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2004/01/28

X-Wife – Feeding the Machine 

Em jeito de complemento à entrevista, um comentário ao álbum...
X-Wife – Feeding the Machine Antes de tudo mais devo começar por confessar que gosto deste som pós-punk-electro-qualquercoisa-revive-80s. E digo-o porque reconheço que é mais uma moda, como muita gente gosta de apontar, e que não é nenhuma grande revolução em termos musicais. Mas pessoalmente é importante, porque me fez gostar de ouvir rock novamente, coisa que já não acontecia há muito tempo, quando abandonei as sonoridades rock em buscas de outras coisas electrónicas ou jazz (ou de preferência na confluência dos dois).

É obvio que este renovado interesse pelo rock não se deve apenas aos X-Wife, remonta, por exemplo à primeira faixa do Attention dos Gus Gus, Unnecessary, do verão de 2002, e tem-se manifestado de muitas outras formas, como por exemplo no electro de Peaches ou no Sister Saviour dos The Rapture...

O que seduz neste álbum dos X-Wife é precisamente a mistura de guitarras e efeitos e batidas electrónicas, aquela simbiose entre o rock e as máquinas... E também aquela dose de energia que dá à coisa um caractér visceral, de apelo imediato. Claro que tem também bastantes falhas, é um álbum quase todo igual, bastante repetitivo e que pode por isso tornar-se bastante enjoativo. E também é claro que estão lá todos os clichés, da voz em falsete e dos “oh yeaaaaaaaaaahs” ao Vocoder... Mas a banda sabe-o bem e é por isso que a dose que nos é servida é uma mini-dose de 38 minutos. Teria sido fácil fazer mais 4 ou 5 canções dentro do género e levar o disco para perto dos 60 minutos, mas não teria acrescentado nada, antes pelo contrário.

No fim de tudo ficam as canções. E entre muitas canções que à partida parecem todas iguais, destacam-se algumas que são singles imediatos, que são viciantes e que apetece ouvir vezes sem conta, tais como Eno, Rockin’ Rio ou Taking Control. Há tempos perguntava-me se este som que resultava bem ao vivo resultaria bem em disco, e está visto que resulta.

Este poderá não ser um disco intemporal, mas nem todos os discos têm que ser intemporais. Há discos que envelhecem muito mal mas que são excelentes para consumir dentro do prazo, aliás tal acontece com muitos vinhos. Se este disco vai envelhecer bem a seu tempo se verá, acredito que talvez não, mas enquanto é tempo vale a pena ouvi-lo e vale sobretudo a pena ver os X-Wife em concerto. Ainda mais porque há que aproveitar bem antes que a exposição que estão a receber cresça ao ponto de se tornar saturação, como infelizmente acaba por acontecer muitas vezes com grupos Portugueses (ver o caso dos The Gift)...

Quem quiser ouvir clique aqui (ficheiro de som tirado do site da banda).


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