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2004/07/13

Menos hype mais substância 

O ano passado dos primeiros postes que colocamos aqui na Corneta falava precisamente do festival Hype Meco. Engraçado como os festivais vão marcando as nossas “estações” musicais. Daqui a um mês de novo no Sudoeste …

Se a palavra hype marcou o festival anterior este ano apostou-se em valores consagrados (curiosamente no Verão passado). Novidade, novidade, talvez os Scratch Perverts cujas as horas tardias e a completa fraqueza de pernas impediu-nos de ver. O resto compunha-se por velhos amigos. A Peaches e o Matthew Herbert eram as cabeças de cartaz do extinto CBT de 2003, Moloko são aquele fenómeno Placebiano que todos os Verões voltam cá. Mesmo na tenda Zones, de longe a mais cheia e animada ao longo da noite, bisaram nomes conhecidos como Fernanda Porto ou Dj Dolores e os omnipresentes Jazzanova (mas nunca o elenco completo).

Não obstante a falta de “novidade” o balanço que faço deste festival é bastante mais positivo que do ano passado. Desde logo porque o recinto esteve a meio gás, o que se traduziu em andar à vontade e, surpresa, ser atendido no momento e não ter de esperar uma hora pelas cervejas (ando ainda traumatizada pelo último Super Bock /Super Rock) . O estacionamento é aquela deficiência que toda a gente conhece; além de cobrarem 1,5 euro por um pedaço de areia perdido entre clareiras e sobreiros que às 5 da manhã parecem iguaizinhas, verifica-se sempre aquele fenómeno divertido de ver pessoas às tantas da manhã tipo “zombie” em busca do carro perdido … Os Corneteiros, que beneficiaram da curva de experiência com sucessivas idas a festivais, não se esqueceram da lanterna nem de ficar perto de placa facilmente identificável. Só levámos 10 minutos a encontrar o bólide, todo um recorde pessoal.

Passámos a maior parte da noite pelo palco principal (passe a publicidade o Optimus), apesar de alguns eventuais saltos às outras tendas. A dos “Providers”, mais conhecida pelo pessoal de garrafinha de água na mão, esteve animada por Djs oriundos da Áustria cujo som maioritariamente house até chegou a ser agradável. Dava para estar lá mais de 10 minutos a dançar. Outro recorde pessoal.

A tenda Zones, mais conhecida pela tenda brasileira (Otto, Fernanda Porto, Kaleidoscopio, Dj Dolores) foi a mais animada da noite e acho que chegou a ter mais gente que o palco principal.


Das main atractions tenho que admitir que Moloko estiveram irrepreensíveis, uma Roisin comunicativa e que dominou um publico mais que entusiástico do princípio ao fim. Tocaram-se os grandes êxitos de Statues e do Things to make and do, mas não houve facilistismos. Canções mais conhecidas como “Pure Pleasure Seeker”, “Sing it back”, “The time is now” foram potenciadas por arranjos originais e muita energia em palco.


Moloko
Roisin estilo Papagaio


Matthew Herbert começou mal, porque os temas do Goodbye Swingtime não se adequavam a um grande festival. Mas a partir do momento em que Dani Siciliano canta “It’s only” do Bodily Functions, libertou-se o espectro da Big Band e Herbert começou a investir naquilo que é mais conhecido, a “engenharia” electrónica.
A partir do som do esvaziar de um balão e de duas palavras cantadas pela mulher criou à nossa frente toda uma melodia feita de soundbytes a que acresciam sons dos instrumentistas da Big Band. Só sei que Swing + electrónica marada tornou-se numa combinação irresistível para dançar e nesse momento o público rendeu-se. Pena que tenham sido apenas os últimos dois temas e o encore fizerem do espectáculo de Herbert o mais estimulante da noite.


Herbert


A Peaches sofreu da imensidão do palco que não favorece um espectáculo tão pobre em meios. O que no Lux funcionou tão bem :a ausência de uma banda, sons programados, o show de desmontagem dos clichés do rock (as roupas, as guitarras, este ano como novidade apresentou duas meninas algo “cavalonas” que faziam coreografias que acentuavam o explícito das letras), num palco tão grande tornou-se algo ridículo. Metade do público, que não conhecia a irreverência da cantora canadiana, passou o concerto incrédulo de boca aberta . Outros, poucos, dançavam. Acho que ela própria sentiu que foi um espectáculo que não resultou já que no fim diz algo parecido com: “ Muitos de vocês não sabem mas eu escrevo todos os meus temas e produzo a maior parte deles!” como se a puxar os galões lembrando a sua fama de animal de palco. Bem a nível da letra aquilo não há grande complicação, mas é da atitude que eu gosto mais, que naquela noite não foi suficiente para conquistar uma audiência que não fazia a mínima ideia porque que ela estava a fazer "aquelas coisas" em palco.


Peaches
Peaches e convidado especial Iggy Pop


De qualquer forma é a ela que devemos o momento mais divertido da noite . No final da performance ouve-se em voz off :
- You’re backstage with …Peaches!
- You’re backstage drinking heavy beverages with …Peaches and Moloko!
- You’re backstage drinking heavy beverages with Peaches and Moloko and having sex with…Matthew Herbert's Big Band!


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