2003/09/18
Letras de "Waiting for the moon"
“My hands ‘round your throat If I kill you now, well, they will never know.” O novo álbum dos Tindersticks começa desta forma algo violenta mas o território é conhecido. O mesmo romantismo exacerbado, o acompanhamento de violinos e violencelos, as vozes que, na maioria das vezes, não se levantam para além do murmúrio. Há algumas semelhanças talvez com “Curtains” e a utilização do xilofone e de coros em estilo soul lembram-me também o “Simple Pleasure”. Também encontra-se Dickon Hinchliffe (o violinista e responsável pela orquestração dos temas) mais presente na voz, uma voz mais límpida e “inocente” que a de Stuart, mas cujo o resultado não deixa de ser fiel ao som da banda. Além de cantar na já mencionada “Until the morning comes”, destaco também “Sweet memory”. Se uma primeira abordagem nos leva a crer que não há nada de novo a beleza única de cada uma das faixas ultrapassa esse complexo de querer inovação. Nada disso me preocupa. Como se diria noutra gíria qualquer, são valores seguros.
À medida que fui ouvindo mais o álbum e consegui destrinçar um pouco as letras (porque não há qualquer indicação na caixa do CD) não pude deixar de maravilhar com o lirismo destas. Entre todas a que gosto mais é de “My Oblivion”. Já ninguém utiliza palavras como oblivion para falar da totalidade do Amor. Quanto muito mergulha-se em oblivion tentado descrever esse estado de abandono fruto de um esquecimento forçado. Aqui “Ela é o meu esquecimento” uma inevitabilidade trágica. É do melhor que a banda fez nos últimos anos. Outro exemplo, a repetição incessante de "running wild" na última faixa que transmite uma sensação de claustrofobia.
O que torna os Tindersticks tão especiais é que cada atmosfera que criam, de gozo em “Just a Dog”, de loucura em “Running wild” à nostalgia de “Sweet Memory” tem essa combinação tão cuidada entre letra e orquestração. As palavras são pontuadas por todos esses extras que os instrumentos trazem. Seja do xilofone do “My oblivion”, a harmónica do “Just a Dog”, o piano repetitivo que descreve um movimento de uma espiral de “Running Wild”.
Não é preciso escrever muito mais, gostei muito.
Segunda feira às 23.15 o canal Arte da TV Cabo vai passar o “Trouble every day” de Claire Denis com banda sonora aqui dos rapazes (cortesia ali da Janela Indiscreta).
À medida que fui ouvindo mais o álbum e consegui destrinçar um pouco as letras (porque não há qualquer indicação na caixa do CD) não pude deixar de maravilhar com o lirismo destas. Entre todas a que gosto mais é de “My Oblivion”. Já ninguém utiliza palavras como oblivion para falar da totalidade do Amor. Quanto muito mergulha-se em oblivion tentado descrever esse estado de abandono fruto de um esquecimento forçado. Aqui “Ela é o meu esquecimento” uma inevitabilidade trágica. É do melhor que a banda fez nos últimos anos. Outro exemplo, a repetição incessante de "running wild" na última faixa que transmite uma sensação de claustrofobia.
O que torna os Tindersticks tão especiais é que cada atmosfera que criam, de gozo em “Just a Dog”, de loucura em “Running wild” à nostalgia de “Sweet Memory” tem essa combinação tão cuidada entre letra e orquestração. As palavras são pontuadas por todos esses extras que os instrumentos trazem. Seja do xilofone do “My oblivion”, a harmónica do “Just a Dog”, o piano repetitivo que descreve um movimento de uma espiral de “Running Wild”.
Não é preciso escrever muito mais, gostei muito.
Segunda feira às 23.15 o canal Arte da TV Cabo vai passar o “Trouble every day” de Claire Denis com banda sonora aqui dos rapazes (cortesia ali da Janela Indiscreta).