2003/09/12
Cinematic Orchestra – Man with the Movie Camera
Agora que a minha colega Sofia dedicou um post ao DVD de “Man with the Movie Camera”, aproveito a deixa para abordar um aspecto do mesmo sobre o qual ela não se alargou e que é, afinal, a “raison d’ être” da Corneta: a banda sonora!
O filme em si não se rege por qualquer guião, como disse a Sofia, trata-se apenas de um olhar sobre o quotidiano, que vai fluindo por diversos momentos/actividades. Talvez por isso se preste tão bem a bandas sonoras instrumentais, não sendo esta a primeira vez que é sujeito a um tratamento de renovação musical.
A proposta dos Cinematic Orchestra, assenta, a meu ver, numa dualidade espantosa entre moderno e antigo, que funciona aqui muito bem a dois níveis, o visual e o sonoro, não se tratando apenas de “música nova para um filme velho”. O filme é antigo, mas mantêm uma carga de actualidade e modernidade muito grande, enquanto a banda sonora é moderna, mas faz apelo a um jazz que mistura uma forte componente de elementos puramente orgânicos e acústicos com alguns elementos electrónicos, não tentando ser algo de cuting edge tecnológico, puramente electrónico (aqui estou a pensar em coisas como Kraftwerk, Future Sound of London, Orbital, etc... que também poderiam fazer uma leitura válida das mesmas imagens, mas que certamente resultaria muito diferente).
A banda sonora é uma daquelas peças que agarram o ouvinte e o seduzem desde a primeira audição, pedindo para ser ouvida uma e outra vez de seguida. Uma marca que a meu ver ajuda a distinguir os bons discos, e que está presente neste, é aquela sensação de descoberta constante, em que a cada nova audição se nota um detalhe brilhante em que nunca tínhamos reparado antes, ou a forma como a nossa faixa preferida vai mudando constantemente à medida que se conhece melhor o disco.
E no que é que consiste então a banda sonora? Num jazz puramente instrumental (as vozes eram na minha opinião a maior fraqueza de “Everyday”, anterior disco do grupo) que é a simbiose de uma ideia “moderna” de jazz: acústico, eléctrico, electrónico, muito fluído e a espaços dançável.
O disco tem também um certo carácter épico, oscilando entre momentos minimalistas e outros de grande intensidade, com mudanças de tom e de velocidade rítmica que acompanham as imagens do filme, mas que ainda assim fazem muito sentido quando se ouve o disco sem ter qualquer ideia das imagens que ele foi feito para acompanhar (como foi o meu caso, pois só bastante depois de ter o disco vim a ver o filme). De facto, há apenas 2 momentos no disco que se enquadram apenas no âmbito do filme e que seriam dispensáveis no CD: as 2 faixas iniciais (que duram apenas alguns segundos) e os “bleeps” electrónicos que acompanham “The Animated Tripod”, lá mais para o fim do álbum.
O CD é altamente recomendado. Pena tenho de não os ter visto a tocar esta música ao vivo, acompanhando a projecção do filme, no Porto, ou em Londres, ou em qualquer outro lugar... (como disse a Sofia, no Lux não destoava).
O filme em si não se rege por qualquer guião, como disse a Sofia, trata-se apenas de um olhar sobre o quotidiano, que vai fluindo por diversos momentos/actividades. Talvez por isso se preste tão bem a bandas sonoras instrumentais, não sendo esta a primeira vez que é sujeito a um tratamento de renovação musical.
A proposta dos Cinematic Orchestra, assenta, a meu ver, numa dualidade espantosa entre moderno e antigo, que funciona aqui muito bem a dois níveis, o visual e o sonoro, não se tratando apenas de “música nova para um filme velho”. O filme é antigo, mas mantêm uma carga de actualidade e modernidade muito grande, enquanto a banda sonora é moderna, mas faz apelo a um jazz que mistura uma forte componente de elementos puramente orgânicos e acústicos com alguns elementos electrónicos, não tentando ser algo de cuting edge tecnológico, puramente electrónico (aqui estou a pensar em coisas como Kraftwerk, Future Sound of London, Orbital, etc... que também poderiam fazer uma leitura válida das mesmas imagens, mas que certamente resultaria muito diferente).
A banda sonora é uma daquelas peças que agarram o ouvinte e o seduzem desde a primeira audição, pedindo para ser ouvida uma e outra vez de seguida. Uma marca que a meu ver ajuda a distinguir os bons discos, e que está presente neste, é aquela sensação de descoberta constante, em que a cada nova audição se nota um detalhe brilhante em que nunca tínhamos reparado antes, ou a forma como a nossa faixa preferida vai mudando constantemente à medida que se conhece melhor o disco.
E no que é que consiste então a banda sonora? Num jazz puramente instrumental (as vozes eram na minha opinião a maior fraqueza de “Everyday”, anterior disco do grupo) que é a simbiose de uma ideia “moderna” de jazz: acústico, eléctrico, electrónico, muito fluído e a espaços dançável.
O disco tem também um certo carácter épico, oscilando entre momentos minimalistas e outros de grande intensidade, com mudanças de tom e de velocidade rítmica que acompanham as imagens do filme, mas que ainda assim fazem muito sentido quando se ouve o disco sem ter qualquer ideia das imagens que ele foi feito para acompanhar (como foi o meu caso, pois só bastante depois de ter o disco vim a ver o filme). De facto, há apenas 2 momentos no disco que se enquadram apenas no âmbito do filme e que seriam dispensáveis no CD: as 2 faixas iniciais (que duram apenas alguns segundos) e os “bleeps” electrónicos que acompanham “The Animated Tripod”, lá mais para o fim do álbum.
O CD é altamente recomendado. Pena tenho de não os ter visto a tocar esta música ao vivo, acompanhando a projecção do filme, no Porto, ou em Londres, ou em qualquer outro lugar... (como disse a Sofia, no Lux não destoava).