas (todas à roda de 3 minutos cada) e muito directas, as letras não muito elaboradas, etc... O novo disco também não é muito extenso, com o João Vieira (vocalista) a comentar que ninguém tem paciência para discos com mais de 40 minutos.
Não tendo sido nada de inesquecível, não deixou de saber bem sair a uma sexta e ir ver um concertozinho de rock para afastar os blues da velhice. Numa altura em que o sucesso de uma banda já quase não se consegue medir em discos vendidos, não deixa de ser digno de menção o facto dos X-Wife já irem no 4.º àlbum, em cerca de 7 anos de actividade.