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2003/10/30

O génio que veio do frio (vão-me linchar por isto) 

O virtuosismo não é feito apenas de solos rápidos e, a prová-lo, Yngwie J. Malmsteen editou o seu primeiro longa duração em 1984. Algo nunca antes ouvido. Malmsteen, oriundo da Suécia, alia a uma técnica fabulosa um grande sentido melódico e harmónico e, ao invés de se perder em divagações mais próprias de uma qualquer gigantesca superfície comercial, cria temas épicos, fantásticos e sobre o fantástico, levando a mente do ouvinte para locais recônditos. Chamem-lhe foleiro ou preguem a sua falta de feeling...para mim, nem uma nem outra. É genial, forte, melodramático e alcoólico - bebe Hendrix e bebe Bach, come Friedman e vomita Hammett...
O seu primeiro albúm, para muitos também o melhor, "Rising Force", assenta essencialmente em temas instrumentais que remetem (quase) sempre para um ambiente clássico, barroco e, repito-me, épico e fantástico...Desde o lento "Black Star", com um ritmo bastante bluesy na sua génese, até à alucinante cavalgada de "Far beyond the sun", passando pelo lindo, utópico e esperançado "As above, so below" ("I will never die/´cause I will fly/to the other side"), sem esquecer o não menos belo "Icarus dream suite, op.4", este é um disco marcado não só pela guitarra abismal de Malmsteen mas também por instrumentos menos comuns, sejam eles o órgão de igreja ou o cravo .
Há dias um amigo disse-me que a capa deste disco era das mais feias que já tinha visto, porém, há que analisar o contexto das obras e, assim sendo, só posso dizer que Malmsteen extermina o imaginário metaleiro repleto de ideais sexistas, machistas, violentos e intelectualmente medíocres, abrindo portas ao público para com ele partilhar uma visão mais nobre...






Cito outro grande génio :
"Que é bom? - Tudo aquilo que exalta no homem o sentimento de potência, a vontade de potência, a própria potência.
Que é mau? - Tudo o que mergulha as suas raízes na fraqueza.
Que é a felicidade? - A sensação de que a potência cresce - de que a resistência é vencida. (...)"
, in "O Anticristo", de Friedrich Nietzche.


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