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2004/06/09

Wraygunn – Eclesiastes 1:11 

Série “nós agora queremos é Rock” Cap. 1

Eclesiastes 1:11.
“Let Freedom Reign”... com um sample de um discurso de Martin Luther King e com um sabor dançável que lembra em muito Loaded, um dos maiores êxitos dos Primal Scream (com aquele “We wanna be Free, To do what we wanna do”) começa Soul City, a primeira faixa de Eclesiastes 1:11, o novo disco dos Wraygunn de Paulo “Tiger Man” Furtado.

Segundo ele próprio afirmou, na entrevista que nos concedeu recentemente, este é um disco em que a inspiração principal provém dos Blues. Mas está longe de ser um disco emque os Blues possam ser visto segundo o conceito sonoro tradicionalq ue se associa a essa palavra. Em Eclesiastes 1:11 há um caldeirão de influências distintas, em que o rock, o blues, e as guitarras assumem a primeira linha, mas que não se esgota aí, pois nele se encontram também, entre outros, os sabores do Gospel, da Soul, do Funk, do Punk ou do Hip-Hop, e onde prevalece acima de tudo, uma ideia de energia e de música que é tocada com gosto e convicção.

Alguém já chamou aos Wraygunn a banda mais americana de Portugal, e de facto, tendo em conta quer as influências, quer o resultado final, tal não andará muito longe da verdade. Mas trata-se de uma sonoridade americanizada que nada fica a dever ao produto genuíno feito do outro lado do Atlântico, ao que não será alheio (como o próprio reconhece) o tempo que Paulo Furtado passou nos Estados Unidos em digressão com a sua antiga banda, os Tédio Boys.

Claro que não o disco tem as suas falhas e momentos mais fracos (por exemplo, à voz de Raquel Ralha falta por vezes o corpo e o calor de uma sexy voz negra, como a música parece pedir), e que a carga energética não o torna um álbum adequado para todas as ocasiões. Mas ainda assim, no seu conjunto é um disco bastante interessante.

Quem gosta de rock, e do rock que se faz actualmente, com todo o revival punk, new-wave e 80s, deverá prestar atenção a este disco, pois encontrará nele uma sonoridade algo diferente mas que decerto não desagradará, pela energia, atitude e mistura de influências.

Para além de gostar do disco, e apesar de ainda nunca ter visto um concerto dos Wraygunn, estou certo que há aqui material para actuações ao vivo cheias de garra e de vida. Daqui a 2 dias terei oportunidade de confirmar esta hipótese, pois os Wraygunn sobem ao palco secundário do Super Bock pouco tempo antes da agurdada actuação dos Pixies...


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