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2004/08/19

Oye Marlango! nem por isso... 

Tive visitas a semana passada (apesar de gente que me rodeia insistir em reduzir a criatura à condição de espanhola. « Então a espanhola ainda está cá? »).
Num destes dias íamos no carro e ela pergunta-me se já tinha ouvido falar dos Marlango, que era o que se ouvia agora em Espanha. Não. Vai daí saca o Cd da mala põe a tocar . Agora que se foi embora fiquei com ele . Está-me a querer parecer que tudo isto foi propositado, ela sabia da existência deste farol de música online (ainda que muito amputado ultimamente) daí que, subrepticiamente, deixou a prova do delito.

Lembram-se do filme Hable com Ella? A actriz em coma? Chama-se Leonor Watling, nome que desde já a habilita a cantar em inglês ( sin acento). Durante 5 anos, a par do cinema ia treinando com os compinchas, o pianista Alejandro Pelayo e o trompetista Oscar Ybarra, e no final de muita labuta saiu aqui o primeiro trabalho dos Marlango (cujo o nome vai buscar inspiração a uma letra do Tom Waits - "I wish I was in New Orleans" com uma tal de Suzie Marlango). Os arranjos são elegantes, vão de piano clássico a teclados mais electrónicos acompanhado pela trompeta lacónica de sabor inevitável a jazz, mas são levezitos, daí o lado pop. A voz de Leonor é grave e sussurrante, sem grandes amplitudes, mas que atribuem um certo sex appeal a todo o trabalho. O único problema é que o conjunto final, mesmo sendo agradável, não difere muito de tema para tema (vá, em "It's all Right" eles animam e aquilo parece ser mais rápido). Sejamos francos, não tivesse ela participado no Hable com Ella não teria tido muita projecção o trabalho. Mas como diz aí um blog, portem-se mal mas com classe, neste caso, cantem mais ou menos mas com classe. Tem classe (para aí a quarta... esta não foi da minha autoria, infelizmente).





Como não se pôs a questão de optar, olha ficou lá por casa.

Mas em caso de escolha, no caso de ora vamos lá comprar uma coisa gira ali de Espanha, experimente-se o flamenco hip hop do Ojos de Brujo (Vengue!) ou, e esta sugestão é para levar a sério, compre-se o lindíssimo Lágrimas Negras de Diego Cigala y Bebo Valdéz. Não há dinheiro que pague 84 (85?) anos de experiência a fazer das mais belas orquestrações que se pode reunir em disco. Muita classe. Exala classe. E conjunto mais exótico que aquele flamenco da alma, qual alma, que transpira dos poros do corpo. É que mesmo a cantar "Io sei que io vou tiamar...por toda a minha vida io vou-ti amar....desesperadamiente" soa bem. Muita classe.






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