<$BlogRSDUrl$>

2003/12/12

Quero o meu Debussy 

Aproveitando os últimos cartuchos do bom cinema proporcionado pela Zero em Comportamento fui ver o All About Lily Chou-Chou. Um filme dolorosamente belo seja pelas paisagens japonesas, pela temática dos anos desesperados da adolescência (o que é isso? onde acaba hoje a adolescência?) ou pela música.

A música aliás é o mote da história. Um jovem de 13 anos, típico e anormal como toda a gente nessa idade, decide criar uma espécie de fórum dedicado à sua cantora favorita, a Lily Chou-Chou. A Lily embora cante em japonês musicalmente situa-se algures entre uma Björk ou uns Sigur Rós, música desolada por isso, que puxa para o sentimento. No fórum as personagens adoptam nomes fictícios e deixam as suas inquietações fluirem livremente, enquanto que na realidade do dia a dia da escola é o salva-se quem puder. Quem tem coragem para ser poético e enamorado como as mensagens que deixam durante a noite ?


la






Há uma música que percorre todo o filme - o Arabesque do Claude Debussy - que surge estrategicamente nos momentos de maior tensão. Esta música que é, uma vez mais, dolorosamente bela (podem ouvir aqui) serve de muleta a qualquer imagem mais violenta que surja. Cada vez que acontece algo horrível (estou a lembrar-me de uma passagem em que uma miudinha de 13 anos chora porque é obrigada a prostituir-se, a imagem acima…ah já tinha dito que isto era algo violento não?) , desaparecem diálogos e som e lá espetam a peça. O resultado é que se calhar é mais pela música que o coração aperta que pela situação em si. Outra prova ( como no Elephant) que isto de música clássica e o teenage angst has paid of well é uma combinação explosiva.

Eu também gostava de andar com o Debussy na algibeira para espetar em várias situações da vida. Como alguém já falou um dia, utilizar a banda sonora da vida. Carregar no play e que comece a tocar as Valquírias do Wagner cada vez que tenho de falar com o meu chefe, o Let’s get lost do Chet Baker quando me estou a sentir romântica, o Shake yer Dix da Peaches para momentos de grande formalismo. Mas tenho que usar palavras como o resto dos mortais e isso às vezes estraga tudo.


This page is powered by Blogger. Isn't yours?