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2003/10/06

Espanha 0,5 Km * 

O post do Tiago a falar do seu tempo de emigrante deixou-me cheia de vontade de recordar o meu por terras de nuestros hermanos, em Barcelona para ser mais exacta (agora só falta o Bruno falar do Burkina Fasso e ficamos com o ramalhete completo).

Como já referi nos comentários durante a polémica "quotas" a rádio espanhola é mesmo má, sendo que o cancro musical neste caso é um techno muito manhoso e histérico e várias gerações de músicos vertente entertainer que vão saindo de sucessivas Operación Triunfo. Claro que há o flamenco, até há jazz flamenco com Chano Dominguez, ou seja, não quero descartar nalgumas linhas de post o imenso talento, inovação, energia que há neste país. Mas há muita bimbalhada também...que pode ser divertida em doses moderadas.

Mas recordar os meus tempos espanhóis passa muito mais pela particular relação que se estabeleceu com a música portuguesa enquanto fora, que servia o duplo propósito de ouvir por gosto e recordar a santa pátria. Engraçado que nesse tempo, muito mais do que agora em Portugal, o músico que mais me transportava de volta a casa era Carlos Paredes, de uma forma dilacerada e silenciosa (palavra paradoxal, o que quero dizer que era a música que remetia ao silêncio das memórias). Ouvir o tema dos "Verdes Anos" pode ser uma experiência dolorosa quando se tem saudades. E era ele também o elegido para mostrar um pouco de música portuguesa a amigos espanhóis. Confesso que ficava mesmo triste quando não os comovia por aí além.

Outro grupo essencial à minha vivência espanhola foi os Irmãos Catita que serviram para estabelecer o que chamo de emigrante bonding. Quando me encontrava em festas ou jantares identificavam-se os portugueses imediatamente, os únicos que riam a bandeiras despregadas ao ouvir o "Bananaz" , "Chavala", "Moçambique é Portugal", perante o olhar atónito dos restantes convivas de outras nacionalidades. Agora hoje em dia passa-me o reverso . Ouvir o "Eu sou chato" deixa-me cheia de nostalgia desses tempos. É um must em qualquer discografia emigrante , versão cantada em português claro!

Por falar em música portuguesa há um novo blog que dedica boa parte dos seus posts a ela (Sons do Quarto) .

* O título do post é uma tabuleta que se encontra, como bem indica, a quinhentos metros de Espanha. Reparei nela esta sexta quando fui a caminho de Madrid. Por falar em Madrid (este post está a desenvolver-se ao ritmo das cerejas, uma palavra desencadeia logo outras) quem for a esta cidade até Dezembro não perca uma exposição única de fotografia de Martin Parr no Museu Reina Sofia. Tem muito humor, acutilância e ternura. Realmente este blog deve ser de música, mas coisas boas destas também vale a pena falar. Deixo aqui um exemplo de uma das fotos em exposição.



[Matin Parr]





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