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2003/10/14

Truby Trio – Elevator Music 


Truby Trio – Elevator Music
Rainer Truby e o seu Truby Trio já há muito que eram conhecidos, através do seu trabalho na editora Compost Records, das aclamadas compilações Glucklich, dos seus projectos paralelos e das actuações como DJs. Foram também, em parte, responsáveis pela popularização de influências latinas e sobretudo brasileiras em muito do que se tem feito nos últimos anos nas diversas frentes das músicas electrónicas.

Apesar de ter os seus originais dispersos aqui e ali em várias compilações, o Truby Trio não tinha ,até agora, editado qualquer álbum de originais. Este Elevator Music era por isso aguardado com alguma expectativa, até porque durante o tempo que mediou os primeiros volumes da série Glucklich e esta edição, essas mesmas influências latinas foram exploradas até à saturação pelos mais diversos projectos de música electrónica.

Ao tentar ser a resposta do Truby Trio a essa saturação, Elevator Music acaba por ser uma amálgama de estilos: se por um lado estão lá as sonoridades Jazz-Funk-House electrónicas características dos Jazzanova e da Compost records, e as sonoridades brasileiras, por outro lado há uma viragem para sonoridades latinas de influencia hispânica (Jaleo, à primeira audição, parece uma faixa perdida do arquivo dos Gipsy Kings) e para sonoridades de inspiração Afrobeat.

O álbum abre da melhor maneira, com um interlúdio em que sobre uma batida “groovy” uma voz masculina murmura, numa espécie de convite à dança: “the rhythm... and the swingin’ feel”. Daí parte-se para dois temas dentro da sonoridade Compost, merecendo destaque o primeiro, Universal Love, tingido de referências ao disco sound dos anos 70 e de boa disposição dançante, com o refrão “Love to the World!” a fazer o paralelo com o In Between, dos Jazzanova, que abria sob o mote de “something’s missing... could it be love?”. Porém logo de seguida vem a desilusão, sob a forma do Afrobeat e do refrão irritante e ultra repetitivo de Runnin’ e do já referido plágio descarado aos Gipsy Kings que é Jaleo.

As coisas melhoram quando se chega à secção “brasileira” do disco, com Alegre 2003 e sobretudo com A Festa, esta uma muito dançável nova versão de um samba de Jorge Benjor. O problema é que logo de seguida se cai de novo no Afrobeat menos feliz com Make a Move, embora esta faixa tenha a virtude de ser um pouco menos irritante e repetitiva que a anterior faixa Afrobeat (Runnin’). Segue-se um novo ponto alto com A go Go, novamente uma faixa de energia contagiante, como que a provar que o Truby Trio também consegue bons resultados a partir das influencias hispánicas. Depois o disco volta a cair nas sonoridades Jazz-funk do início, sem que no entanto qualquer dos temas até ao fim do disco seja particularmente inspirado e se consiga destacar acima da média.

Uma pesquisa rápida pela Internet deu-me a entender que Elevator Music, sem ser verdadeiramente aclamado, recebeu críticas mais ou menos favoráveis. A meu ver porém, não se trata de um disco memorável. O problema de Elevator Music está precisamente na constante mudança de estilos. Se um álbum de sonoridades diversas não é necessariamente mau, torna-se também mais difícil conseguir dar-lhe alguma consistência. Neste caso parece-me claro que há muito pouca consistência, uma vez que se alguns (poucos) temas são de facto muito bons, os restantes oscilam entre o francamente mau e o mediano. Os temas bons não conseguem compensar os maus nem são suficientes para justificar a audição completa do disco ou o seu preço, até porque antes da compra há que ter em conta que alguns dos melhores temas, como A go Go ou Alegre, já foram publicados anteriormente em diferentes compilações e singles e não são por isso propriamente uma novidade.

Num dos seus primeiros posts aqui na Corneta, em Julho, o Bruno explicava que tinha comprado este disco por impulso e que tinha acabo por o revender a um amigo, adivinhando que não se ia arrepender de o ter feito. A contraparte desta transação fui eu, o amigo que lhe comprou o disco, e de certa forma fui também quem acabou por se arrepender. Demorei algum tempo a escrever sobre Elevator Music porque queria ouvi-lo com atenção, mas após várias audições ele nunca me conseguiu cativar verdadeiramente. Há aqui faixas muito boas para incluir numa qualquer compilação caseira para oferecer aos amigos, mas o conjunto não consegue ocupar um lugar de destaque no leitor lá de casa (pelo menos não para deixar o CD correr de uma ponta à outra).



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