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2004/04/14

Sai um jazzesito contemporâneo para a mesa do canto faz favor... 

Skalpel – Skalpel

Cheguei a este disco através de um post no error_404, onde se falava de proximidades sonoras com os Cinematic Orchestra. Curiosamente (ou talvez não), os Skapel são editados pela Ninja Tune, editora com tradição na àrea do Jazz electrónico, sendo a mesma editora dos já mencionados Cinematic Orchestra e também dos Jaga Jazzist, Dj Vadim, Amon Tobin, Mr. Scruff e Up Bustle and Out, entre outros. Skalpel

Os Skalpel são um duo polaco, e é curioso notar-se que a Polónia era um dos países da cortina de ferro em que havia uma maior tradição jazzistica (veja-se por exemplo as compilações Polish Jazz e Go Right editadas pela JCR há já algum tempo). Neste disco de estreia, foi precisamente nos arquivos dessa herança polaca que mergulharam para encontrar material que poderiam samplar.

O resultado é um disco que tem de facto grandes afinidades sonoras com os Cinematic Orchestra, sendo sobretudo próximo do som do primeiro disco destes, Motion, editado em 1999. Está lá aquele ar sofisticado que é dado pela mistura dos beats electrónicos com os samples de instrumentos reais, e os inevitáveis samples vocais que lhe dão o toque “cinemático”... e é esse o principal defeito deste disco de estreia dos Skalpel: em 2004 este som tem um sabor a déjà vu, a algo que já ouvimos antes, e não a algo particularmente inovador.

Não que seja um mau disco, antes pelo contrário... Poderia pegar no título da segunda faixa do álbum e dizer que ele é “Not too bad”, mas não lhe estaria a fazer justiça, porque o disco é melhor do que isso. Consegue pegar num som semelhante ao do já referido Motion e levá-lo para uma esfera um pouco mais upbeat, um pouco mais “dançável propriamente dito” ao invés de “dancável na horizontal”, o que faz com que seja, por exemplo, adequado para animar uma tarde no escritório sem que se torne demasiado intrusivo no ritmo de trabalho. Os ritmos, os beats e os samples são mais aventureiros que aquilo que a Cinematic Orchestra oferece, mas perde-se um pouco do toque intemporal que tanto aprecio em discos como Man with a Movie Camera. Por outro lado, falta um pouco daquele lado mais aventureiro, mais esquizoíde e des-estruturado dos ritmos dos Jaga Jazzist, que poderiam tirar algum do sabor a déjà vu do disco.

Quem já estiver enjoado deste som, que evite. Quem ainda não estiver farto e gostar do género (como eu) não vai ficar decepcionado...


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