2007/02/14
Espalhar a Palavra
Esta semana tenho ouvido repetidamente o ainda por estrear álbum dos Arcade Fire, Neon Bible. Compreenda-se que este, como o novo dos LCD Soundsystem, ainda não está à venda, mas estão amplamente disponíveis por métodos ilícitos e a crescer bem em termos de hype. Eu, pela minha parte, vou passando a palavra. Num trabalho em que tudo apela ao Evangelho é preciso espalhar a Boa Nova: este é seguramente do melhor de 2007 (em Fevereiro me arrisco).
Lia Mojo de Janeiro que o Neon Bible começou no meio de a tournée de 2005, num deserto de New Mexico, no meio de um vazio criativo e cansaço de concertos, escrevem "My Body is a Cage" e comprendem que querem dar o passo para o segundo trabalho. Regressam a Montreal e compram uma igreja, onde vão montar um estúdio de gravação.
Em comparação ao Funeral, Neon Bible está bem mais equilibrado. Penso que um alinhamento conseguido influencia tanto o prazer que temos em o ouvir. Se no anterior o início era muito explosivo, aqui "Black Mirror" marca o tom para uma sucessão certa de momentos violentos e tranquilos . As orquestrações continuam impressionantes, a utilização de uma profusão de instrumentos (onde se destacam a orquestra sinfónica de Budapeste em "No cars go" ou em "Keep the car running", ao lindíssimo órgão de "Intervention") acrescenta tantas matizes aos temas que os tornam ricos e sempre um pouco diferentes a cada audição.
A palavra fé aqui não é displicente. Neon Bible fala de forças que nos ultrapassam, do medo, da dúvida, da guerra, de falsos sentimentos, de falsos cristãos. Aquele que segue tantos preceitos na Igreja e que se esquece de os cumprir em casa. Neon Bible fala também de impotência perante a vida e das nossas escolhas, um oceano de violências feito com as melhores das intenções, como em "Ocean of Noise" (a minha preferida, por hoje). Não deixem de espreitar o fabuloso site http://www.neonbible.com/, onde se pode ler as letras, antecipar o grafismo do álbum, a inspiração da fábula de La Fontaine. Um manobra de marketing bem montada e isso também não é nada displicente.
Lia Mojo de Janeiro que o Neon Bible começou no meio de a tournée de 2005, num deserto de New Mexico, no meio de um vazio criativo e cansaço de concertos, escrevem "My Body is a Cage" e comprendem que querem dar o passo para o segundo trabalho. Regressam a Montreal e compram uma igreja, onde vão montar um estúdio de gravação.
Em comparação ao Funeral, Neon Bible está bem mais equilibrado. Penso que um alinhamento conseguido influencia tanto o prazer que temos em o ouvir. Se no anterior o início era muito explosivo, aqui "Black Mirror" marca o tom para uma sucessão certa de momentos violentos e tranquilos . As orquestrações continuam impressionantes, a utilização de uma profusão de instrumentos (onde se destacam a orquestra sinfónica de Budapeste em "No cars go" ou em "Keep the car running", ao lindíssimo órgão de "Intervention") acrescenta tantas matizes aos temas que os tornam ricos e sempre um pouco diferentes a cada audição.
A palavra fé aqui não é displicente. Neon Bible fala de forças que nos ultrapassam, do medo, da dúvida, da guerra, de falsos sentimentos, de falsos cristãos. Aquele que segue tantos preceitos na Igreja e que se esquece de os cumprir em casa. Neon Bible fala também de impotência perante a vida e das nossas escolhas, um oceano de violências feito com as melhores das intenções, como em "Ocean of Noise" (a minha preferida, por hoje). Não deixem de espreitar o fabuloso site http://www.neonbible.com/, onde se pode ler as letras, antecipar o grafismo do álbum, a inspiração da fábula de La Fontaine. Um manobra de marketing bem montada e isso também não é nada displicente.