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2003/12/03

Jazz chegou ao(s) Nirvana 

Muita gente pensa que o jazz de certa forma morreu depois do desaparecimento de Coltrane, um marco ainda difícil de contornar. The Bad Plus são um trio, uma formação clássica de piano, contrabaixo e bateria que quer tocar a música que gosta e quer tocar jazz . Este é um daqueles casos que vem afirmar vitalidade do género; o jazz virou rock e neste caso particular grunge. Aliás aqui na Corneta já discutimos o caso e concordamos que esta tem de ser a próxima caixinha a abrir, depois do revivalismo dos anos 80 a próxima leva seguramente vai voltar a revisitar o rock alternativo do ínicio da década de 90. Ou talvez não (só para cobrir a posição caso o exercício de futurologia saia ao lado).

These are the vistas é o álbum e o prato forte é elevação do “Smells like Teen Spirit” dos Nirvana a standard de jazz. Mas não é o único, também se pode encontrar “Flim” de Aphex Twin e “Heart of glass” dos Blondie, além de temas originais do trio.
 BAD PLUS

Em relação ao primeiro, a guitarra corrosiva é substituída pelo piano que constrói a melodia, o baixo mantém ritmo apertado e depois entra uma bateria com potência pouco usual em jazz. Aliás esse é um ponto muito curioso nesta banda, que se mantém ao longo das outras faixas, porque não são nada mansinhos, o baixo é determinado e a bateria é muito mais explosiva que qualquer formação clássica poderia supor. Chamam-lhe “hard rock”, mas isto não é rock, não é jazz, sei lá, pode ser “hard jazz”.
Acho que o trio joga muito bem com as percepções que um público (naturalmente mais jovem) já tem à priori deste tema. Para muitos este é aquele tema , define uma década e aqui é reinventado sem deixar de haver uma identificação primária. È mesmo surpreendente . A capa é que é mázinha não faz nada juz ao conteúdo do álbum.


No outro dia estava a ouvir o Thelonious Monk Trio quando me deparei com umas notas familiares. Eu conhecia aquilo. Depois é que percebi que aquilo era o “Just a Gigolo”, cuja a recordação primária era o vídeo do David Lee Roth cheio de meninas em bikini ( é o que vale pertencer à geração da music video, o tema já é do tempo de Louis Armstrong, ou da Sarah Vaughan, …) e percebi que acabava de fazer o processo inverso, ou seja a ouvir o original porque aquilo já foi mais do jazz que do rock. Esta faixa em concreto é um solo de piano onde o tema é apresentado em frases cortadas, ritmo abrupto. É ter uma noção completamente diferente da nossa referência, sem deixar de ser o mesmo.

Gosto disso, gosto disso.




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