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2004/07/27

Roy Ayers em Oeiras 

(Casa da Pesca, 22 de Julho de 2004)

Se há coisa que não tem faltado neste verão de 2004, são concertos. Este ano a música no coração achou que o Estoril Jazz e o Jazz em Agosto não chegavam para preencher de Jazz o verão lisboeta e decidiu oferecer-nos (vender-nos será a palavra correcta neste caso) o Cool Jazz Fest.

Diga-se, em abono da verdade, que quem pensou este Cool Jazz Fest tinha alguma razão, pois havia ainda um espaço a preencher neste nicho “jazzistico” de mercado. Já por aqui o tinha apontado em tempos: se tivermos em conta que o Estoril Jazz apresenta como programação um jazz no sentido mais tradicional e bop do termo, e o Jazz em Agosto o apresenta na sua vertente mais free e improvisada, ficava espaço para a vertente mais electrónica, dançante e fusionista ter também o seu festival. Este CJF é um passo nesse sentido, com um cartaz diversificado (mas ainda assim não muito arriscado, podia ter muito mais nu-jazz, mas esse acaba sempre regalado para eventos de música electrónica...).

Porém, como nem tudo são rosas, nem sempre há dinheiro para se ver todos os concertos que se quer. É aqui que se revela o “Dark Side” deste boom de oferta que temos vivido: passa a ser preciso usar de algum rigor ao decidir a que eventos alocar os recursos escassos (os euros escassos, neste caso).

De Roy Ayers sabia que tinha sido uma figura influente e respeitada que contribuiu para dar novos caminhos ao jazz nos anos 70 e 80, mas em boa verdade, da sua música, pouco conhecia para além de algumas coisas remisturadas numa ou noutra compilação ou algumas coisas que passaram na rádio em antecipação do concerto. E por isso mesmo não pensava ir vê-lo. Mas à última hora a Sofia ganhou um bilhete num passatempo e assim acabamos por ir semi-à-borla (era um bilhete simples, foi preciso comprar mais um...).

Secretamente, esperava que o concerto fosse muito bom. Tinha ouvido críticas muito boas ao senhor. E o sítio também parecia ajudar, uma espécie de jardim setecentista, completo com lago, cascata e tudo...

O espaço, se bem que muito bonito e original, não era de todo apropriado ao evento. O Palco era minúsculo e pouco apropriado, o lago deixava as bancadas mais baratas muito afastadas do palco, a estrutura temporária em que assentavam as cadeiras não convidava à dança...

Roy Ayers, por seu lado, foi de uma simpatia e contacto com o público impáres, uma vez que passou quase tanto tempo a falar para o público como a tocar. Simpatia é bom, mas não era preciso tanto, sempre que a coisa começava a aquecer e o público a entrar na onda, lá parava ele mais dez minutos a conversar entre duas músicas. O que vale é que isso proporcionou alguns bons momentos de humor e empatia com o público. Em termos musicais, também houve vários bons momentos, sobretudo os de maior toada funk, merecendo destaque o excelente guitarrista e o pianista/saxofonista. Mas no compto geral tudo soava imensamente datado e demasiadamente meloso, como um Stevie Wonder mais Jazzy e menos Pop. Se calhar a culpa é minha, devia ter feito os trabalhos de casa antes de ir para o concerto... mas a verdade é que, sem ter sido mau, esperava mais do apregoado “Profeta do Acid Jazz”... e fiquei com a sensação que o grosso do público partilhava da minha opinião...





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