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2004/01/23

Rescaldo de uma noite de concertos 

A noite de ontem prometia bons concertos, e a Sofia já deixou uma boa ideia do resultado final. Abaixo ficam os meus pontos de vista:

The Bad Plus

O concerto dos The Bad Plus foi de facto notável. O grupo tem recebido crédito por tentar de alguma forma renovar o som jazz afastando-se do repertório convencional de standards e este concerto demonstrou, com as versões de músicas de outros quadrantes musicais e com as composições próprias, que o consegue bastante bem. Todos os músicos estiveram notáveis, mas a bateria destacou-se, indo por vezes muito longe dos padrões “normais” do som de bateria jazz, mas sendo sempre uma força condutora e a fazer juz á fama de “loudest piano trio in the world”.

Para além disso o trio deu um bom espectáculo, comunicando com muito humor com o público. A sala estava talvez menos de meio cheia, e ao início sentia-se que as pessoas não estavam, em geral, muito certas do que iam ouvir. A apoteose de aplausos no segundo set provou que o trio soube muito bem conquistar a sala. Não me admiro nada se eles tiverem o dobro ou o triplo da audiência da próxima vez que passarem por Portugal.

Colder

Do concerto de Colder esperava muito, até porque gosto muito do disco. Mas as desilusões foram-se seguindo umas atrás das outras.

A primeira desilusão deveu-se não aos músicos mas ao Lux. Não percebo porque é que o Lux insiste em desrespeitar horários. Anunciado para as 00h30, o concerto começou perto das duas da manhã, o que convenhamos não é muito bom quando se pensa que Sexta (também) é um dia de trabalho. Se estavamos devidamente aquecidos pelo concerto anterior, a espera tratou de arrefecer em boa medida os ânimos... sinceramente, não se percebe porque é que no Lux as coisas funcionam tão mal.

Colder apresentou-se em palco acompanhado por músicos na guitarra, no baixo, na bateria e nas programações. As músicas foram assim sendo apresentadas em versões mais musculadas, com uma sonoridade mais rock. Infelizmente isso funcionou em detrimento do efeito final, porque perdiam boa parte do negrume e encanto que as caracteriza no álbum. Acresce que os músicos, não sendo propriamente uma banda, mas músicos contratados para actuar ao vivo, não se empenhavam realmente, e mantinham posses estáticas em palco, o que não ajudava a transmitir nenhuma descarga emocional à plateia. Para além disso, tendo em conta que Colder é na verdade um designer conceituado e que o álbum é vendido com um DVD de animações que ilustram as canções, seria de esperar que houvesse algum VJing em torno da actuação. Nada, nenhuma projecção a animar o palco, nem sequer o mais elementar jogo de luzes. Uma pobreza confrangedora.

Felizmente, já depois de o concerto ir a meio, as coisas melhoraram bastante, foi como se começassem a fluir mais naturalmente... A banda empenhou-se mais, sobretudo o guitarrista, a música virou para versões mais electro, ligaram-se alguns efeitos de luzes sobre o palco... Foi como se demorassem cerca de 25 minutos a aquecer e depois a coisa começasse a sério. O problema é que tendo em conta que o concerto não demorou mais de 50 minutos, metade acabou por ser gasta em vão. Talvez fosse apenas um problema de falta de rodagem ao vivo, mas mesmo assim...

Foi uma grande desilusão... a “battle of the bands” acabou por ficar 1-0 para os músicos de Jazz e para a Sofia (os Bad Plus eram a escolha dela, Colder era a minha...). Para mim, foi um golpe na minha capacidade de me encantar com coisas novas...


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